A diretoria do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs) faz uma reunião interna a partir das 14h desta terça-feira (17) para tratar da paralisação das empresas do setor em função da pandemia de coronavírus. Conforme o presidente da entidade, Paulo Spanholi, a paralisação, ao menos parcial, é inevitável, mas é preciso ainda definir qual será a extensão da paralisação das atividades nas empresas.
— Não sabemos se será preciso paralisar 10%, 20% ou 40%. A partir da tarde, deveremos ter um panorama melhor — comenta.
Uma definição sobre como vai ficar o regime dos trabalhadores deverá ser discutida também em reunião no fim da tarde desta terça entre o Simecs e o Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul. A entidade que representa as empresas busca propor que seja feita uma negociação para ampliar, dentro do acordo coletivo da categoria, a flexibilização da jornada de trabalho e a compensação por banco de horas. Trabalhadores de áreas administrativas das empresas poderão trabalhar de casa. O Simecs defende também que nenhuma decisão seja feita de forma separada pelas empresas, mas que seja algo organizado no setor, com a orientação da entidade.
Spanholi entende que a possibilidade de férias coletivas deveria ser discutida em uma etapa posterior, se houver necessidade. Segundo ele, o uso do banco de horas seria importante para evitar demissões em função do cenário econômico atual.
— Algumas empresas estão com problema de desabastecimento, principalmente no setor eletro-eletrônico, onde estão faltando os componentes de origem chinesa. A preocupação já é geral com matérias primas importadas, itens que até o fim da semana já acabam, e está difícil a logística de importação — descreve, acrescentando que o impacto poderá ser sentido a partir de abril.
Tanto o presidente do Simecs quanto o do Sindicato dos Metalúrgicos, Assis Melo, colocam a preocupação principal com a proteção à saúde dos trabalhadores e da população em geral, embora exista também a preocupação com a economia. Assis comenta que, diante da necessidade de paralisações, serão ainda negociadas as condições para minimizar o impacto aos trabalhadores.
— Nós já temos algumas cláusulas na própria convenção coletiva. Questões que impactem mais, como paralisação, nós vamos tratar para que os trabalhadores não tenham prejuízo para cuidar do seu próprio sustento. Agora, temos que nos preocupar com questões de proteção (da saúde) dos trabalhadores — observa.
O presidente do sindicato dos metalúrgicos também diz que orientações que resultarem das definições após a reunião com o Simecs deverão ser repassadas em cada empresa aos trabalhadores.
Marcopolo e Randon
Contatada pela reportagem durante a manhã desta terça (17), a Marcopolo informou que está monitorando a situação em Caxias do Sul, no Brasil e no mundo, e que todas as operações seguem funcionando normalmente. Afirma que está tomando todas as medidas de prevenção recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Ainda segundo a Marcopolo, não estão descartadas férias coletivas, mas o tema ainda está sendo avaliado. As empresas do grupo somam 8 mil trabalhadores em Caxias do Sul e outros 2 mil no restante do Brasil.
Já a Randon afirmou que também está seguindo as recomendações de prevenção desde os primeiros alertas da OMS, como a suspensão de viagens e distribuição de produtos para evitar a transmissão da covid-19. Informou, ainda, que segue com as fábricas em operação e não comentou a possibilidade de paralisação.
Confira a nota da assessoria de imprensa da Marcopolo:
A Marcopolo informa que está monitorando a situação em Caxias do Sul, no Brasil e no mundo com relação ao Covid-19 e que todas as suas operações seguem funcionando normalmente. A empresa vem tomando todas as medidas recomendadas pela OMS com relação à prevenção, contagio e tratamento e, caso se faça necessária qualquer outra medida, a companhia não hesitará em tomar para garantir e preservar a saúde e o bem-estar dos seus colaboradores, familiares e das comunidades onde possui fábricas.
Confira a nota da assessoria de imprensa da Randon:
Desde os primeiros alertas da Organização Mundial da Saúde (OMS) em relação ao COVID-19, ainda no mês de janeiro, as Empresas Randon intensificaram as ações de cuidado com suas equipes. A companhia passou a contar com um comitê dedicado a estudar ações adicionais de precaução a serem disseminadas para todas as empresas grupo, tanto no Brasil quanto no exterior. Entre as medidas já adotadas estão campanha preventiva contra infecções respiratórias, entrega de kit prevenção (álcool em gel, lenço umedecido e máscaras) antes de viagens, acompanhamento médico aos profissionais que retornaram de destinos internacionais e resguardo domiciliar, independentemente do quadro de saúde.
Como precaução, as Empresas Randon também suspenderam viagens internacionais, visitas às unidades da companhia e eventos internos. As viagens nacionais e regionais, em transporte aéreo, executivo ou ônibus estão sendo evitadas. A orientação é que todos encontros presenciais, como reuniões e treinamentos, sejam substituídos por videoconferências. A companhia ainda aumentou a oferta de álcool em gel e reforçou a higienização dos espaços compartilhados.
As Empresas Randon estão com suas unidades fabris operando e destacam que, neste momento, ainda não é possível mensurar os impactos nos negócios por conta do COVID-19.