Mais do que permitir a caxienses e turistas uma imersão na cultura italiana e uma experiência de diversão e compras, um passeio pelo Parque de Eventos da Festa da Uva, em Caxias do Sul, é também uma oportunidade de conhecer de perto o que de melhor é produzido na cidade que é considerada a segunda maior economia gaúcha e também na região.
Nesta edição da Festa da Uva, que segue com programação até domingo (6/3), os espaços tradicionais da feira, como estandes de grandes indústrias, da agricultura familiar e o destaque para a uva, seguem vivos e atraindo olhares curiosos. Mas também ganharam neste ano a companhia de novidades alinhadas com a tecnologia e as novas oportunidades que estão em uma poderosa vitrine nos Pavilhões em um dos mais tradicionais eventos temáticos do país.
Uma das novidades do evento é justamente um setor que quer mostrar o futuro e inserir novos termos no dia a dia das pessoas. Até porque uma festa voltada ao entretenimento e com a expectativa de movimentar centenas de milhares de pessoas também pode ser palco para a comunidade entender de maneira prática e lúdica o que é economia criativa, mercado de games, programação de jogos, robótica, impressão 3D, entre outros temas. Esse é o propósito do Solo de Inovação, setor do evento que busca estimular o empreendedorismo e servir como vitrine para os projetos em tecnologia desenvolvidos na maior cidade da Serra.
O local ocupa metade do segundo andar do Centro de Eventos e conta com três ambientes: um espaço central de coworking (área colaborativa de trabalho), um palco estilo arena com programação variada entre palestras, painéis, workshops e oficinas (veja mais abaixo) e estandes de empresas e instituições de ensino com projetos práticos e locais de inovação e tecnologia. Essa estrutura faz com que esse setor seja o único local da Festa da Uva onde não se ouve música – justamente para permitir a troca de conhecimento e concentração para o trabalho. O conceito diferenciado fica ainda mais evidente com um café localizado junto ao espaço.
Essas características fazem do Solo de Inovação um ambiente que pouco lembra a Festa da Uva e se assemelha a eventos como Mercopar e Gramado Summit, por exemplo, que buscam destacar iniciativas e cases relevantes da economia com foco na inovação e na tecnologia como fiadores do desenvolvimento da região. Esse espaço foi planejado pela Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Emprego (Sdete) e pelo Sebrae X, braço de inovação do Sebrae. Ao lado delas, outras 30 entidades de Caxias do Sul e região se envolveram na formatação da programação das atividades que, nos 17 dias do evento, somarão 112 ações gratuitas e voltadas ao público da Festa e estudantes convidados.
O pensamento original dos organizadores do Solo de Inovação era montar um ambiente com estandes para cada entidade desenvolver as atividades ligadas à inovação e à tecnologia. Porém, ao longo do planejamento de quatro meses entre ideia e execução, o entendimento era de que o Solo de Inovação precisava chamar a atenção dos visitantes pelo formato.
— Quando a ideia do Solo de Inovação chegou até mim, pensei que não seria possível aliar esse tema com o ambiente de Festa da Uva. Não estamos em uma feira, mas em uma festa com diversas atrações voltadas ao lazer e à gastronomia. Mas é nos desafios que percebemos como podemos ser inovadores. Pensamos desde o início em fazer uma programação para todos os públicos e não somente para quem já trabalha com inovação — conta Raissa Camps, diretora de inovação da Sdete e uma das idealizadoras do Solo de Inovação.
A ideia surgiu na Sdete, foi compartilhada com a Governança do Ecossistema de Inovação de Caxias do Sul (grupo criado em novembro do ano passado com 47 entidades para fomentar o setor em Caxias) e que também ganhou a parceria do Sebrae. Além de Raissa, a liderança do Solo de Inovação na Festa da Uva é compartilhada com a analista de relacionamento do Sebrae, Iara Barbosa.
— É uma ação pioneira, estamos testando e eu brinco que é o nosso protótipo. Colhemos sugestões para um próximo evento, se vier a acontecer. Tem muita gente nos procurando para saber como faz para participar do Solo de Inovação e isso nos deixa felizes por perceber o resultado do trabalho — destaca.
Mil vagas de trabalho à disposição
Segundo o titular da Sdete, Elvio Gianni, o fato de Caxias do Sul integrar o segundo lugar em um ranking de inovação entre as 100 cidades mais populosas do Brasil, de acordo com uma pesquisa nacional, precisava ser destacado na festa mais tradicional da cidade. De acordo com ele, a cidade carece de cerca de mil profissionais com capacidade para trabalhar com projetos de inovação e tecnologia em empresas locais, mas enfrenta falta de mão de obra. Por isso, iniciativas como o Solo de Inovação buscam aproximar os jovens do tempo e incentivá-los nesse segmento.
— Inovação é um termo muito técnico e específico para pessoas que estão envolvidas nesse mercado. Por isso, a ideia de trazer esse espaço para a Festa da Uva é popularizar essas iniciativas locais. Até porque estamos falando de um tema que precisa de mudança de pensamento, de concepção, antes de virar algo prático. É por isso que o Solo de Inovação estimula a interação e o processo colaborativo para que, no futuro, possamos colher excelentes projetos de tecnologia e com as ferramentas mais inovadoras do mercado global. Além da prática, trouxemos palestras que mudam o pensamento, fazem os visitantes saírem com novas ideias — destaca.
Um dos exemplos de processo colaborativo da programação do espaço na Festa da Uva foi a Maratona de Inovação, que reuniu na segunda (21) e na terça (22) cerca de 80 jovens de Caxias do Sul para pensarem, juntos, soluções para dois problemas enfrentados pela Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (Codeca): as dificuldades em atender os chamados da população e a deficiência no sistema de informação para manutenção, borracharia, lubrificação ou lavagem.
Quem passava pelo local encontrava os jovens debruçados em uma mesa, alguns com computadores e cartazes, para formatarem a solução. No final do segundo dia de maratona, foram realizadas as apresentações, que contaram com uma banca, formada, entre os integrantes, pela diretora-presidente da Codeca, Helen Machado. A maioria dos projetos visava à criação de aplicativos para celular onde a comunidade pudesse relatar problemas e também o desenvolvimento de softwares para gerenciamento da frota.
Outra iniciativa que chamou a atenção foi a colheita de uva com robô, uma ação realizada no Solo de Inovação e liderada pela Rede de Ensino Caminho do Saber nos primeiros dias da Festa da Uva. A atividade permitia que os visitantes pudessem controlar robôs e fazer a colheita da uva, devendo estar atentos à escolha e ao manuseio do fruto (representado por uma peça em Lego), além de realizar a missão dentro do tempo previsto.
— Na Festa da Uva, estaremos aliando os recursos tecnológicos utilizados em nossas salas de aula, em uma atividade que faz parte dos primórdios da história de Caxias do Sul e que levou a nossa cidade a ser essa potência econômica que é hoje. Estamos falando da vindima, da colheita da uva, o fruto propulsor do sucesso da nossa cidade e região. A inovação chegou ao campo e nós, como escola, também temos o papel de ajudar nesse caminho para um futuro mais tecnológico — afirma Maristela Chiappin, diretora-presidente da Rede Caminho do Saber.
Com tecnologia caxiense, simuladores ajudam em treinamentos para evitar acidentes
Um amplo espaço com simuladores em plataformas, controles, volantes e monitores de televisão exibindo jogos de videogame dá a impressão de que o ambiente é apenas uma sala de jogos para diversão dos visitantes da Festa da Uva. Mas é só conhecer mais sobre a finalidade de cada simulador para entender como uma tecnologia caxiense está ajudando na diminuição de custos e na formação, no treinamento e na capacitação de pessoas a partir de ambientes virtuais e imersivos. E que pode ser vivenciada pelos visitantes do evento.
O estande é da Real Drive, empresa de tecnologia especialista no desenvolvimento de simuladores. O espaço fica localizado no segundo andar do Centro de Eventos e é a primeira vez que a empresa participa da Festa da Uva como expositora. A marca surgiu em Santa Maria, mas transferiu a matriz para Caxias do Sul em 2019, onde está concentrada toda a produção. Ao todo, são 12 anos de experiência no mercado, que ganhou mais força a partir de 2014, quando os simuladores de direção passaram a ser obrigatórios nas aulas teóricas dos cursos de formação de condutores. A expertise no segmento fez da empresa a maior fabricante de simuladores de direção no país.
Entretanto, a partir de 2019, a utilização dos simuladores nos Centros de Formação de Condutores (CFCs) passou a ser facultativa no país – a exceção é o Rio Grande do Sul, onde uma decisão mantém a obrigatoriedade do uso do equipamento na hora de tirar a carteira de motorista. Essa redução no mercado, somada com a chegada da pandemia, fez com que a empresa precisasse ampliar a atuação para se manter competitiva. Foi o momento de utilizar a experiência nas pistas do piloto caxiense Matheus Stumpf, sócio da Real Drive, para ampliar o portfólio de simuladores.
— Com a experiência no automobilismo, ele (Matheus) trouxe a realidade das pistas para o virtual. Foi aí que começamos a produzir uma série de equipamentos e produtos do automobilismo virtual que antes só existiam importados. Criamos uma plataforma de movimento e depois expandimos para a fabricação de volantes, bases, pedaleiras — explica o diretor-executivo da Real Drive, Eduardo Letti.
Além dos equipamentos, que estão expostos no estande individual e nos simuladores, a marca atua também na criação de um ambiente virtual desenvolvido a partir de um sistema computacional, que permite a imersão em um ambiente simulado com interação do usuário. Letti afirma que o projeto mais ousado foi o desenvolvimento do simulador oficial do Rally dos Sertões 2021. A equipe da empresa caxiense, com a ajuda de pilotos profissionais, desenvolveu o simulador Offroad, baseado no modelo Maverick da montadora Can Am. Foram dois anos de desenvolvimento e testes da engenharia juntamente com engenheiros e consultas a equipes de rally.
Existem também outros projetos especiais de simuladores para empresas, como a Volvo –um ambiente virtual desenvolvido para atender as categorias C e E de habilitação, na formação de novos condutores em autoescolas ou treinamento de funcionários – e a Marcopolo Next, com um simulador que permite ao usuário dirigir um ônibus da marca caxiense.
As parcerias chegaram também no poder público.
— Fornecemos em diferentes gestões simuladores para motoristas do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da Presidência da República, onde eles treinam direção ofensiva e evasiva em equipamentos da Real Drive. Antes, eles danificavam os carros nas simulações, mas agora fazem essa tarefa no ambiente virtual e depois vão para a rua — explica Letti.
A empresa conta com aproximadamente 50 funcionários entre engenheiros, programadores, designers, artistas 3D, técnicos, além de representantes e uma equipe de suporte técnico para o atendimento dos clientes. A maioria da mão de obra é local, mas há equipes em outros Estados brasileiros e também fora do país.
— A Festa da Uva não pode perder o DNA dela, precisa mostrar a imigração, a uva e o vinho. Mas precisamos olhar para o futuro. Até onde podemos chegar com a tecnologia? Ninguém sabe. O mundo da simulação é sem limites. Queremos que o visitante sinta a experiência que uma tecnologia desenvolvida aqui permite — comenta.
Materiais feitos com grafeno aparecem pela primeira vez na Festa da Uva
O grafeno, uma matéria-prima industrial que vem ganhando cada vez mais destaque, faz a sua estreia na Festa da Uva. Em 2019, na última edição do evento, havia somente pesquisas que indicavam o potencial do material. Três anos depois, o estande da Universidade de Caxias do Sul (UCS), também localizado no segundo andar do Centro de Eventos, mostra agora para o público da Festa da Uva como o grafeno pode estar presente em diferentes aplicações no dia a dia.
Entre elas, estão placas de coletes à prova de balas, peças automobilísticas e também em uniformes esportivos, como o do Caxias do Sul Basquete. Na vestimenta, tecidos com grafeno deixam o uniforme mais leve e resistentes, ajudando na dispersão do calor e da umidade causada pelo suor. No lado de fora do estande, o visitante poderá conhecer uma espuma para limpeza e filtragem de água, que poderá operar em um protótipo de embarcação na remoção de óleos, microplásticos e lixos nos oceanos. Segundo a UCS, o grafeno permite desenvolver produtos com alta resistência mecânica e capacidade de transmissão térmica, além de mais leves e maleáveis.
Outras iniciativas, além do grafeno, também fazem parte do espaço. Segundo o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UCS, Juliano Gimenez, os ventiladores pulmonares para utilização em pacientes com insuficiência respiratória causada por coronavírus são o principal destaque do espaço da instituição, que soma 70 metros quadrados na Festa.
Estão também no estande o ventilador pulmonar THOR, que foi desenvolvido com tecnologia brasileira em uma rede colaborativa entre a UCS e parceiros da região para auxiliar no enfrentamento da pandemia de covid-19. Por se tratar de um equipamento portátil, desobriga a conexão com o oxigênio encanado, como ocorre num leito de UTI, ampliando a utilização dos ventiladores pulmonares para ambientes extra-hospitalares.
— Trouxemos para a Festa da Uva aquilo que temos de mais avançado em tecnologia, mas que também fossem portáteis. São projetos que demonstram a nossa conexão com a tecnologia, da pesquisa e da inovação, que são pilares para a formação dos nossos estudantes. Mostramos aqui equipamentos que os estudantes da graduação utilizam em ambientes de aprendizado, seja na sala de aula ou nos laboratórios. E também iniciativas para pesquisa e outros que são desenvolvidos em parceria com empresas — explica.
Agricultores familiares comemoram a retomada das feiras
Não seria exagero afirmar que um dos espaços mais queridos da Festa da Uva é a Agricultura Familiar, localizada no Pavilhão 2. É a oportunidade de o visitante levar para casa produtos artesanais em um verdadeiro shopping de colônia.
Nesta edição, estão 30 agroindústrias, sete empreendimentos de artesanato e três de plantas, oferecendo produtos variados produzidos em 28 municípios gaúchos. No local, os visitantes poderão adquirir embutidos, mel, cachaças, vinhos, pães, biscoitos, queijos, massas, sucos, cuias, facas artesanais, plantas, flores e outros itens.
Com o cancelamento das feiras em razão da pandemia, expositores consideram a Festa da Uva como um modelo de retomada dos eventos em um cenário onde a vacinação contra o coronavírus avança. É o caso do produtor Rivelino Werlang, de Frederico Westphalen, que trouxe para Caxias do Sul cerca de 1,5 mil cuias de chimarrão para comercializar. É o primeiro grande evento de que ele participa desde o início da pandemia.
A produção das cuias é feita por seis pessoas de duas famílias, envolvidas desde a plantação da semente de porongo realizada em três hectares, colheita e preparação das cuias. O plantio é realizado em agosto e a colheita começa entre os meses de fevereiro e março. Werlang explica que o porongo ainda aguarda mais dois anos em um estaleiro para secagem da umidade antes de ser comercializado.
Com a pandemia, ele percebeu uma mudança no comportamento do consumidor.
— Antigamente, se vendia muito cuias grandes, com bastantes acessórios. Mas agora, nos últimos anos, cresceu a procura por cuias pequenas, lisas e individuais, que a gente chama de mate solteiro — explica ele, que comercializa cuias entre R$ 15 e R$ 70.
Quem também participa do espaço é a apicultora Cleusa Decker, de Encantado. Ela e o esposo Ari Antônio de Conte fazem parte da Associação dos Apicultores de Encantado, que reúne 10 produtores de mel para comercializar o produto natural em feiras, no comércio e até mesmo para exportação. Por ano, são produzidos oito mil quilos de mel. Essa é a primeira vez que ela participa da Festa da Uva.
— Trabalhar com o mel é um desafio. Dois anos atrás, perdemos 70 colmeias. E tem ainda o clima, que impacta na produção — afirma.
Salame e queijo andam juntos
Duas agroindústrias, uma de salame e outra de queijo, dividem o mesmo estande na Agricultura Familiar. Dessa forma, fica difícil fazer com que a combinação mais tradicional da Serra não saia direto para as sacolas dos visitantes.
Os embutidos são comercializados por Andrieli Coldebella, que veio de Frederico Westphalen e representa a agroindústria Nostra Família. São seis pessoas responsáveis pela produção de salame, morcela, linguiça campeira, bacon, entre outros. O salame e a morcela são os campeões de venda na Festa da Uva, segundo ela.
A marca é uma união de duas agroindústrias, uma da família de Andrieli e a outra do noivo dela. Em 2019, na última edição da Festa da Uva, o negócio familiar chegou como Embutidos Bisolo. Porém, disposta a dar um novo nome para a agroindústria, ela encontrou inspiração no evento.
— Queríamos um novo nome para marcar esse ciclo. Em 2019, os Pavilhões tinham o nome de Nostro Negósio e Nostra Gente. Resolvemos incorporar um pouco dessa temática e passamos a nos chamar Nostra Família. Até porque as vendas naquele ano foram ótimas e temos boas recordações da Festa da Uva — conta ela, que vai participar de outras cinco feiras no Estado somente no próximo mês.
Mesmo com a pandemia, o negócio da família cresceu.
— Passamos a vender mais em mercados porque as pessoas estavam mais em casa e o consumo aumentou — afirma.
Já a produção de queijos vizinha ao estande de Andriele é caxiense. Trata-se da Queijaria Bolson & Camêlo, de Vila Oliva, conhecida pela produção de queijo artesanal. Essa é a terceira vez que a marca comercializa o produto na Festa da Uva.
Segundo o produtor Marcelo Camêlo, a produção de leite caiu em relação ao ano passado, mas ainda não foi contabilizada pela agroindústria, que é formada por ele, a esposa Marta e os filhos Pedro e Isadora
— A estiagem atrapalhou bastante. Dependemos da chuva para o milho, e as vacas sentem bastante o calor — afirma.
Nesta edição, além do queijo tradicional, que é o mais comercializado, a marca expõe um queijo com maturação a partir de 60 dias, que deixa o produto com um sabor diferenciado, segundo ele. A receita do queijo é da sogra de Marcelo, Josefina Luiza Bolson, conhecida como Pina, que empresta o apelido ao produto.
O espaço das agroindústrias familiares é organizado pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) do Estado, Emater/RS-Ascar e Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag/RS).
Estande conta a história da indústria e empresas exibem novidades
Ao mesmo tempo que aposta em tecnologia e inovação em diferentes setores da economia, a Festa da Uva segue como vitrine para a produção industrial de Caxias do Sul e região. Modelos de ônibus, tratores e implementos rodoviários estão expostos no Pavilhão 2 do evento, que concentra os espaços das grandes indústrias locais e são pontos de visitação para caxienses e turistas.
No estande principal das Empresas Randon, que tem 400 metros quadrados de área, é possível ver um semirreboque do modelo Sider, adaptado de maneira tridimensional para que os visitantes possam conhecer exemplos de todos os produtos fabricados pelas empresas do grupo. Há outros atrativos, como orientações com as equipes sobre vagas e oportunidades de emprego.
Ao lado, a Marcopolo aposta em inovação e sustentabilidade. Entre as atrações, estão os três lançamentos recentes da empresa: a linha de rodoviários da Geração 8 e o micro-ônibus Volare Fly 10, que estarão expostos nos estandes da companhia, além do Attivi, primeiro ônibus elétrico produzido integralmente pela companhia, que ficou exposto somente durante o primeiro final de semana do evento.
Outra ação é o estande do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs). A entidade montou um espaço que conta com uma linha do tempo a partir de 1875, quando os primeiros imigrantes italianos chegaram a Caxias, com uma narrativa histórica visual dos principais marcos da indústria da região. Eles são guiados pela personagem Gigia, um robô. A pesquisa foi feita pelo jornalista Charles Tonet.
Há também uma exposição de arte composta por imagens captadas em 62 empresas associadas ao Simecs, de todos os portes, que aderiram voluntariamente à iniciativa a convite da entidade. Produzida pelo fotógrafo Thiago Silva, que captou as imagens in loco nas empresas, a mostra exibe produtos variados da indústria regional, ilustrando a diversidade dos segmentos fabris da Serra.
Os registros revelam a capacidade de produzir desde equipamentos pesados, como guindastes, até itens diminutos, como botões e fivelas de vestuário; de utensílios de cozinha e cooktops a peças para motocicletas e motobombas; de equipamentos médicos e máquinas de joalheria a armamentos e espadas militares; entre outros exemplos de multiplicidade industrial.
— Por ser um espaço visual, as pessoas entram, estão curiosas para conhecer — afirma a recepcionista do estande, Tarina Santos.
Símbolo do evento, a uva movimenta 1,8 mil produtores em Caxias
Símbolo da festa, a uva chega aos visitantes com um sabor mais doce, mas com um cacho menor. São os efeitos da estiagem, segundo a avaliação do secretário municipal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Smapa) de Caxias do Sul, Rudimar Menegotto.
— Tivemos muitas perdas em razão da falta de chuva e isso nos preocupa. Mas, em termos de qualidade, não há o que se discutir, e percebo que essa é uma das melhores safras dos últimos anos. A uva está com uma quantidade de açúcar elevada, deixando uma fruta doce, saborosa e muito elogiada pelos visitantes. Em razão da estiagem, principalmente em janeiro, o cacho se desenvolveu de forma tardia, permanecendo mais tempo no parreiral — avalia.
Poucas pessoas conhecem tão bem a produção da fruta como ele, que esteve à frente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais por quase duas décadas. Neste ano, Menegotto ficou responsável pela aquisição da fruta que está sendo entregue na entrada dos Pavilhões. São três variedades: Niágara Rosada, Niágara Branca e Isabel. A expectativa é distribuir 200 toneladas de uva. Neste ano, além de serem recebidos com a entrega da fruta, os visitantes ainda recebem um cacho para levar para casa, como uma recordação da visita ao evento.
Segundo dados da Emater, Caxias registra 1,8 mil famílias envolvidas na produção da fruta, entre uvas de mesa e também para a fabricação de vinhos. A fruta representa a cultura mais produzida no município, com área plantada de 3.850 hectares. As variedades com maior volume em Caxias são a Bordô e a Isabel. A expectativa é de colher 70 mil toneladas neste ano, mas o número ainda está sendo contabilizado e pode ser menor em razão da estiagem.