A black Friday foi criada nos EUA para que, na última sexta-feira de novembro, o consumidor pudesse aproveitar bons descontos. Em todo o Brasil, o que existe hoje são ofertas que se estendem pela semana, ou até pelo mês todo, com propagandas que prometem descontos. Em Caxias do Sul, apesar de o movimento ainda não ter atingido a expectativa, segundo lojistas, muitas pessoas deixam para pesquisar os preços na última hora. O consumidor pode seguir algumas dicas de especialistas em economia para não cair em eventuais "armadilhas" na hora de fazer as compras e saber como aproveitar da melhor forma verdadeiras promoções.
Uma das dicas é verificar a reputação da loja, principalmente nas compras online. Veja se o site tem CNPJ, endereços físicos e meios de contato. Também é possível pesquisar no google, com o nome da empresa e a palavra-chave "confiável" em sites especializados em avaliar a reputação das empresas. Outra orientação é consultar em sites de comparação de preços para ver qual loja vende mais barato. E verificar a verdadeira necessidade do produto, para evitar a chamada compra por impulso — leia abaixo mais dicas para a Black Friday.
No Rio Grande do Sul, o governo do Estado disponibiliza o aplicativo Menor Preço RS — Nota Gaúcha, que pode ser baixado no celular. Nele, o consumidor pode pesquisar o produto pelo nome ou pelo código de barras. Todos os produtos vendidos com cupom fiscal e que os consumidores pedem a inclusão do CPF na compra aparecem automaticamente no aplicativo. Então é possível saber o valor de venda em cada loja num raio de até 30km e nos últimos sete dias. Na Black Friday, é possível utilizá-lo para saber a loja que vende pelo menor preço e também para pechinchar um desconto, mostrando que uma concorrente está vendendo mais barato.
Como é fim de ano, ter um planejamento de gastos neste mês também é essencial antes de fazer compras, conforme alguns gestores financeiros. A coordenadora dos cursos de Ciências Contábeis e Gestão Financeira da FSG, Catherine Chiappin Dutra, diz que nesta época as pessoas compram sem planejar as despesas de fim de ano.
— É importante a pessoa ver o quanto gasta, se há parcelas de cheque ou cartão. O ideal é verificar o quanto tem destinado a outros projetos, parcelas de veículos, escola, aqueles gastos normais de todo mês. Os piores juros do mercado são parcelar no cartão de crédito e o cheque especial - destaca Catherine.
No final de ano, as pessoas podem ter a falsa sensação de que entrou muito dinheiro na conta por causa do décimo terceiro salário, mas há parcelas anuais que também costumam aparecer neste período. De janeiro a março, IPTU, IPVA, revisão de carro e matrículas escolares, entre outros itens, são recorrentes nas caixas de correios. Deve-se ter o cuidado e o planejamento prévio para que tudo caiba no orçamento.
— A educação financeira é primordial. Educar-se financeiramente é um exercício permanente. As pessoas precisam medir os ganhos e os gastos, tudo deve ser anotado. A partir deste planejamento, a pessoa começa a traçar novos objetivos e metas que ela nem imaginava - reitera Catherine.
Fazer um bom planejamento para os gastos de final de ano, com Black Friday e Natal, não é muito comum, mas pode representar um começo de 2023 mais tranquilo.
- Esta época é convidativa para gastarmos e, por isso, planejar é a melhor maneira de gastar menos e alcançar melhores resultados. Faça uma relação do que necessita adquirir neste período; veja para quem deseja presentear e estabeleça um valor máximo para gastar, considerando o seu orçamento real - destaca a economista Jacqueline.
Já a economista Jacqueline Maria Corá, coordenadora do Curso de Ciências Econômicas da UCS, diz que o consumidor precisa tomar cuidado com eventuais ilusões.
- Há empresas que usam o slogan da data para promover produtos com descontos mínimos (10%) e, em muitos casos, não há diferença no preço praticado antes do período da Black Friday - aponta a economista.
Jacqueline alerta para que o cliente se atente para as compras que acontecem por impulso, sem que ele tenha a real necessidade de adquirir o produto.
- Basta anunciar que o produto ou serviço está na Black Friday para o consumidor desejar, muitas vezes sem a necessidade real pelo item. São compras movidas pelo que chamamos na economia comportamental de “aversão à perda”. O consumidor é estimulado pelas mídias, redes sociais e campanhas publicitárias a desenvolver um sentimento de que “não pode perder essa oportunidade” - ressalta Jacqueline.
Para não cair nas furadas da Black Friday, as chamadas maquiagens de preços, quando algumas lojas modificam valores de forma irregular para barganhar, o consumidor deve estabelecer os itens que está procurando.
- Não tenha medo de “perder” a Black Friday!! Na verdade, quem perdeu, ganhou!! Aproveite para economizar o dinheiro extra que entra neste fim de ano e comece a investir. Aproveite o bom momento para investir na renda fixa. Logo você se dá conta que o que deixou de comprar não era tão importante e que você está muito mais feliz e seguro com uma reserva financeira - aponta Jacqueline.
Nesta quinta-feira (24), o movimento pela ruas de Caxias do Sul ainda não havia agradado alguns lojistas. A reportagem circulou pela Júlio de Castilhos, entre às 13h e às 14h, e ouviu de alguns proprietários que, desde a semana passada, as vendas não haviam atingido as expectativas para o mês de Black Friday. Porém, a movimentação maior é aguardada para a parte da manhã desta sexta-feira.
Dicas para se dar bem na Black Friday
:: Verifique a reputação da loja. Veja se as empresas online oferecem CNPJ, endereços físicos e meios de contato.
:: Pesquise preços. Faça consultas em sites de comparação de valores e guarde para a hora da compra.
:: Não compre por impulso. Tenha sempre em mente que você deve pesquisar o produto que você necessita. Valorize seu dinheiro. Com dinheiro na mão ou pix, você também pode “pechinchar” um descontinho a mais.
:: Valores devem estar em destaque. O consumidor deve ter acesso a estas informações sem que seja necessário chamar um vendedor ou atendente da loja para obtê-las antes do pagamento. Reclame em caso de mudança na oferta.
:: Cuidado com os produtos defeituosos. A loja é sempre obrigada a trocar produtos com defeito no prazo por ela estabelecido.
:: Considere o prazo de devoluções. Nas compras pela internet ou por telefone, o consumidor tem um prazo de sete dias para cancelar a compra e receber o seu dinheiro de volta ou trocar por outro produto.
:: Salve e imprima tudo. O consumidor deve sempre guardar a oferta, o pedido, o prazo de entrega, o comprovante de pagamento, o contrato e os anúncios publicitários relacionados ao produto que adquiriu.
Onde fazer denúncias
O Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), de Caxias do Sul, orienta o consumidor a saber exatamente o que quer comprar e fazer uma pesquisa de mercado sobre o valor médio do produto fora da época da promoção. De acordo com a coordenadora interina do Procon, Irajá Doralina Fonseca de Jesus, em novembro de 2021 foram analisadas 38 denúncias, 27 levantamentos de preços e cinco monitoramentos de fornecedores que fizeram maquiagem de preços. Dessas, foi constatada uma irregularidade.
Para denunciar novas infrações em compras ou buscar orientação, o número do Procon de Caxias é o 151. Mensagens podem ser enviadas também pelo WhatsApp (54) 9 9929 8190 e pelo site www.caxias.rs.gov.br/procon. O atendimento presencial é feito na Rua Visconde de Pelotas, 449, de segunda a sexta-feira, das 10h às 15h.