O Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs) promoveu nesta terça-feira (16) um encontro entre grandes nomes da indústria brasileira e com a presença de mais de 600 pessoas, no UCS Teatro, em Caxias do Sul. E teve a participação de um dos pensadores mais aclamados do momento, Leandro Karnal, que fechou a 3ª edição do chamado Simecs Transforma, que debateu problemas e soluções para o segmento e trouxe inspirações aos participantes.
O evento teve o painel O Futuro da Indústria na Visão Governamental, que abriu com a fala do secretário Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo. Ele falou aos presentes os problemas e as oportunidades que o Estado está passando neste momento. Dentre as situações positivas descritas por Polo está a abertura de canais para discussões envolvendo a reindustrialização do Estado. O secretário salientou que é possível reaver os valores de impostos para as indústrias de Caxias do Sul, readequando os valores gastos para que haja maiores investimentos na região serrana. O secretário também colocou à disposição dos empresários o Fundo Operação Empresa do Estado do Rio Grande do Sul (Fundopem), verba de investimento financeiro que pode ser utilizado por meio de parcerias público-privadas por intermédio do financiamento parcial do ICMS.
Tendências do mercado para construir o amanhã
Na sequência, o vice-presidente Relações Institucionais do Simecs, Ruben Bisi, mediou um bate-papo com os principais sindicatos brasileiros, que atendem ao segmento das indústrias. Participaram Ana Helena de Andrade, vice-presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos (Anfavea), Claudio Sahad, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), José Velloso, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abmaq), e Régis Sell Haubert, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) e CEO da Exatron.
Os painelistas debateram a existência do Ministério da Indústria e as políticas industriais que estão surgindo no Brasil, além da reforma tributária, dependências de exportações para a produção de equipamentos, incertezas políticas e econômicas, além de educação, formação de mão de obra e tecnologias existentes. Entretanto, um dos aspectos questionados pelo público presente foi sobre a descarbonização.
Claudio Sahad explicou que a necessidade de diminuir a emissão de carbono (CO2), pelo setor automotivo, pode ser vista como uma oportunidade para valorizar internamente e exportar a tecnologia dos veículos Flex. Sahad justificou que o combustível etanol diminui a quantidade de carbono enviado ao meio ambiente e pode ser extraído do próprio ambiente natural, por meio da cana de açúcar e do milho. E disse que agora há pesquisas para a extração por meio da espécie de um cacto chamado Agave.
Já na área de investimentos, os representantes das entidades empresariais comentaram sobre o projeto Rota 2030, do governo federal, que será lançado nos próximos meses, entre junho e julho. Consiste no investimento de dinheiro público em pesquisas de inovação que auxiliem na descarbonização e reciclagem de materiais.
O futuro começa hoje
O encontro fechou com a palestra do professor, escritor e comunicador Leandro Karnal, que arrancou boas risadas do público presente. Em meio ao humor e comparações do cotidiano, Karnal repassou dicas aos empreendedores caxienses, da Serra gaúcha e Região Metropolitana que estavam presentes no evento.
O primeiro conselho do professor foi de que as pessoas se adaptem ao mundo em transformação. Segundo ele, nada do que foi há 50 anos é o mesmo atualmente e, quem não se reinventar, irá desaparecer.
— Mudar é difícil, não mudar é fatal — disse o pensador.
O palestrante também falou sobre a inteligência artificial no intuito de mudar a cultura de pensamento dos empresários. Ele acredita que a tecnologia deve ser uma ferramenta que beneficie o trabalho das pessoas nas empresas e não deve ser vista como uma vilã - síndrome de Frankenstein, que vai substituir as pessoas no futuro. A tecnologia é para ele uma forma de melhorar a qualidade do produto entregue.
Karnal relembrou que empresas que não pensarem em práticas ambientais e diversidade de pessoas serão abolidas e a tendência é perder a clientela. A dica é evitar polarização e pensar no atendimento ao grande público.
— O que você pensa sobre religião, partido político e time de futebol guarde em seu closet. Não importa que Deus o meu cliente venera, o importante é ele comprar o meu produto.
Sore um líder do futuro, na visão de Leandro Karnal, ele precisa perder a “psicologia do príncipe”, que é um modo de pensar superior aos demais. Exemplificou que, ao receber um cargo, o funcionário pode pensar que são os outros que devem lhe servir. Porém, no entendimento do professor, ter autoridade significa servir mais. Karnal concluiu com cinco dicas para se tornar um líder bem-sucedido no futuro. Confira abaixo:
1º) Vontade e protagonismo: viver no mundo real, ser protagonista das ações que ocorrem na empresa
2º) Planejamento e visão Estratégica: antecipar as necessidades
3º) Aprender com os erros: o erro é uma pista para fazer diferente
4ª) Atualização constante: aprender coisas novas diariamente
5º Tempo e futuro: não toque tambor pra maluco dançar, filtre seu tempo em situações importantes.