Os bares e restaurantes de Caxias do Sul estão indo quase na contramão de uma pesquisa divulgada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). O levantamento destaca que 40% dos estabelecimentos no Rio Grande do Sul encerraram o mês de julho deste ano no vermelho. De acordo com Vicente Perini, presidente do Sindicato Empresarial da Gastronomia e Hotelaria Região Uva e Vinho (Segh), esses dados não refletem a realidade local.
— Não digo que todos, mas a maioria está contente com a retomada das atividades próximas do normal e com o retorno das aulas, isso leva mais público aos buffets no horário do almoço. Eu não concordo que julho tenha sido tão ruim. Eu acredito que houve aumento e dependendo da localização, com as férias de julho, alguns podem ter fechado no vermelho — explica Perini.
A pesquisa da Abrasel ainda ressalta que julho teve o menor índice de prejuízos no ano. O levantamento diz que 37% dos empreendimentos equilibraram as contas e 23% conseguiram obter lucros. Ainda assim, 8% dos estabelecimentos gaúchos não conseguiram pagar os salários integralmente em agosto. Outro dado que chama a atenção e é uma realidade compartida por quase todos é o endividamento, afinal quase todos os empresários realizaram um empréstimo para manter seu negócio em funcionamento.
— Isso é realidade. Eu tive que fazer, caso contrário eu não aguentaria. Para quem tinha uma luz, uma confiança no seu negócio, acabou fazendo empréstimo. Quem achou melhor desistir, fechou. Mas em relação a empréstimos, a maioria fez e ainda falta o retorno gradativo à normalidade, que a gente espera que ocorra nos próximos meses — ressalta Perini.
A expectativa geral em Caxias do Sul é o movimento seguir melhorando, principalmente com a vacinação sendo ampliada. Os eventos são o grande diferencial até o início de 2022, para que o setor consiga recuperar todos os danos causados pela pandemia.
— Estou tendo um bom retorno agora, pelo que vejo a maioria também. A cidade está num movimento maior até turístico. Eu notei bastantes turistas pela cidade, agora a Mercopar chegando e Festa da Uva. Quanto mais eventos tivermos, melhor será para o setor de hotelaria e gastronomia — afirma Perini.
Mudança com foco no futuro
Um dos restaurantes caxienses que mudou de localização foi o Boaz Cozinha e Bar. Segundo o chef e empresário Willian Williges, de 29 anos, o novo local é pensado para a retomada pós-pandemia e o início das estações com maior temperatura.
— As pessoas vão priorizar locais com boa circulação de ar, arejado e mais iluminado. O nosso antigo local era mais fechado, escuro e pequeno — justifica Williges.
A mudança para um lugar maior também criou novos empregos com aumento da equipe de atendimento. Por isso, com o avanço da vacinação e uma retomada gradual da normalidade fortalecem as perspectivas para fechar o ano em crescimento.
— O pior momento foi ano passado e no início desse ano. A partir de maio para frente vem melhorando bastante. A gente fez a mudança, foi bem aceito e já superou nossas expectativas. Lógico que nesses últimos dias com o frio e a chuva baixou um pouco a movimentação. Mas a gente não tem do que reclamar, estamos felizes com esse novo endereço e prospectamos melhoras daqui para frente — completa o empresário.
Realidade nacional
A pesquisa consultou 1.272 estabelecimentos em todas as regiões do Brasil, em que 37% alegaram estarem trabalhando no prejuízo. Um número bom, quando analisado com outros meses do ano: 54% em junho; 77% em abril.
Além disso, metade dos bares e restaurantes consultados alegam estar com algum atraso no pagamento de empréstimos. Por fim, 83% dos empresários têm a percepção de que alimentos e bebidas subiram mais de 10% no primeiro semestre.