A psicóloga Fernanda Tochetto, que é autora do livro Destrave Sua Vida, saia do Rascunho. Moradora de Lajeado, esteve em Caxias do Sul neste mês de outubro para abrir o 4º Simpósio Estadual do Varejo, no hotel Intercity.
Treinadora comportamental e mentora de carreira, atuando com desenvolvimento pessoal e profissional, Fernanda foi mentora de mais de 10 mil histórias de sucesso, mais de 500 conteúdos no meu canal no youtube e 200 aulas online gravadas. Ela conversou com o Pioneiro para dar mais dicas sobre como destravar a vida e a carreira profissional. Confira abaixo:
Começando pelo tema do seu livro, o que é preciso fazer para destravar a vida e encontrar um caminho?
No livro Destrave Sua Vida e Saia do Rascunho, desenvolvi minha metodologia aonde convido as pessoas a destravarem o seu emocional, despertarem o seu potencial e tomarem decisões para de fato alavancar os resultados da vida e da carreira. Na minha percepção, eu destravo o meu emocional quando acesso as minhas experiência, quando olho para minha história, minha trajetória, minha linha da vida e compreendo como vivi as coisas que me aconteceram, o que eu aprendi, como fui educado, como fui treinado para viver a vida, como aprendi a conduzir a minha profissão. Toda essa bagagem vem com padrões comportamentais, medos, crenças limitantes, fortalecedoras, toda história traz da sua trajetória experiências positivas e, muitas vezes, experiências que não são tão positivas para aquilo que a pessoa está buscando. Então, é extremamente importante que a gente se conecte com a nossa história, entenda a nossa trajetória e aquilo que pode estar travando. O que te impede de fazer o que tem que ser feito? Por que em muitos momentos a gente sabe o que precisa fazer e não faz? Ou, começa a fazer e para no caminho? A proposta é essa, é conectar a pessoa a acessar as suas marcas, os seus padrões comportamentais e aquilo que, no presente pode estar se repetindo. Porque, no presente, ou você repete, ou você repele, ou você é protagonista de uma história que você foi treinado para viver. Então, o primeiro passo pra você destravar a sua vida é você se conectar com a sua história, reconhecer a sua trajetória, as marcas e aquilo que você precisa desenvolver. Para depois focar no seu propósito, auto performance, produtividade, na gestão dos relacionamentos, na tua carreira e nas estratégias que irão te ajudar a alavancar aquilo que você tem como objetivo. Aquilo que você tem como sonho. Aquilo que você quer conquistar. Mas, a grande sacada está em olhar para as emoções.
Como foi a ideia e decisão de escrever o livro?
Tenho 20 anos de trajetória profissional. Fiz Psicologia na Universidade de Caxias do Sul e, ao longo da minha trajetória, sempre trabalhei com o comportamento humano, o comportamento que transforma resultados. E eu ia fazendo, ia conduzindo e percebendo que dentro da forma como eu levava as pessoas na minha metodologia, elas começavam a se sentir melhor com elas mesmas, a atingir uma performance melhor e a começar a alavancar os resultados de carreira. Sabe aquele sonho de um dia escrever um livro, ter um filho e plantar uma árvore. Já tinha a minha filha (Antônia, de sete anos) e me mudado para minha casa, onde escolhi a árvore dos meus sonhos, então era a vez do livro. Só que enfrentei uma batalha pra escrever meu livro. Porque não queria um livro por um livro, queria um livro numa editora reconhecida, que não vendesse só a capa, mas que o conteúdo fizesse com que alguém te indicasse o livro. Por quê? Porque transformou a vida da pessoa. Foi uma batalha, porque era uma editora exigente. Vi dois ou três projetos meus indo para o lixo, literalmente. Não saíram do rascunho. Porque eles me questionavam muito, diziam que precisava lapidar minha metodologia, que precisava ser mais clara para que as pessoas conseguissem fazer sozinhas. Tanto que o livro é um diário, que tem conteúdo e tem exercícios para pessoa fazer, para que a pessoa conseguisse realmente viver a transformação com a leitura. Este é um grande desafio. Demorei 18 meses até o projeto, ser aprovado e aí comecei a construção do livro, literalmente, escrevendo, sendo guiada pra fazer as melhores construções. O pré-lançamento foi em agosto do ano passado, quando doei todos os direitos autorais para uma entidade na minha cidade, Lajeado, que ajuda pessoas que tem problema auditivo. A minha mãe tem problema auditivo e a gente fez essa ação juntas. O livro virou bestseller duas vezes no ano passado e, no aniversário desse ano, gerei uma ação chamada Gentileza Gera Gentileza, que também desafio quem ler essa entrevista a compartilhar, cujo o objetivo é que a pessoa faça algo sem esperar nada em troca. Dê um livro pra alguém, e que esse alguém não quebre a corrente.
Como descobrir a própria vocação e a carreira desejada?
Na dor. Eu não sabia disso, mas na medida em que fui me desenvolvendo entendi que busquei a a Psicologia como um instrumento para me desenvolver. Para eu me destravar, eu avançar e lidar com as minhas emoções, os meus medos, os meus traumas e com as coisas que estavam acontecendo comigo. Só que fui criada com a barriga no balcão, no comércio. Trabalho desde os oito anos. Então, busquei o comportamento para ajudar as empresas, mas por trás disso tinha a minha dor, tu precisava ter destravada. Então, como eu descobri, pela minha própria necessidade. Então, eu sou literalmente a persona transformada pela própria metodologia, em evolução contínua, extremamente humilde nas minhas colocações, mas sou a persona que desabrochou com a própria metodologia.
Que conselhos você daria para a pessoa se organizar, traçar metas e saber o objetivo a ser alcançado?
Número um: encare a verdade. Você só transforma a sua realidade se você encara a verdade. O que realmente está acontecendo? Você tem um desejo? Você tem um objetivo? Você tem uma meta? Começa encarando a verdade. Começa abraçando a tua dor. Porque a transformação ela vem com uma mudança e a mudança não vem sozinha. Ela vem com escolhas. Escolhas têm ganhos e perdas, escolhas têm renúncias, escolhas vêm com dor. É importante você olhar pra recompensa, mas a transformação está em você saber as dores que você vai ter que enfrentar pra conseguir aquilo que você quer. Então, encarar a realidade é extremamente importante para acelerar o caminho, para fazer aquilo o tem que ser feito. Encare a sua realidade e construa metas inteligentes. Faça coisas que cabem dentro da sua casa, da tua vida, começa pouco, mas vibra o pouco que você conseguiu. Faça com os pés no chão, faça com disciplina. Segundo ponto: ajuste o básico. As pessoas querem o extraordinário sem fazer o básico. O básico é o teu sono, tua alimentação, o teu movimento. Por mais que tenha tudo o que você tem para fazer aí, o quanto você consegue, em alguns momentos, acalmar a tua mente? Fazer o básico é cuidar dos hábitos que transformam a nossa rotina e estudar. Lifelong Learning. Você precisa ser um pouco melhor todos os dias num ambiente extremamente competitivo. Por isso que as pessoas têm medo de cobrar, é por isso que as pessoas têm medo de se posicionar. Tem que estudar. E o terceiro ponto é fazer a gestão da tua carreira. Cuide da tua imagem, do teu posicionamento, desenvolva networking porque você está na mão de quem nem imagina quando conversa com alguém. Pessoas precisam de pessoas, cuide das suas relações, do ambiente e da tua liderança. Você não tem uma segunda chance pra realizar uma boa impressão.
Como manter a disciplina num mundo cada vez mais cheio de informações e tarefas?
É preciso saber o que a gente realmente quer. Só vai colocar o seu foco naquilo que realmente importa se tu souber o que tu quer. Vejo que muitas pessoas não sabem o que querem. Se eu parar esse evento agora e pedir paras pessoas me entregarem o seu planejamento de vida e carreira... De 300, um ou dois vão ter um planejamento para me entregar agora. É preciso saber o que a gente realmente quer. Ter clareza dos nossos valores pessoais, do que realmente importa e trazer algumas estratégias de produtividade. Tenho essas metas pra atingir. Qual é o percurso pra atingir essa meta? E fazer o tempo importante.
Como uma pessoa passa a buscar o autoconhecimento?
O autoconhecimento está num livro, está num vídeo que você pode assistir no YouTube, está numa palestra, está na terapia e também está numa conversa. Acredito que quando a pessoa descobre o poder do autoconhecimento, ela começa a transformar a própria vida. Quando entende o que está por trás daquilo que ela sente, daquilo que ela pensa, daquilo que ela faz. Como você consegue isso? Busque referências, pessoas que falam sobre isso, autores, palestrantes, especialistas... Seja crítico as suas referências. Comece esse processo. Você com você mesmo, você com aquilo que tem disponível na internet, você comprando um curso, você no psicólogo. Esse é o caminho, na minha percepção, na busca de se autoconhecer. A autoestima, a autoconfiança, o autoconhecimento.
O que um profissional deve fazer para atual com inteligência emocional?
Precisa reconhecer as suas emoções, tanto aquelas positivas quanto aquelas que podem travar a sua performance. Reconheça as suas emoções. Desenvolva a sua liderança, a autoliderança. Independente de estar num cargo de liderança ou não. Você lidera uma atividade, você mobiliza e influencia pessoas. Então, desenvolva isso e desenvolva comunicação. A comunicação verbal e a não verbal. A influência tem um poder gigante sobre os nossos resultados. A soma de emoções, liderança e comunicação... irei colocar mais uma: empatia. Você se colocar no lugar do outro. E não fazer pelo outro o que gostaria que fizessem com você. Faço pelo outro aquilo que ele gostaria que fizessem por ele.
Uma pessoa nasce com o dom da liderança ou ela pode desenvolver?
Existem pessoas que nascem como o dom. Agora, na minha percepção, você desenvolve aquilo que você está disposto a pagar o preço. Aquilo que você está disposto a fazer. Quer muito liderar? Então, qual é o caminho? Se é possível? Sim. Você terá que estudar, se desafiar, fazer coisas diferentes. Então, existem pessoas que já nascem com o dom. Mas, tudo na vida é uma questão do quanto você está disposto a pagar o preço por aquilo que você está se propondo. Você pode se desenvolver.
De que forma é possível aplicar liderança participativa, fazendo com que a equipe participe da tomada de decisões?
A escuta. Acredito que a escuta é uma das estratégias mais poderosas que um líder pode utilizar dentro do ambiente de um negócio. Escutar como as pessoas estão se sentido, o que elas estão tentando, o que elas estão querendo e o que realmente está acontecendo. Envolver as pessoas na construção de resultados. É claro que pra tudo tem limites, mas abre espaços para que isso aconteça. Para que as pessoas realmente se sintam parte daquilo que está acontecendo. Aí você vê um negócio mudando.
Buscar sua vocação ou aproveitar oportunidades de uma carreira mais rentável?
Acredito que a vida é muito curta para ser mal vivida. Fazer algo que você não gosta, é assassinar o próprio futuro. Perder as emoções, a família, tudo. Porque a gente passa a maior parte do nosso tempo colocando o nosso talento em prática no trabalho. Fazer algo só por dinheiro, é até difícil de imaginar e descrever. Se alguém faz algo só por dinheiro, se atente aos prejuízos emocionais que podem acontecer em virtude disso. Claro, aparecem oportunidades. Mas, tudo na vida, você tem que avaliar os ganhos e as perdas. Os prós e os contras. Tem coisas que não tem preço. Então, qual o preço você está disposto a pagar para acumular o que você está se propondo? Não é sobre julgar. É sobre se questionar. No meu livro, o primeiro capítulo é: comece pelo fim. Acredito que isso responde tudo. Comece pelo fim. Se hoje fosse o último dia, você está satisfeito com aquilo que você está fazendo?