Por muito tempo, Ivonei José Croda trabalhou como empregado, mas sempre com o desejo de ter o próprio negócio. Pintor de profissão, resolveu empreender no início dos anos 2000 e foi para Porto Alegre, onde abriu uma loja de rações para animais de grande porte. Logo, retornou a Caxias, a cidade natal, e fundou a Central de Rações. Vinte anos depois, comemora o aniversário e o sucesso da empresa. São nove lojas na Serra, sendo sete em Caxias – a mais recente abriu em junho, no bairro São Cristóvão — e crescimento de 15% em 2022. Em breve, a Central estará na internet, com e-commerce. Nesta entrevista, ele conta a história empreendedora, fala do mercado pet e dá dicas para quem deseja empreender. Confira:
Como surgiu a Central de Rações?
Eu trabalhava na indústria aqui, resolvi me mudar para Porto Alegre e lá tive a oportunidade de abrir uma loja de rações focada em grandes animais. Passei dois anos na Capital, apareceu uma oportunidade de vender a loja e voltei para a Serra. Tive que fazer 360 graus na loja, e em seis meses mudei 100% loja, comecei a trabalhar pet. Ficamos dois anos no primeiro endereço, que era na Alfredo Chaves, e a gente viu a necessidade de ampliar, porque o espaço já era pequeno. Na época, tinha aberto a Rua Independência, no Panazzolo e é aí que estamos há 18 anos.
Como foi o processo para se tornar uma referência?
Foi questão de ter as mercadorias. A gente não tinha medo de investir em mercadorias caras, baratas, de médio valor. A referência era: “se tu não encontrar na Central de Rações, não encontra em outro lugar”. O pessoal vinha direto, a gente sempre teve mercadoria, volume. Até 2013, a gente ficou só com a loja da Marcílio Dias. Depois, vi a necessidade de abrir outra loja. Achei uma sala na Perimetral. Era gigante e me deu medo, mas vamos fazer. Abri a primeira filial. Depois abrimos Bento, Farroupilha e mais em Caxias. Hoje temos nove lojas, sete em Caxias.
A gente é 100% certinho. Se não trabalhar sério, não cria esse respeito do cliente, uma loja que passa confiança.
JOSÉ IVONEI CRODA
Proprietário da Central de Rações
São 20 anos de história. O que mudou nesse período? Naquela época, para você ter ideia, muitas lojas da Serra não abriam no sábado de manhã. A gente veio com vontade e sempre inovando no mercado, por exemplo, com a telentrega, que ninguém tinha e a gente passou a fazer. A questão de abrir no sábado de manhã, e depois a gente passou a abrir à tarde, coisa que ninguém fazia. A concorrência na época até não era tão grande. Hoje o mercado está bem mais complicado. Hoje tu tem que estar estruturado em questão financeira e contábil, porque se você não fizer conta você fica trabalhando sem saber se está rendendo alguma coisa ou não. Hoje nós temos uma estrutura financeira interna e de contabilidade, a gente faz até consultoria, a gente tem um escritório que nos dá suporte.
Esse é o segredo?
A gente é 100% certinho, não se compra nada sem nota, não se vende nada sem nota. É tudo dentro dos conformes. É caro para se manter dentro dos conformes, mas se tu não tiver dentro da realidade, qualquer rasteirinha que tu toma, tu desce. Não dá para se botar à moda aventureiro. E trabalho sério. Se não trabalhar sério no mercado, tu não cria esse respeito do cliente, uma loja que passa confiança para a população. A gente está sempre fazendo eventos sociais, ajudando ONGs, mostrando que a loja está presente no mercado.
Que eventos realizam?
Para divulgação de marca, divulgação de produto. A cada fim de semana tem um evento numa loja: festa junina, Dia da Criança... A gente mostra que está no mercado. E os nossos preços no mercado são bem competitivos. A gente também tem 125 funcionários, tudo dentro da lei, e para você manter essa turma toda, se você não fizer conta você não fica no mercado. A gente optou também por trabalhar com um pessoal mais jovem, dar a primeira oportunidade, um salário dentro do mercado. A Central forma pessoas, a gente hoje não contrata um vendedor externo para dentro da loja se ele nunca trabalhou na área. A gente contrata as pessoas para trabalhar de estoquista, ele vai ficar um período, passa a abastecer a loja, conhecer os produto. Tendo interesse e mostrando interesse em ser vendedor, a gente transfere para as vendas. A partir dali, você começa a ver o interesse da pessoa dentro da loja. Apareceu uma unidade nova, uma oportunidade para ser gestor, a gente faz o processo, abre a vaga interna e seleciona o gestor da loja. Hoje, todos os gestores, exceto um, saíram de dentro da loja. A gente prefere dar oportunidade para os que estão dentro da empresa. Isso motiva para que eles permaneçam. A gente tem funcionários de oito anos de empresa. É difícil segurar no comércio uma pessoa mais de dois, três anos. A gente tem também outra política que sempre adotei: eu não contrato ex-funcionário. A oportunidade dele é única na empresa. Se está bom, fica, se não está bom, vai embora. Normalmente, 95% dos que saem em 90 dias estão querendo voltar. Vamos dar oportunidade para aqueles que realmente querem ficar.
Antes de ser empresário, o senhor era empregado. Como foi a decisão de empreender?
Eu sempre quis ter algo próprio. Eu sempre trabalhei na indústria, trabalhei numa padaria também, adquiri experiência no comércio e acho que foi dali, eu gostava do comércio. Quando fui para Porto Alegre, eu trabalhava na Randon há cinco anos e pedi para fazer um acerto para juntar uma grana e começar o meu negócio. Imagina, o meu filho mais novo tinha uns três meses. Os outros também eram pequenos, porque é um ano e quatro meses de diferença cada um e eu já tinha três. Foi um tiro que, graças a Deus, deu muito certo. Se eu fosse fazer hoje, não sei se faria de novo. Não sei se eu teria essa coragem toda de dar uma pegada dessas. Hoje está sendo muito gratificante pra mim. A gente quer ver o troço andar, até porque, olha quantas pessoas dependem da Central, já não é mais brincadeira. Qualquer coisa que tu fizer errado tu compromete a cadeia toda. Agora fica mais fácil porque a gente tem um know-how de abrir loja, de fazer a coisa acontecer. Eu nunca fiz estudo para abrir loja. Se eu olhar, gostar e ver que existe um futuro ali, a gente abre e depois com o tempo a gente vê o que acontece
Quais os próximos planos?
Em Caxias, a gente não abre mais, já esgotou. Agora, a gente vai para lugares menores, lugares em que a gente possa fazer a diferença na cidade.