As imprevisibilidades do clima, que parecem potencializadas justamente em época de estiagem, como a que acomete diversos municípios da região da Serra neste início de verão, voltaram a trazer desânimo aos pequenos agricultores de Farroupilha nesta semana. A passagem da chuva de granizo por várias localidades do interior do município foi breve durante a tarde da última terça-feira (10), mas suficiente para fazer com que o esforço do trabalho de anos fosse por água abaixo em poucos minutos para muitos deles.
— Estamos sempre à mercê do clima. É complicado para o agricultor. Costumamos dizer que somos cases de resiliência, não só de sucesso — disse o presidente do Sindicato dos Agricultores Familiares de Farroupilha, Márcio Ferrari, em entrevista ao programa Gaúcha Hoje, da Gaúcha Serra, nesta quarta-feira (11).
Apesar de ainda não haver uma contabilização oficial dos estragos, Ferrari diz que muitos perderam toda a produção com a queda das pedras de gelo sobre as culturas, principalmente de uva e milho. O granizo começou no município de Pinto Bandeira, passou pelas linhas Janssen, 30, 80, Amadeu, São Marcos, Caravaggio e Busa, destruindo plantações.
— Quero me solidarizar a eles. É um sentimento que só o agricultor sente e sabe o que é. A colheita da uva começaria daqui uns 15 dias. A região afetada estava com a finalização da safra do pêssego, cujas perdas talvez não tenham sido tão significativas. Mas temos bastante milho, que já estava em situação difícil em razão da estiagem e, agora, piorou.
Ferrari lamenta ainda mais o fato em razão de grande parte dos agricultores terem passado a adotar a monocultura de uva. Ao mesmo tempo em que é a que mais traz rentabilidade ao pequeno produtor, ela também representa uma aposta de risco.
— Ficamos à mercê de uma cultura só, e qualquer intempérie se perde a renda do ano todo. Não há valorização do pêssego, do caqui, o custo de produção do milho às vezes não compensa. Estamos tentando fazer a retomada de várias culturas nas propriedades, mas não está sendo uma tarefa fácil — explica.
Com relação às perdas em parreirais, Ferrari destaca que o jeito, agora, é pensar no futuro:
— A quebra se dá não só na colheita desse ano, como na do próximo. É preciso trabalhar com os tratos culturais para que não haja ataque de fungos e tentar ter uma safra um pouco melhor em 2023/24. Porque para uma parreira retomar a produção normal é preciso cerca de dois anos — finaliza ele.