Anderson Trevisan, 36 anos, cresceu, como o próprio define, "dentro de um xis". Aos 12 anos, já trabalhava na casa de lanches da família, o Tuni-kão, no bairro Lourdes, inaugurado pelo avô e o tio em 1987. Anos depois, o pai dele também investiu no segmento, criando o Tonico Lanches, na área central de Caxias, onde Anderson também atuou por um tempo. A tradição tornou o destino de Anderson inevitável. Aos 24 anos, ele decidiu aceitar a vocação natural e passou a administrar o seu próprio restaurante.
Nessa época, entretanto, com o xis consolidado como um xodó do caxiense, a concorrência já era intensa, praticamente em cada esquina. Foi então que num gesto involuntário, há 9 anos, Anderson decidiu colocar um boneco do personagem Predador em cima do balcão do estabelecimento. A simples intervenção gerou assunto entre clientes.
Quando mudou o estabelecimento de endereço, Anderson investiu na ideia que, aos poucos, foi se tornando um dos principais chamarizes do local. Hoje, o Tonico Lanches conta com aproximadamente 300 itens nerds, além da decoração. Nas paredes e balcão são exibidos controles de consoles como Atari, Nintendo e Playstation, artes voltadas à cultura nerd e bonecos e bustos de personagens conhecidos de franquias como Star Wars, Vingadores, Exterminador do Futuro, Gremlins, A Hora do Pesadelo, De Volta para o Futuro, Caça-Fantasmas, entre outros. Hoje, a casa é praticamente um templo nerd.
— O público nerd é um público bom, porque é educado e fácil de lidar. Sempre fui nerd e quando comecei com isso pensei "bah, os nerdão vão curtir", que é quem eu gosto, quem eu tenho linha de conversa. Se vier no balcão comentar sobre video-game, sobre filmes de super-herói, o papo rende — afirma Anderson.
O boneco do Predador, percursor do conceito, já não se encontra mais no restaurante. Foi doado a um funcionário. Em contrapartida, quatro máscaras do personagem em tamanho real preenchem uma das bases do prédio. Se a "cartilha" do empreendedor recomenda que todos trabalhem com o que gosta, para Anderson, a máxima se aplica:
— Não foi nada pensado. Comecei a colocar boneco no balcão, vi interesse das pessoas e fui colocando "a louco". Quando mudei de endereço aí sim fiz todo um projeto. Fui colocando minhas próprias coisas, tudo frustração de piá que comprei quando já estava velho. Hoje, de fato, ganho dinheiro com o que eu gosto — comenta.
Atualmente, o Tonico Lanches possui 10 funcionários e produz média de 250 lanches por dia.
Ambiente é importante, mas não o principal
Anderson Trevisan ressalta que a experiência gerada ao cliente por meio do ambiente temático, embora importante, é apenas o complemento:
— O meu foco é vender comida e não entretenimento. Mas obviamente que o ambiente faz uma diferença grande. Tem gente que atravessa a cidade para vir comer aqui. Por isso, aqui dentro ele (o cliente) tem de ser rei. Tem de comer a melhor comida, ter o melhor atendimento e lugar para ele ficar. Ele escolheu aqui para deixar o dinheiro dele.
Para quem frequenta o Tonico, assunto não falta. Basta olhar para o lado que uma referência nostálgica gera conteúdo para conversa. A preferência pela experiência está nos números. Ele comercializa cerca de 250 refeições por dia. Dessas, segundo Anderson, do total do movimento, apenas 10% representam pedidos por entrega.
— As pessoas preferem vir aqui mesmo. Nós preferimos também, o xis é diferente do que a tele, não chega igual. Estando aqui se consome mais também.
Mandamentos do Tonico
A experiência do cliente
"Uma casa sem cliente não é nada, por mais bonita que seja. Se trabalhar com qualidade para o cliente, o ambiente é um complemento. Você vende uma experiência, mas a experiência tem de ter sabor".
Investimento com know how
"Não basta investir na boa ideia, tem de ter feeling e experiência no meio que pretende empreender. Aliar o prazer com bons resultados é possível somente a partir disso".
Bem-estar aos funcionários
"Tem de criar ambiente bom para o funcionário ser feliz aqui dentro, desde a parte da alimentação, relacionamento e o salário, lógico. Saber contratar também é importante, e meu critério principal não é nem ter experiência, se eu vejo que é educado, está ótimo. Se for atendido por pessoa educada, o cliente tolera até erro. Se você erra o xis e é educado, o cara tolera, se erra e foi maltratado, já era."
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