É costume buscar elementos comuns em histórias de empresários de sucesso, como se fosse uma fórmula possível de se repetir. Se assim fosse, todos os que um dia começaram seu negócio numa garagem teriam seu império, o que não se aplica de modo geral. Portanto, embora seja viável traçar paralelos nas trajetórias de Adelino Colombo, Raul Randon e Paulo Bellini, o que os tornou diferenciados foi sempre a visão e a coragem de dar o passo seguinte.
Para seu Adelino, o sucesso comercial era predestinação. Desde que iniciou negócio com seu primo, Dionysio Balthazar Maggioni, em uma pequena loja de venda e conserto de eletrodomésticos, em um imóvel de 40 metros quadrados, em 1959, Dionysio assumiu a parte operacional, enquanto Adelino ficou responsável das vendas e negociações.
O próprio Adelino avaliava o início da trajetória retroativamente como inexperiente:
"Como a maioria das empresas brasileiras, a Colombo nasceu do nada, sem pesquisa, sem capital e sem muita experiência", contou em reunião-almoço na CIC Caxias.
Ele costumava dizer que "muita coisa se supera na base da dedicação e do trabalho" e foi apostando nesse instinto que desbravou. Especulando ao seu redor, conseguiu conquistar território e expandir. Dois anos depois, já vendia em Caxias do Sul e gradativamente foi ultrapassando fronteiras para em 1999 se nacionalizar. E, aquele pequeno negócio, de 40 metros quadrados, cresceu. Mais de 60 anos depois, a Colombo se espalha pelo Brasil em 305 lojas, empregando mais de 4,6 mil pessoas. É hoje a maior rede de eletromóveis do Sul e a 10ª do país.
— Ele era uma pessoa à frente do seu tempo, muitos começaram nesse tempo, no mesmo ramo com oficina de rádio, televisão e vendas e era difícil, mas ele prosperou, soube fazer melhor, criou a rede de lojas. Foi a primeira franquia na região — destaca o presidente da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), Luiz Carlos Bohn.
E o DNA de negócios de seu Adelino continua a prosperar, mesmo em tempos difíceis economicamente. No último ano, a lojas Colombo faturou R$ 1,956 bilhão, valor mais de 20% superior ao de 2019.
Prosperou onde muitos tentaram
Para o presidente da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), Luiz Carlos Bohn, não foi meramente por ter aproveitado a oportunidade da época que Adelino prosperou:
— Foi alguém que teve um tino de transição quando mudamos do período de rádio para a televisão. Foi uma oportunidade, mas ele soube aproveitar essa oportunidade, então ele tinha algo especial. Ele tinha magnetismo, o seu sorriso atraía, ele não chegava falando de negócios, mas com certeza estava pensando em negócios. Ele sabia atender, tinha paixão pelo que fazia, ficou na empresa até o fim, sempre buscou inovação — destaca.
Ele lembra que apesar de ser um nicho surgido naqueles tempos com o advento da televisão, o ramo era complexo.
— Lembro desse tempo em que outros começaram e não prosperaram. Vender televisão era estranho, difícil, não tinha sinal no interior, principalmente ali em Farroupilha. Então para vender televisão naquele tempo tinha que conseguir vender em um local, e uma vez vendido naquela localidade se tornava uma coqueluche, às vezes o sinal não era tão bom, mas as pessoas acabavam comprando.
O IMPÉRIO
- Estrutura: 305 lojas em todo o Brasil.
- Funcionários: mais de 4,6 mil.
- Faturamento: em 2020, 1,956 bilhão, valor mais de 20% superior ao de 2019.
- Grupo Colombo: composto pelas lojas de eletromóveis e pelas empresas Crediare; ColomboCred, especializada em empréstimos; Colombo Motors; Colombo Consórcios; Colombo Casa Pet; Feirão de Móveis; e a Colombo Tech, desenvolvedora de soluções de software para varejo em nível nacional.
Expansão comercial e participação em entidades
Estrategicamente, a Colombo não mais se resume a lojas há muito tempo. Hoje, o Grupo Colombo é composto também pelas empresas Crediare; ColomboCred, especializada em empréstimos; Colombo Motors; Colombo Consórcios; Colombo Casa Pet; Feirão de Móveis; e a Colombo Tech, desenvolvedora de soluções de software para varejo em nível nacional.
Adelino também participou ativamente de entidades associativas e do Rotary Internacional. Foi o quarto presidente da história da Câmara de Dirigentes Lojistas de Caxias do Sul, entre os anos 1968 e 1969.
Imprimindo sua personalidade durante as décadas em que esteve no comando da companhia, Adelino expandiu a rede para os estados vizinhos, Santa Catarina e Paraná. Em 1999, em uma tentativa de nacionalizar a marca, instalou-se no interior paulista, onde a Colombo chegou ter 65 lojas. Chegou a ser a terceira maior cadeia do setor ao avançar em São Paulo e Minas Gerais.
O alto custo para anunciar e a competição agressiva do setor obrigaram o empresário a dar um passo atrás em 2012, e as unidades paulistas acabaram vendidas para a rede paulista Cybelar.
MARCAS DA VIDA DE ADELINO COLOMBO
Adelino Colombo sempre foi admirado por ser um empresário persistente de espírito arrojado, que aliava sua intuição e talento nato para os negócios, sempre se atualizando às novas tendências. Não por acaso, liderou a evolução de um pequeno comércio a uma rede de 305 lojas físicas com mais de 4,6 mil colaboradores.
- 1930 - Nasce em 23 de dezembro, Adelino Raymundo Colombo em Nova Milano, localizada no interior de Farroupilha, região serrana do Rio Grande do Sul.
- 1947 - É admitido como balconista de uma loja de secos e molhados.
- 1952 - Aos 22 anos, compra o armazém onde trabalhava. É inaugurado, com mais dois sócios, o Armazém Colombo.
- 1959 - Desfaz a sociedade com os dois antigos colegas de trabalho. Em 30 de novembro, em sociedade com o primo Dionysio Maggioni, funda a Maggioni & Colombo Ltda.
- 1960 - A loja Colombo passa a vender televisores. A venda do aparelho de porta em porta garante o bom desempenho do negócio.
- 1965 - É aberta a primeira filial em Caxias do Sul. Logo em seguida são abertas outras filiais na região da Serra.
- 1983 - Chegada da Colombo a Porto Alegre, mesmo período em que cruzou a fronteira rumo aos estados de Santa Catarina e do Paraná.
- 1992 - Já com várias filiais, a organização inaugura a marca Lojas Colombo. Ao todo são 167 lojas e 16 franquias nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
- 1999- A Colombo chega ao interior de São Paulo e inicia o processo de nacionalização da marca.
- 2008 - Mantendo os projetos inovadores, instalou terminais eletrônicos de autoatendimento nas suas unidades, possibilitando o pagamento com carnê ou via cartão de crédito e eliminando filas.
- 2012 - Através de uma revisão de posicionamento, a Colombo optou em investir e fortalecer-se nos Estados da Região Sul do país.
- 2018 - A Colombo planejou a expansão do seu e-commerce para aumentar a gama de produtos oferecidos e a representatividade do mundo digital nas vendas da rede.
- 2019 - Entra em cena a Colombotech, desenvolvedora de soluções de software para varejo e também o marketplace no e-commerce da Lojas Colombo.
- 2020 - Início das operações da Colombo Casa Pet. Foram abertas quatro lojas durante a pandemia. Ocorreu ainda a inauguração das primeiras lojas Colombocred, especializada em serviços financeiros.
- 2021 - Colombo adquire a rede Feirão de móveis, sendo 70 novas lojas somadas as de eletros.