Duas miniempresas da Serra estão entre as representantes do Rio Grande do Sul na etapa nacional de um projeto desenvolvido pela ONG Junior Achievement (JA) ao redor do mundo. As empresas WOW Spray, da Caminho Rede de Ensino, de Caxias do Sul, e Sinta-se Pomadas, do Instituto Federal do Rio Grande do Sul, de Bento Gonçalves, além da Achei, de Porto Alegre, foram escolhidas em uma seletiva com 16 projetos do Estado.
As duas miniempresas da região enviaram relatórios e um vídeo pitch para a JA Brasil — pitch é uma apresentação curta com o objetivo despertar o interesse de um cliente. O anúncio dos finalistas nacionais ocorre no dia 2 de setembro. A grande disputa pelo título nacional está marcada para o dia 8 de outubro, no Piauí, e a etapa internacional América, com os destaques de cada país participante, será realizada em Montevidéu, no Uruguai, no dia 3 de dezembro.
De acordo com Cleber Bossle, diretor na CIC Jovem e coordenador do Programa Miniempresa, a experiência dos jovens vai desde definir o nome da empresa e o produto a ser desenvolvido até a produção, vendas e relatórios.
— Eu vejo a importância e a necessidade de levarmos para os nossos jovens a visão do que é empreender. Porque, na grande maioria das vezes, o nosso método de ensino tradicional acaba produzindo bons empregados. Empreender é algo que desafia bastante os jovens — explica.
Os alunos viram achievers (termo em inglês para empreendedores) e precisam criar o negócio do zero. Para isso, durante encontros, ganham conselhos de quatro mentores, chamados de advisers (termo em inglês para conselheiros). Estes mentores são profissionais das áreas de finanças, marketing, produção e recursos humanos, que são voluntários no programa.
— O programa busca inspirar eles a conhecerem mais sobre o que é empreendedorismo e entenderem que empreender não é um bicho sem cabeça. Mas que é um desafio. E que se eles realmente quiserem se entregar a esse desafio, é possível — resume Cleber.
"A gente não tinha ideia da grandiosidade que é uma empresa"
Quando escolheu integrar o projeto miniempresa, a estudante do 2º ano do Ensino Médio da Rede Caminho Sara Censi não tinha noção de todos os processos que envolvem uma empresa.
— A gente não tinha ideia da grandiosidade que é uma empresa. Fomos aprendendo ao longo do caminho. E acho que agora todo mundo tem pelo menos uma ideia de como funciona uma empresa. Como resolver os problemas que acontecem. Ajudou muito a gente a compreender o meio empresarial — reflete.
A WOW Spray, empresa desenvolvida pelo grupo de 26 alunos, é uma das selecionadas para a etapa nacional do projeto. O produto desenvolvido foi um spray que desamassa roupas sem a necessidade de fonte de calor.
— Fizemos 17 testes diferentes pra conseguir chegar no melhor resultado de fórmula. A gente elaborou várias estratégias, como o manual de vendas dos nossos representantes. Todos tinham treinamento do que falar, destacar pontos positivos do nosso produto — explica a presidente da miniempresa, Gabrielle da Silva.
Agora, na seletiva nacional, o grupo produziu um vídeo pitch sobre a miniempresa e aguarda a definição das três miniempresas que representarão o país na etapa latino-americana.
— Quando a gente soube que estávamos na etapa nacional, todo mundo pulou e comemorou, porque estávamos muito nervosos. Acho que é muito gratificante ser reconhecido por tudo o que a gente fez. A nossa expectativa é sempre maior, a gente sempre quer conquistar o maior prêmio de todos — pontua o diretor financeiro, Luís Mollinetti.
"Todo o esforço da equipe fez a gente chegar onde a gente está"
Unir os conceitos aprendidos no curso técnico em administração, trabalho em equipe e a criatividade foram os desafios dos estudantes do IFRS de Bento Gonçalves, que desenvolveram a miniempresa Sinta-se Pomadas, com cremes naturais a partir da aromaterapia.
— É um mercado que já está crescendo bastante na região e foi daí que veio a nossa ideia de produto. É bem simples, com óleo de coco, cera de abelha e óleos essenciais — explica a presidente da Sinta-se, Júlia Fagundes.
A expectativa, agora, pela etapa nacional é positiva, principalmente no quesito de aprendizado e empenho em equipe:
— Estou me sentindo muito feliz. Todos os alunos se empenharam bastante. Eu diria que todo esse esforço no conjunto da equipe fez a gente chegar onde a gente está. A gente não ia conseguir fazer isso sozinho. Estou muito feliz que a gente esteja passando de fase. Quanto mais etapas a gente passar, melhor ainda — projeta Júlia.
A experiência, segundo a diretora financeira da miniempresa, Kellen Bender, contribui tanto para aqueles alunos que já pensavam em empreender no futuro, quanto para aqueles que fazem curso técnico em administração.
— Muitos alunos entram no curso de Administração sem saber o que fazer, porque serve para tudo. E depois da miniempresa, a gente viu a possibilidade de levar a empresa a diante. Acredito que influencia nossas decisões para o futuro. Eu, pessoalmente, sempre tive o desejo de ter uma empresa própria e essa experiência me fez perceber como que difícil. Agora, eu admiro muito mais os empreendedores — afirma Kellen.