Mesmo com a apresentação de novas tecnologias e soluções para a indústria, o foco da 33ª edição da Mercopar, que segue até sexta-feira (18), é a geração de negócios. Seja na exposição ou com ações como o projeto comprador, as empresas participantes buscam contatos que podem ser um passo importante para o desenvolvimento das companhias. A feira, assim, serve como um acelerador de conexão, nem sempre possível no dia a dia.
Essa é a percepção de Letícia Meyer, 37 anos, Ceo da Fibermeyer, de Sapucaia do Sul. Ela explica que a empresa começou a apresentar um crescimento "muito exponencial" a partir de 2020 e 2021, justamente quando a presença em feiras foi reforçada. A partir de então, acordos importantes de fornecimento foram fechados, como no ano passado, quando o negócio, que trabalha com a solução com fibras de vidro, tornou-se fornecedor de duas empresas internacionais (no Uruguai e Peru). Antes, graças a participação na Mercopar, os negócios haviam sido gerados também com uma multinacional do ramo de fertilizantes.
— Às vezes, na parte comercial, leva semanas ou meses para conseguir sentar na frente de pessoas que são compradores de grandes empresas. Através desse projeto, a gente já conseguiu gerar negócios com grandes empresas — revelou Letícia, que faz parte da segunda geração da família que comanda o negócio.
A empresa, que completará 46 anos no mês que vem, celebra ainda o apoio do Sebrae, um dos organizadores da feira de Caxias, como uma das alavancas para a expansão em vendas. Uma prova disso é que a Fibermeyer foi indicada na categoria Indústria no Top de Marketing da ADVB/RS, neste ano.
— O Sebrae deu todo o suporte quando éramos uma empresa pequena. Hoje, nós não somos mais pequenos. E desde o início, assim, com a consultoria de estruturação comercial, já tivemos consultorias de gestão de pessoas — celebra Letícia.
Salão de Negócios
O Projeto Comprador, que ocorre no Salão de Negócios durante a Mercopar, é uma das iniciativas que fortalecem a geração de negócios. Nesse espaço, fornecedores do Estado e de outras regiões, podendo ser também micro e pequenas empresas, ganham a oportunidade sentar-se à frente de grandes empresas nacionais e internacionais.
Nesta edição, cerca de cinco mil agendas devem ocorrer no espaço. Aproximadamente 1,2 mil empresas inscreveram-se para apresentarem-se para 190 compradores, que são do RS, de outros estados e da América Latina. O analista de competitividade setorial do Sebrae RS, Jakson da Luz, avalia que o grande diferencial da iniciativa é aproximar diferentes perfis de empresas.
— Para as grandes empresas também é muito interessante porque acabam se conectando com diversas empresas que também não conseguiria chegar. Então essa aproximação, essa leitura de demanda e oferta de oportunidades de negócios em outros estados ou em outras cidades do Rio Grande do Sul, com pequenas empresas no Rio Grande do Sul, é o grande diferencial.
Quem reconhece a importância do Salão de Negócios é o diretor comercial Denwer Santos, 39. Ele participa da iniciativa desde 2022 com a Soldin Engenharia, de Canoas, uma empresa de engenharia de soldagem e inspeção. Ano passado, na feira, um negócio importante foi fechado com uma empresa internacional.
— Muitas vezes tu tens só a conversa por telefone ou WhatsApp, mas aqui, pessoalmente, a gente conseguiu falar com eles — relata Santos.
Contato com empresas de grande porte
A iniciativa, assim como a feira, é bastante celebrada pelas empresas. Uma prova disso são aqueles que retornam diversas vezes para prospectar ou até buscar novos acordos. Um caso é de Hamilton Pinto, 66, proprietário da HP Parafusos. A empresa tem 25 anos e desde 2004 participa da Mercopar. Neste cenário que aproxima conexões, o empreendedor de Canoas teve contato com compradoras como a Petrobras, ainda no tempo em que a plataforma de petróleo de Rio Grande ainda estava sendo construída. A obra foi inaugurada em 2008.
— Hoje atendemos o Brasil inteiro, desde Macaé, Espírito Santo, Minas Gerais, até para Manaus. Já mandamos material para a América Central também. Tudo isso através das rodadas do Sebrae — detalha Pinto.
"Estratégias que dá frutos", diz empresário
Além do consolidado Projeto Comprador, que traz um contato direto entre diversas empresas, o analista do Sebrae, Jakson da Luz, comenta que o "match" nos negócios pode ocorrer também nos estandes e até mesmo pelos corredores da feira. Pela primeira vez participando das agendas no Salão de Negócios, o diretor da Bahri, Ricardo Araújo, 46, diz que não abre mão do estande. Para o empresário, o estande próximo é uma oportunidade de demonstrar as soluções para além das mesas de negociação com horário marcado. No caso da Bahri, de Joinville, a atuação é com serviços e produtos para hidráulica:
— Às vezes você tem mais assunto, você quer demonstrar mais, aí o estande aqui próximo é uma mão na roda. Então é um casamento muito bem feito, muito bem elaborado, uma estratégia que o Sebrae pensou e que realmente dá frutos.