O desempenho econômico de Caxias do Sul no mês de julho fechou em - 2,8%. Os índices foram divulgados nesta manhã de terça-feira (12), na Câmara de Indústria Comércio e Serviços (CIC Caxias) . A indústria foi o setor que puxou a queda, com - 6%, se comparado com o mês de junho. Já o comércio e os serviços apresentaram alta de 2,1% e 0,2%, respectivamente. No acumulado dos últimos 12 meses a indústria também está em queda, somando -1,9%. Mas o declínio não impacta as atividades econômicas nos últimos 12 meses, que crescimento 5,7%, sendo que os serviços registraram alta de 17,8% e o comércio, de 8,2%.
*O quadro reúne os dados resultantes de diversos levantamentos, que analisam cada setor com base na respectiva representatividade na economia do município, por isso não cabe neste quadro fazer o cálculo dos valores das colunas para se obter o resultado final do respectivo mês em questão.
O economista da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Caxias do Sul, Mosár Leandro Ness, explica que a queda na economia caxiense no mês de julho se deu em virtude da desaceleração de compras:
— Há um recuo nas compras, não há garantia de investimentos, os setores que tinham encomendas, como o transporte, deu uma segurada. O produtor agrícola está se preparando para a nova safra e não tem garantias de investimento. Então, a preocupação segura a demanda e as fábricas precisam reduzir as respectivas produções.
Para o empresário e membro da Diretoria de Planejamento, Economia e Estatística da CIC Caxias, Astor Milton Schmitt, apesar dos números negativos do respectivo mês, a indústria não está em crise, mesmo estando com os índices de compras e vendas também recuados no mês de julho. As compras foram de -16,1% e as vendas, -15,5%:
— A indústria segue operando em um nível aceitável e não tem nenhuma dificuldade séria em vista. Então, no entorno de curto prazo e mais local, a nossa indústria está em um patamar aceitável.
Indústria perde espaço no PIB
Entretanto, em um contexto mais amplo, analisando o Brasil e patamares a longo prazo, segundo Schmitt, a indústria perde espaço. O empresário, que também é acionista da Randoncorp, compara que na década de 1980, o setor industrial chegou a representar cerca de 36% do Produto Interno Bruto (PIB). Porém, neste ano, está no patamar de 12%. Ou seja, "representando uma queda de um terço de importância" na visão do empresário.
O desempenho da economia também mostrou que o Brasil cresceu em julho nas exportações, em 9,8%, se comparado com junho, e decaiu nas importações, com -23%. Porém, segundo os empresários que apresentaram os dados, os brasileiros importam produtos prontos e exportam componentes, o que não é positivo na visão do segmento. A longo prazo, o Brasil vai sentir os impactos desta perda de espaço na indústria, por isso precisa, segundo Schmitt, investir em competitividade.
— O crescimento está relacionado ao capital humano, educação, que o arrocho tributário parasse, que a reforma tributária em curso desse um sinal de aliviar o peso tributário que a indústria carrega, e vamos ter que melhorar nossa infraestrutura, que torna os nossos custos logísticos enormes — avalia o empresário.
Em complementação, durante a coletiva da CIC, o vice-presidente da instituição, Ruben Bisi comentou que buscou dados junto à Universidade de Caxias do Sul (UCS), de que as pessoas estão buscando cada vez menos capacitações em cargos da indústria. Bisi informou que a UCS formou 13 mil advogados, 9 mil administradores e apenas 5 mil engenheiros, ou seja, a cada um engenheiro, há um advogado em uma cidade. Por isso, ele fez um chamamento aos jovens que voltem a buscar capacitações junto a instituições formadoras como o Senai, por exemplo.
Mercado de trabalho
Caxias do Sul fechou o mês de julho com um estoque de 161.084 empregos. Porém, houve a redução de 250 postos de trabalho na somatória entre 6.863 admissões e 7.113 desligamentos. A indústria fechou 407 vagas e a agricultura outras 33. O setor de serviços apresentou a maior leva de aberturas de novas vagas com 119, seguido de comércio com 54 e 17 na construção civil. Pelos dados do desempenho da economia, é possível perceber que, em 2023, ao contrário do ano passado, o crescimento da economia tem sido maior do que o do mercado de trabalho.
Mosár Ness afirma que essa instabilidade nas vagas da indústria causa preocupação nos segmentos de comércio e serviços. Na visão dele, é preciso aguardar o que a indústria vai variar nos próximos meses para garantir o crescimento do comércio, já que as vendas nas datas comemorativas de fim de ano são mantidas, se os caxienses tiverem com a vida financeira estabilizada.
Outro dado apresentado é em relação à inadimplência, que subiu 2,37% neste mês de julho, em comparação com o mês passado. Já para os serviços há uma estabilização maior, onde os empresários estão aproveitando a retomada pós-restrições da pandemia.
— A gente está crescendo em uma velocidade menor, se comparado com 2022. Em 2023 temos um crescimento real, já que a parada da pandemia fez as movimentações anteriores parecerem astronômicas. Os índices de agora servem como base para os próximos meses. Nisso, percebemos que cada segmento precisa achar o seu lugar para juntos formar o crescimento da economia — afirma ele.