As soluções criadas em Caxias do Sul para a mobilidade elétrica contribuíram para que o município sediasse, nesta sexta-feira (23), no Instituto Hélice, um encontro regional do South Summit Brazil 2024, evento que ocorre de 20 a 22 de março, no Cais Embarcadeiro, em Porto Alegre.
A terceira edição do evento nacional promoveu neste ano dois encontros no interior do Estado como forma de apresentação e preparação. O primeiro deles, em Pelotas, reuniu cerca de 150 pessoas. Na Serra, nesta sexta, com a presença da secretária estadual de Inovação, Ciência e Tecnologia, Simone Stülp, um painel temático destacou a vocação da cidade para criar soluções de mobilidade.
— Caxias se coloca desde a primeira edição com o desejo de receber uma fatia do South Summit por conta da potência da sua indústria. Mobilidade é uma linha em que a cidade se dedica nos últimos anos e cria diversas oportunidades para se tornar líder neste setor — sustentou a secretária Simone Stülp.
Com oito ônibus elétricos já comercializados para a cidade de Porto Alegre, a empresa caxiense Marcopolo contribuiu para alimentar o ecossistema de inovação que vibra a cada nova parceria e utilização das novas tecnologias. Presente no evento, o gerente de estratégia da Marcopolo, Rodrigo Bisi, enxerga 2024 como a virada de chave para o setor de mobilidade elétrica no Brasil:
— Temos a Marcopolo Next, que difunde essa cultura de inovação dentro da empresa, e, dentro desse escopo, buscamos soluções em parceria com startups. Estudamos a combustão por hidrogênio e também testamos modelos híbridos. Apostamos muito nisso e vemos o Brasil bem atrasado em comparação ao resto do mundo. Próximos a nós, países como Chile e Colômbia já têm uma frota grande, por exemplo. Esse deve ser o ano da virada, para perder o medo e investir forte nisso.
De ônibus a bicicletas
Tendência sustentável de mobilidade, o uso da energia elétrica em veículos não se resume apenas em ônibus ou automóveis. Caxias do Sul também incuba novidades na chamada micromobilidade, que desenvolve soluções em patinetes e bicicletas.
Desde 2019, Diori Lovatto Ricaldi estuda o mercado para identificar onde e de que forma investir. Viajou para identificar tendências, mapeou concorrentes e, quando descobriu o nicho que trabalharia, criou a E-tropical, que, com componentes nacionais e importados, desenvolve bicicletas elétricas.
A primeira linha, que resgata designs consagrados de mobiletes e motocicletas Harley-Davidsons, foi apresentada no aquecimento para South Summit realizado em Caxias.
— É um mercado em ebulição, e eventos como este reúnem pessoas muito qualificadas que são também influenciadores. Ganhamos formadores de opiniões e early adopters, que são pessoas que adotam a ideia porque gostam de testar a tecnologia — disse.
Metodologia inovadora
Para provar que inovação não se faz apenas com tecnologia, a Escola Família Agrícola da Serra Gaúcha (Efaserra) foi convidada pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural a apresentar um case em um painel que vai tratar sobre a pedagogia de alternância praticada pela escola.
Exemplo de inovação educacional, a Efaserra importou uma metodologia francesa, utilizada pela primeira vez no Estado em Santa Cruz do Sul. Os mais de 260 jovens, vindos de 35 municípios, estudam uma semana na escola e passam outra semana na propriedade para implantar o que aprenderam.
— Os pais queriam um estudo que fosse voltado para agricultura. O mundo pensa muito no jovem urbano, mas precisamos pensar na permanência do jovem no campo, e assim trouxemos a metodologia para Caxias do Sul. Alternamos as semanas na escola com duas turmas de primeiro e duas de terceiros anos, e na outra semana com três de segundo e uma de primeiro ano. Lá eles fazem também o Técnico em Agropecuária — explicou o diretor da Efaserra, Israel Matté.
A implantação da metodologia e o pensamento sobre uma nova ótica para a educação conversam com os objetivos do South Summit em um conceito de “pensar fora da caixa”.
— Quando falamos de inovação, estamos falando de avanços tanto em produtos, quanto processos e serviços. A escola pensa na implantação de uma nova metodologia e pensa sob a ótica da inovação, inclui conhecimento e trabalha com aspectos vinculados a criatividade. É um ótimo exemplo — comentou a secretária Simone Stülp.
O case da Efassera foi um exemplo de adaptação às mudanças e elaboração de soluções para uma educação criativa que atraia o jovem a permanecer no campo.
Inovação, para o Ceo da South Summit Brazil, Thiago Ribeiro, é a forma como os gestores se adaptam aos desafios e a metodologia.
— É muito comum confundirem inovação com tecnologia, mas ela é só meio, a inovação é a forma como fazemos as coisas. O tema do agronegócio é muito forte no nosso Estado e esse ano ganha uma dimensão maior por conta do clima. Sabemos o quanto sofremos com questões climáticas que afetaram o setor, e essas discussões precisam passar pela discussão de inovação. Trazer o evento para Caxias era um grande sonho. Acreditamos em um evento supercompartilhado e conectado com os ecossistemas. Estar aqui é muito representativo — afirmou Ribeiro.
O South Summit
A terceira edição do evento já tem 85% das obras prontas e espera receber até 25 mil participantes entre os dias 20 a 22 de março, no Cais Embarcadeiro, na Capital. A área total foi ampliada para 38 mil metros quadrados, e em 2024 terá na abertura o empresário israelense Uri Levine. Referência no mundo da inovação, Levine teve participação importante para que as startups Waze e Moovit se tornassem unicórnios (quando empresas nascentes atingem valor de mercado acima de US$ 1 bilhão).
Para participar
Os ingressos para o South Summit Brazil 2024 seguem à venda no site oficial do evento. São três categorias: Attendee (R$ 799), Business (R$ 3.699) e Executive (R$ 5.299).
O evento também disponibiliza lotes corporativos com descontos, para grupos maiores.
A programação pode ser conferida aqui.