Dentro da programação da Mercopar, realizada em Caxias do Sul, ocorreu o Mind7Startup, um evento de (e sobre) negócios da nova economia, inovação e empreendedorismo. Dentre as diversas palestras, uma das que mais chamou a atenção foi a de histórias de startups que nasceram, cresceram ou mudaram seu perfil justamente dentro da pandemia. Ou seja, os participantes puderam conhecer a atuação e os resultados de startups que tiveram marcos expressivos, apesar do cenário desfavorável. Enquanto tinha gente desistindo, eles fizeram (e seguem fazendo) história.
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O Sucateiro
Apresentado no evento como a Startup que cresceu - e muito - na pandemia, o case da Sucateiro ficou por conta de Rafael Nonnenmacker co-founder e CMO (Chief Marketing Officer ou, em bom português, diretor de marketing). A plataforma, que iniciou em 2016, tem atualmente 150 mil visualizações, por mês, por pessoas e empresas de 110 países.
Estão cadastrados, 12.636 usuários, sendo 142 clientes premium, contendo 16.226 produtos à disposição. Já foram vendidos mais de R$ 10 milhões pela plataforma. No primeiro trimestre de 2019, foram comercializados R$ 370 mil. Na pandemia, no segundo trimestre de 2020, a marca chegou a com R$ 6,8 milhões.
– Em abril, maio e junho, quando tudo fechou nós começamos a "explodir", a escalar as nossas vendas – revela Rafael Nonnenmacker.
Em meio à pandemia, a startup investiu tempo e recursos na melhoria da plataforma, além de uma mudança no modelo de negócio, sem a necessidade de vender franquias, por conta da automatização dos dados dos clientes.
– Antes da pandemia, vendíamos franquia. Era o franqueado, em uma localidade, que fazia prospecção nas indústrias e encontrava itens obsoletos e sucatas para colocar na plataforma. Atualmente, integramos junto à nossa plataforma, por exemplo, um item que não gira há 24 meses na empresa, já cai direto na nossa plataforma. Por isso, hoje não faz mais sentido ter franquia.
Meu vizinho
Carlos Ávila é CEO (Chief Executive Officer, ou seja, o presidente executivo) da plataforma Meu Vizinho, disponível para o sistema Androide. A startup nasceu na pandemia, conforme relato de Ávila, "no dia 22 de maio de 2020, às 19h13min", quando a plataforma entrou no ar. Até o dia 15 de novembro, integravam a plataforma 25.437 vizinhos, com 10.121 negócios cadastrados, em 960 cidades do Brasil. Só em Caxias, são mais de 400 tipos de profissionais cadastrados, oferecendo seus produtos e serviços.
– Nascemos na pandemia, para fortalecer o comércio local e nosso crescimento tem sido muito rápido. Temos crescido, de forma orgânica, 2% ao dia – explica Ávila.
A ideia da startup surgiu a partir de pequenos sinais que foram saltando aos olhos de Ávila, e que ele foi anotando em seu caderno de ideias.
– Na pandemia, vi uma reportagem de um peixeiro. Ele imprimiu, em uma filha simples, número de Whatsapp dele e espalhou no seu bairro. Com isso, ele vendeu oito vezes mais do que no ano anterior. Quando vi isso, pensei: "Opa, tem negócio aí".
E foi dessa forma que nasceu a ideia do Meu Vizinho, para conectar pessoas próximas, segundo Ávila, de forma simples, intuitiva e gratuita, por meio de uma plataforma baseada em geolocalização. Como sintetiza Ávila, a ideia é a seguinte:
– É vizinho comprando de vizinho e vendendo para vizinho.
BIMachine
A startup que inovou na pandemia foi a BIMachine, criada em 2005. Ana Paula Thesing, CMO (Chief Marketing Office) da startup, revela que a empresa é a principal plataforma de Business Intelligence brasileira. Apesar do foco ser empresarial, Ana trouxe à trona um conteúdo sensível, de como a pandemia impactou negativamente as corporações, principalmente nos primeiros meses.
– Antes da pandemia estávamos planejando aumento de clientes, de faturamento, e expansão, eu ia fazer uma especialização fora do país. E, de repente, vem a pandemia. Como faz? Como adaptar uma estrutura e um modelo de negócio? – desabafa Ana.
A CMO da BIMachine foi ainda além e revelou o clima que pairava não apenas na startup da qual faz parte, mas também do mercado.
– Quando começou a pandemia foi quase um luto, as empresas são vários CPFS que formam um CNPJ e todos passaram por questões emocionais. Todos tivemos de lidar com frustrações, mas precisamos nos reinventar e estar motivados – justifica.
Passado o susto inicial e, com 97% das empresas clientes da BIMachine, trabalhando em home office, era preciso se reinventar para permanecer forte no mercado.
– Mudamos nossa forma de posicionamento. Ampliamos nosso time, principalmente na área de vendas e focamos na indústria de alimentos e bens de consumos, que se mostraram menos suscetíveis na crise – revela Ana.
Atualmente, a startup tem realizado mais de 15 apresentações por dia e o uso do produto aumentou em 195%, em comparação a janeiro e setembro de 2020.