Um segundo semestre positivo para os micro e pequenos negócios é o que apontam os índices divulgados pelo Sebrae acerca de uma pesquisa realizada com 405 empreendedores gaúchos no mês passado. O levantamento, que também ouviu microempreendedores individuais (MEIs) do comércio, serviço, indústria e agronegócio, indicou que 37% dos empresários pretendem expandir os respectivos negócios, seis pontos percentuais a mais do que na pesquisa anterior, realizada em março e abril de 2023. Realidade que se reflete também na Serra, segundo avaliação da direção do Sebrae regional.
Outro índice que chama a atenção é o de respondentes que tiveram aumento de faturamento: 17%. Segundo o Sebrae, trata-se do maior percentual do ano frente aos 15% e aos 10% registrados nos dois últimos bimestres, respectivamente. Ainda entre os dados do levantamento, 37% dos entrevistados se dizem "satisfeitos". Em uma régua que também inclui "animados" (22%) e "aliviados" (8%), porém, o índice de "aflitos", que relatam ainda ter dificuldade com o negócio, é o segundo mais incidente, com 33% do resultado.
Apesar das dificuldades presentes entre negócios do comércio, por exemplo, impactado por fatores como o nível da inadimplência, ou mesmo da energia solar, que teve recuo no RS após crescimento acima da média em 2022, o levantamento estadual reflete o cenário da Serra, conforme avalia o gerente regional Serra do Sebrae RS, Gustavo Rech:
— Circulando pela Serra, nos deparamos com setores que não estão tão otimistas assim, mas, na média geral, se percebe essa expectativa positiva para o segundo semestre. É um período no qual sempre se vê um volume maior de negócios. No nosso caso regional, o inverno é algo que movimenta muito o turismo, um setor que puxa serviços, gastronomia, hotelaria... — avalia Rech.
Do crescimento entre 7% e 10% esperado pelo empresário Leandro Ancewski, 46, para a Indústria de Móveis Ancezki, da qual é sócio, o maior montante é esperado para este segundo semestre. Até o momento, a empresa que tem sede em Bento Gonçalves já atingiu 4% de aumento no faturamento em relação ao ano passado.
— O polo moveleiro, em geral, tem mais crescimento no segundo semestre, quando há um incremento nas vendas para famílias que querem melhorar o visual de suas casas. Trabalhamos com coleção semestral, e agora em setembro teremos um lançamento, algo que agrega visibilidade — afirma Ancewski.
A empresa, que tem como público a própria indústria e lojistas de alta decoração, mantém a produção artesanal com peças exclusivas. Por conta desta característica, mesmo comercializando para todo o Brasil e outros 14 países, mantém uma média de 200 clientes. A expansão, no entanto, está nos planos e se refere à abrangência geográfica.
— Estamos trabalhando para vender para outros mercados: Oriente Médio e África — afirma.
Segundo o empresário, mesmo com a pandemia, devido à classe de atuação de seus compradores, o crescimento vem se mantendo estável nos últimos anos. A pandemia, aliás, foi para ele um fator que provocou mais mudança de perspectiva do que de cenário.
— A vida mudou, passamos a enxergar tudo de um outro prisma, o que nos levou a qualificar processos, fazer algumas coisas diferentes. Um exemplo foi a nossa adesão mais forte às mídias sociais que potencializam aquilo que já fazíamos e leva nosso produto para mais públicos — observa.
Um segundo semestre aquecido também é indicado por fatores como a busca por crédito, que está aumentando a cada bimestre acompanhado pelos levantamentos do Sebrae. Na pesquisa mais recente, 27% dos entrevistados afirmaram estar buscando crédito. Nas duas anteriores os resultados foram 22% e 26%, respectivamente. O tíquete médio adquirido também é recorde no ano: R$ 113 mil frente aos R$ 73 mil e R$ 98 mil recebidos em média nos dois últimos bimestres, respectivamente.
Faturamento
- 17% dos entrevistados tiveram aumento. Trata-se do maior índice do ano, frente aos 15% e aos 10% registrados nos dois últimos bimestres, respectivamente. Para aquelas empresas que indicaram aumento, foi sinalizado que esta elevação de faturamento é de até 30% para 87% dos respondentes.
- A porcentagem dos empreendedores que indicaram ter tido queda de faturamento caiu quatro pontos percentuais na comparação com o período anterior, chegando a 47% dos entrevistados.
Crédito
- A busca por crédito registrou o maior índice do ano, com 27%, percentual ligeiramente superior aos 22% e 26% registrados nos dois últimos bimestres, respectivamente.
- O tíquete médio adquirido também é recorde no ano: R$ 113 mil frente aos R$ 73 mil e R$ 98 mil recebidos em média nos dois últimos bimestres, respectivamente.
O estado de espírito do empreendedor também foi avaliado pelo estudo:
- 37% se dizem satisfeitos - os desafios recentes provocaram mudanças valiosas
- 22% se dizem animados - frente às novas possibilidades
- 8% se dizem aliviados - o pior já passou
- 33% se dizem aflitos - ainda têm dificuldade com o negócio