O Banco Central (BC) segue sua política de forte intervenção sobre a economia brasileira. Por isso, na quarta-feira (22), pela quinta vez consecutiva, em reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom),ficou definido um novo valor para taxa Selic, que sai dos 5,25% para 6,25% ao ano. Na prática, o que essa série de aumentos impacta na vida dos consumidores?
Segundo os economistas consultados pela reportagem, ela impacta de forma considerável. Isso porque, o principal objetivo do aumento da taxa Selic está na contenção da inflação, que é sentida no bolso do consumidor em compras que ele faz no supermercado e no pagamento de contas domésticas, como a energia elétrica, gasolina e gás de cozinha. A Selic também influencia todas as taxas de juros do país, como as praticadas em empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras.
Outro ponto fundamental é que o aumento da taxa Selic, além de ser uma tentativa de conter a inflação, impacta na maneira de consumir e investir. Além disso, serve para atrair capital estrangeiro para o país, como explica a professora e economista da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Maria Carolina Gullo.
— O crédito e custo do dinheiro ficam mais caro, o que estimula as pessoas a pouparem mais do que gastar. Também há uma necessidade de investimento estrangeiro no país. Temos que ter aporte de recursos que vem em dólar estimulados pelo rendimento, o que só acontece quando a taxa real é alta. Com isso, os títulos públicos que não eram atraentes, aumentam e viram estímulo para serem comprados — justifica Maria Carolina.
Além dos investidores estrangeiros, o aumento da taxa Selic também traz ganho para quem tem seus rendimentos guardados, por exemplo, na poupança, conforme explica professor e economista Mósar Leandro Ness.
— Você abre o apetite do investidor externo, que olha para o país, enxerga e diz: "Se manter o dinheiro aplicado no tesouro americano, não tenho risco, mas no Brasil posso ganhar um lucro de + de 1% ao ano". Para o doméstico também é, porque a poupança gerava um ganho negativo, hoje, pela inflação mais a Selic, gera um rendimento positivo. Por isso, todos que tenham capital para investir entram nesse circuito e se beneficiam — argumenta.
Apesar da quinta alta em 2021, a inflação segue em alta no Brasil. Maria Carolina Gullo, indica os motivos para que isso esteja acontecendo.
— A inflação é um aumento generalizado dos preços, que pode ser de custo ou demanda. No custo, o salário e a matéria-prima são altos. Por demanda, é o excesso de consumo para pouca oferta. Nesse momento temos um pouco das duas e parte da inflação, o responsável é a alta do dólar. Isso deixa tudo que vem de fora mais caro, ao mesmo tempo que estimula as empresas a exportarem mais seus produtos por ser rentável. Virou uma baixa oferta de produtos aqui dentro. Na construção civil, por exemplo, estão faltando materiais, porque os de melhor qualidade estão sendo exportados. Nas prateleiras, o café, o açúcar e outros produtos, ganham mais vantagem se vendidos lá fora do que aqui —argumenta.
Taxa Selic em 2001
Confira a seguir, a progressão do aumento da taxa Selic, desde janeiro até a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, realizada na quarta-feira (22). Em janeiro, uma ressalva, ainda se tratava da mesma taxa de 2%, registrada em agosto de 2020.
22 de setembro
6,25%
4 de agosto
5,25%
16 de junho
4,25%
5 de maio
3,50%
17 de março
2,75%
20 de janeiro
2%