Os últimos reajustes feitos pela Petrobras, ainda em junho, vêm refletindo nos preços de revenda do botijão 13kg do gás de cozinha em Caxias do Sul desde o início deste mês. Nesta terça-feira (14), a reportagem consultou os preços em 11 dos mais de 20 estabelecimentos da cidade. Para retirada no local, são praticados valores que variam de R$ 70 até R$ 80. No serviço de entrega, mais utilizado pelos consumidores, a tabela fica entre R$ 83 e R$ 88.
Sendo assim, o preço médio de um botijão de gás em Caxias do Sul gira em torno de R$ 81,12. O valor é 4,6% mais alto que a média calculada a partir de consulta feita pelo Pioneiro em outubro de 2019, que foi de R$ 77,53.
Os proprietários das revendas comentam que, há tempos, vêm tentando conter o repasse dos sucessivos reajustes, mas alegam que a oscilação é frequente e que acabaram elevando os preços para acompanhar um aumento que, segundo eles, já vinha sendo praticado pelas companhias.
— Muitas pessoas reclamam, porque a Petrobras não divulga tanto, e a gente vai segurando até que pode — afirma o proprietário de uma das revendas, Ezequiel Conceição, que diz ter aumentado os preços pela primeira vez no ano, mesmo com os reajustes que já foram repassados pelas companhias.
De acordo com o Sindicato das Empresas Distribuidoras, Comercializadoras e Revendedoras de Gases em Geral no Estado do Rio Grande do Sul (Singasul), a Petrobras calcula o preço com base em uma série de indicadores, como o preço dos derivados, além da cotação do dólar e os custos para o transporte do produto, uma vez que 30% do consumo nacional provêm de importação.
Segundo o sindicato, a flutuação o ocorre semanalmente, porém, de acordo com o presidente da entidade, Ricardo Tonet, esses reajustes não vêm sendo divulgados da mesma forma que ocorre com outros combustíveis derivados do petróleo.
— Os últimos sete aumentos não tiveram anúncio oficial. O que sabemos é pelos revendedores, que acabam tendo o aumento repassado pelas companhias. Segundo os revendedores de Caxias, o último foi no dia 25 de junho e pode variar conforme o repasse de cada distribuidora — afirma Tonet.
Revendedores de Caxias do Sul dizem que as companhias já sinalizam um novo reajuste ainda em julho, lembrando que o repasse ao consumidor fica a critério de cada empresa.
Caxias paga mais caro
Conforme o presidente do Singasul, as seis companhias que comercializam gás de cozinha no Rio Grande do Sul têm a liberdade de praticar os preços que quiserem, podendo, inclusive, variá-los de município para município.
Atualmente, na cidade, as revendas compram o botijão com um valor médio de R$ 58,11 sendo, de acordo com Tonet, a cidade do Estado que paga mais caro. A média de compra junto às companhias praticada no Brasil é de R$ 50,33 conforme dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
— Essa região serrana sempre pagou mais caro, então as revendas acabam repassando um valor mais alto também. Enquanto sindicato, não temos como interferir nisso, mas orientamos que, havendo aumento de custo, os revendedores se preocupem em manter o equilíbrio da empresa e repassar quando não houver mais opção — explica Tonet.
Consumo aumentou na pandemia
As mudanças causadas pela pandemia do novo coronavírus têm impactado de diferentes formas todos os setores da Economia. No caso da comercialização de gás de cozinha, o impacto tem sido positivo para as revendas, que estão registrando aumento nas vendas.
Na Central Gás, por exemplo, desde o mês de março foi percebido um aumento de, pelo menos, 15% nas vendas, conforme o proprietário Ezequiel Conceição. Ao mesmo tempo, a opção pelo pagamento em cartão de crédito, muitas vezes de forma parcelada, tem sido 40% mais solicitada pelos clientes.
Conforme o presidente do Singasul, Ronaldo Tonet, o aumento do consumo de gás de cozinha registrado durante a pandemia não ocorre apenas pelo fato de as pessoas ficarem em casa e cozinharem mais, devendo-se também à influência de outro fator: o Auxílio Emergencial do Governo Federal.
— Muitas pessoas tinham uma atividade remunerada e agora estão sem. Por outro lado, outras tantas que não tinham renda, ou dependiam de auxílios menores, como o Bolsa Família, agora estão chegando a receber parcelas de R$ 1,2 mil. Com esse dinheiro novo, elas compram itens básicos, e o gás de cozinha é um deles — afirma Tonet.