Ao menos 231 mil passageiros deixaram de utilizar o transporte coletivo apenas em dias úteis desde o início das medidas de restrição à circulação em Caxias do Sul. O número representa uma queda de 73,3% em relação ao esperado para o período, de acordo com dados da prefeitura.
A circulação dos ônibus na cidade está restrita desde o dia 21 de março, quando foi publicado o decreto que determinou o fechamento do comércio e suspensão de outras atividades econômicas. Conforme o secretário de Trânsito, Alfonso Willembring, a média semanal antes da pandemia era de 105 mil a 107 mil passageiros .
Na primeira semana com restrições, entre os dias 23 e 27 de março, quando 25% da frota estava autorizada a circular, apenas 17% do total previsto de usuários se confirmou. A semana seguinte, com 40% dos ônibus nas ruas, foi registrado 25% do normal de passageiros, enquanto a semana passada teve 38% do total esperado. Nesta semana, o serviço está circulando com 45% da frota, segundo o secretário, mas ainda não há estimativa do volume de passageiros.
— O início foi bastante restrito, depois aumentou um pouco mais. Na primeira semana quem mais utilizou foram os trabalhadores de hospitais, unidades básicas de saúde. Acredito que tenha de 10 mil a 12 mil pessoas que trabalham nessa área — explica Willembring, que considera o número de passageiros transportados dentro do esperado nessas condições.
Segundo o secretário, o retorno da indústria teve pouco impacto sobre o transporte coletivo porque a maioria das empresas adota o fretamento. No entanto, caso o comércio seja autorizado a funcionar a partir de quinta-feira (16), a frota de ônibus em circulação também deve ser ampliada. Além das restrições, o passe livre para idosos e meia entrada para estudantes segue suspensa devido à paralisação das escolas e à recomendação para que pessoas acima de 60 anos, integrantes do grupo de risco, fiquem em casa.
A queda na circulação de passageiros impactou diretamente nas contas da Visate, empresa que opera o transporte coletivo em Caxias. Até agora, a concessionária pagou apenas metade dos salários de março. Foram 15% no dia 20 e outros 35% no dia 6 de abril, conforme política de depósitos quinzenais. Por meio da assessoria de imprensa, a empresa disse que deve pagar a outra metade em breve, mas ainda não há uma data.
De acordo com Willembring, a Visate tem relatado a situação financeira à secretaria, que autorizou a redução da frota também para minimizar o impacto sobre a empresa. Apesar disso, não há previsão de auxílio do município ou isenção fiscal.
— Não são só eles, todas as empresas estão sofrendo. Qualquer tipo de isenção agora compromete o caixa do município, que, na verdade, já está comprometido — explica.