Começou nesta terça-feira (23), em Bento Gonçalves, a 15ª Envase Brasil, feira internacional de máquinas, equipamentos e insumos voltada para o segmento de bebidas e alimentos. O Parque de Eventos do município (Fundaparque) foi tomado por expositores com soluções para otimizar a fabricação de produtos que vão de bebidas a cosméticos. São negócios como de máquinas ou robôs, reservatórios e até tampas e rolhas. De acordo com o Centro de Indústria e Comércio (CIC) do município, novo organizador do evento, a projeção é de que R$ 120 milhões sejam gerados em negócios. A feira segue até quinta-feira (25) e deve receber 10 mil pessoas.
— Cerca de 44% das empresas de envase são gaúchas e nós estamos com 11% de relevância só em Bento Gonçalves. Quando falamos de Bento, Caxias do Sul e região, é praticamente tudo daqui, em um raio de 60 quilômetros. Então, o setor representa no Estado 2,4 mil empresas e 70 mil empregos diretos. É um setor que merece essa evidência. A questão de tecnologia, eu diria que as empresas mais inovadoras estão aqui conosco — destaca a presidente da entidade, Marijane Paese, em entrevista ao Gaúcha+, transmitido no próprio evento.
Ao tratar de tecnologia, até mesmo uma interação com novidades pode ser vista na feira. A Dalca Brasil, por exemplo, traz o robô de serviços Beto, que circula pelo estande da empresa e mostra como pode ser útil para quem precisa de atendimento, como restaurantes. Para a reportagem, o robô chegou a emitir um som pedindo licença, já que ela estava no caminho dele.
Marijane também lembra que a feira é uma oportunidade para médias e pequenas empresas, além das grandes que costumam expor em outros eventos. Na Envase Brasil, o que se nota é que visitantes e os 135 expositores, alguns de primeira viagem, estão animados para fechar negócios e novas parcerias.
Novos horizontes
Os expositores da Envase não são apenas locais. Pela primeira vez no país, a empresa Correia Cork, de Portugal, busca entrar no mercado do Brasil. Como explica o fundador Luis Correia, o negócio, aberto em 2003, é especializado no trabalho com cortiça, um material vegetal encontrado na casca do sobreiro, uma das árvores mais encontradas no país europeu.
Com a matéria-prima, a Correia Cork fabrica rolhas de cortiça natural para vinhos e outras bebidas. A fábrica tem clientes no México, que trabalham com a produção de tequila, por exemplo.
— O principal objetivo é que conheçam o nosso trabalho e a nossa marca. O segundo objetivo é conquistar algum cliente final, que confie em nós — diz Correia.
Em Portugal, a fábrica trabalha desde a coleta da cortiça até o tratamento para produção. O negócio também vende a matéria-prima para terceiros.
O objetivo de conquistar um novo mercado na Serra é o mesmo da paulista Provtec. Especialista em soluções para diversos segmentos, com venda de equipamentos e máquinas, a fabricante busca a feira para apresentar a marca. No estande, um robô criado para agilizar e otimizar o empacotamento chama a atenção dos visitantes.
— No ano passado participamos de uma feira em São Paulo e, neste ano, resolvemos vir para trazer a marca, para que eles conheçam o que podemos fornecer — conta o coordenador de vendas Rodrigo Costa, 44 anos.
Expectativa entre visitantes
Não é apenas quem expõe na feira que tem expectativas de negócio. De Porto Alegre, o gerente de produto Rudnei Amaral, 38, aproveita a Envase para prospectar novos parceiros. Trabalhando com a linha de correntes e rodas dentadas, Amaral conta que os itens são geralmente fornecidos para projetos específicos. Assim, a feira vira o primeiro contato com potenciais parceiras.
— Tem muitos que já são nossos clientes. Mas, como tem muita gente de fora, procuramos também conquistar novos clientes — comenta o gerente de produto.
Tecnologia local na Envase
Há 38 anos no mercado, a empresa Ricefer, de Garibaldi, é mais uma participante de primeira viagem da Envase. O negócio é especializado em reatores para processo de diversos segmentos, como alimentos, bebidas, cosméticos e farmacêuticos. O consultor comercial Micael Scaravonatti, 29, explica que o equipamento, que é uma espécie de reservatório, faz parte do processo de produção anterior ao envase.
É ali que, geralmente, o líquido do produto fica estocado. Para a Envase Brasil, a Ricefer trouxe uma novidade voltada para a sustentabilidade. Em parceria com uma empresa italiana, o equipamento consegue realizar uma conversão hidrotérmica.
— É basicamente transformar os resíduos orgânicos em subprodutos. Podem ser gerados fertilizantes, por exemplo. É um nicho que consegue atender diversos segmentos — completa o consultor.
Espaço para as cervejas
Por mais que a feira seja voltada especialmente ao metalmecânico, muitos dos produtos finais destes negócios são as bebidas. Por isso, em paralelo a Envase Brasil, a Fundaparque recebe a Copa Sul-Americana de Cervejas.
Nela, 950 rótulos são avaliados por 48 jurados. O concurso, registrado pelo Beer Judge Certification Program (BJCP), tem espaço próprio na Envase Brasil e ocorre também de terça a quinta-feira (25). É a segunda edição da competição. O organizador Fabrício Scalco lembra que o Estado tem destaque na produção de cervejas e na quantidade de cervejarias, o que faz ainda mais sentido sediar o concurso:
— Buscando essa conexão, de tecnologia, de conhecimento, de inovação com esses países também em relação à cerveja. A Copa se propõe no sentido de fomento mesmo, de valorizar as boas cervejas da América Latina e, principalmente, sul-americanas e dar visibilidade para esses produtores que fazem com muita paixão, com muito amor sua cerveja e que merecem o destaque de um grande evento.