Quando tudo ao redor parece mecânico e automatizado, ser humano é o diferencial. Esse foi um dos pensamentos compartilhados com 600 profissionais ligados ao comércio gaúcho nesta terça-feira (29) durante o 5º Simpósio Estadual do Varejo. O evento, promovido pelo Sindilojas em Caxias do Sul, concentrou mais de 10 horas de conteúdo, divididos em dois palcos, que permitiram uma imersão em experiências que tornem as relações de compra e venda mais humanas, próximas e que sejam diferenciais na hora de fazer o cliente fechar a compra.
A programação contou com palestrantes nacionais, no palco principal, e outros nomes locais, no Arena Sebrae. Ao mesmo tempo, marcas parceiras prepararam experiências para o público (visando a saúde e também a gastronomia) que lotou o espaço destinado ao evento, no Intercity Caxias. O presidente do Sindilojas Caxias, Rossano Boff, lembrou que, ao cativar o cliente, cria-se um laço que vai muito além da venda.
— O grande desafio do varejo físico é transformar uma simples compra em um momento único, centrado na experiência humana, enfatizando as diferentes formas de surpreender e envolver as pessoas — disse.
Um dos motivos para a escolha do tema foi o fato de a humanidade passar por uma pandemia da covid-19, em que ficou um pouco de lado aquele atendimento mais próximo do cliente.
Desde que foi criado, o Simpósio Estadual do Varejo, realizado em Caxias do Sul, se propõe a garantir atrações que qualifiquem o setor e que sejam também atrativas à comunidade. Ao todo, o evento já recebeu um público total de 1.260 pessoas e aguarda 500 somente na edição deste ano.
Em 2018, o primeiro simpósio contou com a presença da jornalista Glória Maria, que compartilhou as vivências relacionadas à comunicação e globalização diante de um público interessado de 372 pessoas.
Abaixo, conheça quatro experiências compartilhadas no evento:
Inovar e conhecer qualidades da equipe
Foi com muito bom humor que o influenciador digital Felipe Theodoro, o Theo, dividiu o que aprendeu na faculdade e no comércio com os espectadores da primeira palestra do simpósio. O carioca iniciou a carreira como vendedor de loja, se tornou gerente e depois ganhou destaque ao compartilhar conteúdo na internet durante a pandemia após ser demitido. Deu relatos e compartilhou experiências de quem conhece os dois lados do balcão.
Hoje, Theo acumula mais de 3 milhões de seguidores na internet e falou sobre as qualidades de um bom vendedor. No painel, mostrou quem eram as pessoas que mais vendiam na loja em que trabalhava para entender a conexão que envolvia o relacionamento com os clientes.
E que percebeu quais colegas conheciam bem as necessidades que precisam ser atendidas no dia a dia que criavam iniciativas diferenciadas para propor na venda.
Theo contou quando assumiu um cargo como gerente em uma loja e defendia que toda a equipe precisava ter acesso às informações para que o negócio funcionasse bem.
— É preciso mostrar para a equipe o posicionamento sobre as questões estratégicas que envolviam as vendas para desenvolver a autonomia no atendimento — disse.
Investir na personalização
Com a experiência de mais de duas décadas no setor de eventos, o cerimonialista Sidnei Staudt, educadamente, não responde aos contatos que chegam com pedidos simples de orçamento para contratar o seu trabalho. É que trabalhar com o sonho das pessoas, seja para a realização de formaturas, casamentos ou eventos mais íntimos, exige conversar, conhecer, se relacionar.
— Existem muitas formas de fazer um evento, festejar, e nem sempre são as mais caras. Eu trabalho com a personalização, que traz o cliente ao teu lado para entender a essência dele. O atendimento precisa ser qualificado, ter olho no olho e isso eu procuro fazer com quem me procura. O cliente quer se sentir exclusivo. Aquele café disponível no balcão da loja, um cheiro bom no ambiente, tudo isso conta — explica ele, que palestrou para um auditório lotado durante a tarde.
Staudt reforça também que a tecnologia é uma aliada do comerciante, mas não deve andar sozinha.
— A tecnologia ajuda, mas não resolve tudo. Ela permite ter uma base de dados, ter o contato do cliente, mas depende de partir para a conversa, o olho no olho, para descobrir o detalhe do cliente, aquilo que vai fazer a diferença e ser fundamental para fechar um pedido. Temos dois olhos, dois ouvidos e uma boca. Precisamos ouvir mais — recomenda.
Atenção ao colaborador
Tão importante quanto o empresário pensar no bem-estar do cliente é lembrar também da saúde do colaborador. Afinal, é ele quem muitas vezes vai ser o responsável pelo primeiro contato com o consumidor. E que tal oferecer uma massagem e técnicas de ginástica laboral durante a jornada de trabalho?
Há 16 anos no mercado, a clínica de atividade física da Rosângela Stein leva saúde e exercícios físicos para quem trabalha, principalmente, com o consumidor. O objetivo é evitar lesões e promover o bem-estar entre as equipes. Um dos seus principais clientes, por exemplo, é uma rede de supermercados de Caxias do Sul com mais de mil colaboradores.
— Cada empresa com uma proposta diferente. Nesse caso, é trabalhar com jovens, no primeiro emprego e vamos trabalhando a maturidade, a postura, educação, relacionamento, tudo por meio do movimento — conta ela, que também palestrou durante o evento.
Segundo Rosângela, é importante que os empresários não procurem ajuda somente depois que os funcionários apresentarem algum tipo de problema.
— A ginástica laboral não atua somente na LER (lesões por esforços repetitivos). É importante desmistificar. O ser humano é um 5G, mas não sabe disso. A gente é destro ou canhoto e trabalhamos apenas uma habilidade do cérebro, sendo que temos muitas outras. Movimentar já vai dar para eles (colaboradores) mais abertura — afirma.
Acerte o alvo
Acerte o alvo e mude o jogo. Esse é o slogan e o ensinamento dos sócios da agência de publicidade e propaganda caxiense Intervene, que levaram para o simpósio uma experiência antiga para os participantes: um tiro ao alvo.
— Estamos vivendo uma fase de muita digitalização e de inteligência artificial e por isso a humanização é tão importante. E fazemos isso na prática, trazendo um jogo, muito simples, muito conhecido, mas que mobiliza as pessoas. Permite interações e o contato com as pessoas — explica o sócio-gerente da agência, Thiago Longhi, que acumula experiência de 26 anos à frente da marca.
Segundo ele, a agência busca ajudar na comunicação dos clientes para atraí-los aos estabelecimentos - oportunidade para conquistar o consumidor e garantir mais vendas.
— Atendemos clientes tradicionais, que estão no digital, mas precisam estar na rua, presente na comunidade — avalia.