Assim como uma máquina, que depende de inúmeros parafusos e engrenagens que trabalhem em conjunto para funcionar, empresas que buscam alcançar um determinado objetivo precisam estar alinhadas com cada setor e, principalmente, com cada colaborador, para chegar ao objetivo que almejam no mercado. Para isso, cursos de gestão e desenvolvimento empresarial são apostas oferecidas por diferentes instituições da Serra, com opções voltadas para aqueles que querem começar o próprio negócio, microempreendedores e até executivos que atuam há anos no mercado.
Com o avanço gradativo da inteligência artificial (IA), além dos postos de trabalhos estarem sendo ocupados cada vez mais pela geração Z, os tradicionais assuntos, como estratégias, sustentabilidade e gestão de pessoas, ganham novos tópicos de abordagem entre as instituições. As mudanças gradativas exigem que as empresas estejam atualizadas.
De acordo com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), atualmente, as empresas têm buscado implementar práticas organizacionais com pilares como sustentabilidade, novas tecnologias e o popular ESG (environmental, social and governance), que em tradução livre significa ambiental, social e governança. Isso ocorre não somente em razão dos avanços constantes, mas também em decorrência da mudança nos consumidores e no perfil dos funcionários das corporações.
Conforme explica Rafael de Lucena Perini, doutor em Administração, coordenador do curso de Administração EaD, professor de graduação e pós-graduação da Universidade de Caxias do Sul (UCS), os cursos voltados para melhorar o ambiente organizacional das empresas são essenciais para que ocorram mudanças positivas nos negócios. Perini coordena a reestruturação do Executive Program da UCS, que está em processo de atualização e voltará para o mercado ainda este ano com o nome Transformational Executive Program.
— É preciso reforçar a cultura de transformação nas lideranças e de mudança. Essa mudança é no modo de pensar e de agir da gestão. No curso da UCS, por exemplo, executivos sênior, lideranças empresariais, altos executivos e empreendedores, aqueles que estão gerenciando empresas, aprendem, na prática, sobre os desafios da nova gestão, da gestão moderna. Nele, falamos sobre sustentabilidade, governança, ética, inteligência artificial e novas tecnologias. É um curso voltado para gerar uma integração entre universidade e empresas — explica o professor.
Diferentes gerações no mercado de trabalho
Ainda segundo o professor Rafael Perini, uma nova situação presente nas organizações é a mudança nas gerações. Com a chegada da geração Z em mais postos de trabalho, é preciso que as companhias tenham métodos atualizados para manter os cargos ocupados e não percam os profissionais para concorrentes.
— Existe uma necessidade de equalização de expectativas e realidade entre as gerações. As gerações mais antigas têm uma expectativa de como o funcionário vai trabalhar, que é diferente do pessoal que está chegando agora. Os jovens têm uma expectativa diferenciada no mercado de trabalho e os líderes precisam entender essas mudanças. Essa geração passou por dois anos de pandemia, entrou conhecendo a modalidade do home office, então a forma de trabalho, o ambiente de trabalho e o comportamento são diferentes. Por isso, com os cursos, é possível mostrar como fazer essa transição, para que não ocorra um conflito de gerações dentro do ambiente de trabalho — explica Perini.
Conforme informações do Relatório de Clima & Engajamento, jovens de 18 a 24 anos – a chamada geração Z – ficam cerca de nove meses em uma mesma empresa. Já trabalhadores de gerações anteriores costumam permanecer no mesmo emprego por ao menos dois anos, em média. Isso está atrelado às condições de trabalho oferecidas dentro das corporações.
Conforme Perini, para o bom andamento de uma empresa, é essencial que os treinamentos sejam feitos e repassados para dentro de cada setor. Dessa forma, com cada área alinhada às boas práticas, as empresas podem se desenvolver de uma forma mais eficiente e eficaz.
No curso da UCS, voltado para líderes sêniores, as aulas abordam ainda a implementação de novas tecnologias e como cada gestor pode repassar os conteúdos estudados em cada setor da empresa. Segundo o professor, a mudança do curso terá aulas ministradas em nove módulos de 10 horas, de forma presencial. Depois de concluída a primeira etapa, os líderes recebem 30 horas de mentorias ou atividades, que totalizam 120 horas de conteúdo.
O novo método de ensino começa em novembro deste ano e as inscrições podem ser feitas pelo site da universidade.
Empreendedores em foco
Para viabilizar os conteúdos procurados por empresários da Serra, a Árete Escola de Negócios de Caxias do Sul iniciou os trabalhos neste ano. As aulas, oferecidas em cinco turmas de até 25 pessoas em cada, estão alinhadas à busca de executivos e empreendedores por materiais que auxiliem o crescimento de si e das próprias empresas.
— A gente fala de empreendedorismo e de negócios. Sabemos que tem outros programas no mercado, com foco em desenvolvimento pessoal e liderança, mas sentimos falta de um programa onde os líderes são o foco. Os empresários e executivos encontram um programa onde o valor próprio deles e o valor do próprio negócio estão em pauta. Abordamos cenários macroeconômicos, mostramos as tendências, falamos de gestão estratégica e financeira, cultura, governança, sucessão, clientes. Também falamos de produtividade e inovação — conta a diretora da Árete, Fabíola Saretta.
Para que todos os conteúdos sejam pautados enquanto o espaço físico da Árete está em desenvolvimento, as aulas são ministradas fora das salas tradicionais, por professores e convidados do Estado e de outros lugares do país e do mundo. A previsão é de que, a partir do ano que vem, os conteúdos sejam oferecidos em um espaço físico próprio da escola. As aulas oferecidas pela Árete são destinadas para empreendedores que já atuam no mercado ou estão começando o próprio negócio, e as inscrições podem ser feitas online.
— Em sala de aula a gente cria um ambiente muito bacana, tivemos encontros em vinícolas parceiras e lugares que são acolhedores e próprios para que as aulas sejam uma conversa de troca. Os executivos fazem networking, se desenvolvem e fazem negócio. Também fazemos programas em company, com a possibilidade de imersões, uma está em andamento agora, onde vamos fechar um programa de aulas com uma imersão na Itália, então é um programa rico em conteúdo, troca e imersão em todos os sentidos — reforça a diretora.
Gestão entre os negócios do setor metalmecânico
Além da recém-chegada no mercado Árete, outra proposta de cursos é oferecida pelo Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias e Região (Simecs), voltada para gestores de empresas que são associadas. O curso Gestão Fácil tem conteúdos abordados por até três meses, em turmas compostas por uma média de 20 pessoas. O foco das aulas está em auxiliar no desenvolvimento e crescimento das empresas.
Segundo explica o presidente do Simecs, Ubiratã Rezler, desde que foi aberto, em 2020, mais de cem empresas já participaram. Ao todo, companhias de 27 cidades da Serra podem se inscrever e conferir os materiais.
— O curso é uma oportunidade para que os empreendedores possam organizar de uma forma melhor as próprias empresas, principalmente com uma visão de competitividade, melhoria de performance e tomadas de decisão. A gente tem aulas de vendas, marketing, falamos sobre a parte financeira, gestão e planejamento. São conteúdos abordados para que haja mais competitividade e para que, em conjunto, sejam encontradas novas abordagens, decisões rápidas e sejam encontradas formas de fazer novos negócios — conta Rezler.
Comumente divulgado em eventos feitos pelo Simecs, o curso de Gestão Fácil aborda temas como gestão orientada para resultados e a presença das companhias no mercado internacional. As aulas são ministradas na própria sede do Simecs, em Caxias do Sul.
— Temos cerca de 4,5 mil empresas na nossa base e sabemos que este é um universo muito grande onde o empresário precisa de apoio. Esse é um ponto bastante crucial, entender que é preciso de ajuda dentro dessas companhias. As empresas não são perfeitas e, se o empresário tem dificuldades para agir, o curso impulsiona na questão de gestão e, consequentemente, no crescimento da empresa — afirma Rezler.