O segundo dia de Mind7 Startup, evento de tecnologia que teve início nesta quarta (8) e termina nesta quinta-feira (9), em Caxias do Sul, faz uma provocação aos expositores das 30 startups participantes. Com o objetivo de gerar a conexão central proposta para a terceira edição, os representantes de cada uma receberam o desafio de fazer apresentações com duração de até um minuto, para convencer o público presente sobre quais são as ideias expostas nos stands. A iniciativa fomenta o ecossistema empresarial, que cria uma rede de vínculo e apoio amigável entre empresas diferentes.
Conforme explica a produtora executiva do evento, Florencia Del Carmen, o Mind7 passou por um período de desenvolvimento de quase um ano, entre conversas com startups e o ecossistema de inovação, para promover troca, criatividade e novos negócios na tecnologia de empresas da região. O evento é o primeiro do ano a ser feito no Brasil.
— Aqui estão pessoas que trazem novidades na área da inovação. A ideia do Mind7 é tornar a região da Serra, forte em indústria, reconhecida também como inovadora. É de extrema importância esta conexão que ocorre em eventos de tecnologia, justamente para que cada vez mais ocorra uma multiplicação desse ecossistema que a gente defende — revela a produtora.
Visando a imersão completa na ideia de conexão defendida pelo ecossistema empresarial, as startups participantes foram desafiadas durante a manhã a apresentarem, em até um minuto, as ideias que levaram para o evento. A iniciativa ocorreu para entreter e apresentar umas às outras cada proposta de inovação que está sendo exibida.
— Pensando no ponto principal para os negócios, trouxemos esta conexão entre os stands da feira de exposição, para conectar todos ao mesmo tempo. Nessa dinâmica de apresentação que a gente chama de "1 a 1" os participantes disseram qual produto fazem, que tipo de cliente precisam daquilo e pediram uma indicação de contato. O principal objetivo dessa ideia é provocar as pessoas. Nosso evento tem essa assinatura de provocação e, claro, gerar a conectividade entre eles — afirma o coordenador do Mind7, Rodrigo Dal Piazzol.
Diversidade e representatividade
A representatividade e diversidade estão presentes no espaço do Mind7, montado no Pátio da Estação, no bairro São Pelegrino. Conforme revelam as representantes da Startup Agidesk, de Caxias do Sul, que estão expondo no evento pela primeira vez, a presença de mulheres na tecnologia mostra o trabalho feito com primor e reforça a importância do crescimento delas nesse nicho.
— Estamos aqui buscando gerar oportunidades de negócios e fazer networking. A gente percebe que nossa representatividade tá bem grande, tem bastante mulheres aqui no evento e isso é essencial para reforçar que também podemos produzir na área tecnológica e que também somos boas nisso — afirma Veridiana Cavalheiro, CEO e cofounder da Agidesk.
Complementando a colega, a gestora operacional da empresa, Angela Ferrari, reforça a importância dos “mind7’s” que cada expositor precisa ter para o crescimento em conjunto.
— Esse evento é essencial pro fortalecimento de brand, pra mostrar o que a gente faz e termos mind7 de crescimento, inovação, conexão, adaptabilidade, além de conhecer o que outras empresas estão fazendo e o que o mercado está querendo para que a gente consiga entregar e caminhar junto com essa evolução — conta Ferrari.
A representatividade está ainda em cima dos palcos do evento. Entre os temas de palestras oferecidos para o público que passa pelo Mind7, estão alguns que reforçam a importância da diversidade e presença de grupos minoritários.
No palco Inovação, o público pôde ouvir, na quarta-feira, uma conversa sobre "o valor da diversidade para os negócios e liderança", apresentado pela transsexual Gabriela Augusto, diretora e fundadora da consultoria em diversidade e inclusão, chamada Transcendemos.
— Diversidade e inclusão devem ser um tema central para os negócios. Essa feira como um evento de negócios, trazendo aqui na lista de temas a inclusão, mostra que o mundo está mudando. As empresas hoje em dia estão de olho nesse assunto de ecossistema e sabemos que não existe inovação e não existe um futuro sem a diversidade — afirma a diretora.
Ainda conforme Gabriela, a visão das empresas em relação à presença de pessoas trans no ambiente de trabalho precisa continuar evoluindo para trazer mais profissionais para dentro dos ambientes.
— Precisamos evitar o efeito máquina de cappuccino, porque algumas empresas olham pra pessoas trans pensando "já temos uma e é suficiente, por que precisamos de outra?". Seguindo essa mentalidade, nós, pessoas trans, acabamos ficando isoladas, sozinhas e isso é um problema. O fato de eu estar aqui hoje, promovendo essa representatividade, tem o poder de inspirar outras pessoas trans ou outros grupos sub-representados a saberem que podem estar em um evento desse, serem apresentadoras, speakers e que não estamos sozinhas — reforça Gabriela.
Conexão e negócios
Para o público que está prestigiando o evento, os pilares "inovação, adaptação e conexão", levantados pelo Mind7, são essenciais para a tecnologia e desenvolvimento de cada uma das startups.
Conforme relatam os jovens de Porto Alegre, Leonardo Zanotelli e Marcelo Camara, a conexão em eventos de tecnologia muitas vezes chega a fazer parte de toda a história das startups. Os dois trabalham para a 49 Educação, ecossistema para o desenvolvimento de startups, de Florianópolis.
— Viemos conhecer as participantes, porque nosso objetivo é acelerar as startups que tenham potencial e façam sentido com o que a gente acredita, porque assim a gente conecta elas com fundos de investimento. Estamos aqui pra fazer essa conexão, conhecer as soluções e ficar de olho nas oportunidades que estão expostas —afirma Zanotelli, startup hunter da 49 Educação.
Além do possível encontro com startups para a conexão com os fundos de investimento, os jovens afirmam que o networking feito no Mind7 proporciona o compartilhamento de clientes, parceiros, e soluções que acabam oferecendo maior visibilidade para cada uma delas no mercado.
— Esse tipo de evento fomenta a inovação pra soluções que estão aqui e podem colaborar com outras empresas. Normalmente, as startups que estão aqui são iniciantes, então, os eventos de tecnologia servem pra uma captação de clientes, parceiros e crescimento dos negócios. Provavelmente quem está aqui vai sair com uma base de potenciais clientes, pesquisa e conexão muito rica — conta Camara, customer success manager da 49 Educação.
Na avaliação de Douglas Adami Bonoto, do grupo de MVPs da Marcopolo, a troca entre cada startup é essencial para a contribuição do avanço tecnológico de cada uma.
— A gente percebe que o evento está trazendo as novidades e tendência pra 2023, que são fundamentais pra cidade principalmente pela presença do poder público, que pode contribuir com a transformação da indústria e incentivar a transformação com a tecnologia, a inteligência artificial, os dados, pra que ela continue se mantendo competitiva e com alto nível — diz Bonoto.
A organização do evento estima que o Mind7 deve gerar investimentos de mais de R$ 100 milhões em prospecção de negócios futuros, que podem ser fechados ao longo do ano, após as conexões e o networking feitos. Ainda nesta quinta, a Batalha das Startups premiará com R$ 300 mil a startup vencedora.