Quando o assunto é economia, a maioria debruça-se em números e dados estatísticos. Mas por detrás de cada real faturado, há uma legião de homens e mulheres girando a cadeia produtiva. E não é a crescente automação e a migração, mesmo que ainda lenta, à indústria 4.0 que vai eliminar as pessoas do processo. Debaixo das asas do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs), estão mais de 50 mil trabalhadores, que exercem suas atividades em mais de 3 mil empresas da região. Este segmento da economia gerou R$ 21,2 bilhões de faturamento, nas empresas dos 17 municípios que fazem parte do Simecs. Apenas em Caxias, o segmento faturou R$ 15,2 bilhões. Estes dados fazem parte do Balanço Social, divulgado pelo Simecs.
— Como entidade, nós temos a obrigação de mostrar à sociedade o resultado do trabalho de estatística que é feito, tanto na área financeira bem como na área social — explica o presidente do Simecs, Paulo Antônio Spanholi.
A remuneração média dos trabalhadores, em 2018, ficou em R$ 3.496. E acrescido aos benefícios fechou em R$ 4.207. Até o final de janeiro, a entidade vai ter os dados de 2019.
— Nem todos os dados nos foram entregues pelas empresas, mas até o final deste mês teremos dados mais aproximados da realidade, por exemplo, sobre a remuneração média dos funcionários. Não está fechado ainda, mas acreditamos que em 2019 o nosso trabalhador teve um resultado de 4% a mais na média salarial — revela o presidente do Simecs.
Um dos maiores desafios, entende Spanholi, é com relação a uma melhor formação dos trabalhadores, conduzindo-os para atividades que exigem maior especialização.
— Hoje, a maior busca das empresas é por mão de obra especializada, e que naturalmente, tem um valor de salário melhor. Mas e a mão de obra que não é especializada? É aí que entra o Simecs, na parceria com as empresas. É por isso que vamos nos aproximar ainda mais das entidades do Sistema S (Sesi, Sesc, Senac, Senai), para que o trabalhador possa se especializar.
FOCO SOCIAL
Paulo Spanholi reconhece que as empresas têm se preocupado com a parte social apenas nas duas últimas décadas.
— As grandes empresas começaram mais cedo a se preocupar, mas os micro e pequenos estão enxergando agora que estar mais próximo do colaborador tem um ganho enorme. Porque é importante que o funcionário se sinta parte do negócio, e como se fosse uma família.
Para o presidente do Simecs, além do clima familiar é preciso pensar em alternativas de distribuição da receita das empresas aos funcionários.
— Isso tudo vai fazer do Brasil um país melhor. Temos de pensar que o valor do ser humano é mais do que o trabalho que ele pode exercer.
PERSPECTIVA 2020
A indústria em Caxias é ainda a motor da economia. Na esteira das boas perspectivas do cenário macroeconômico, Spanholi acredita em um crescimento do PIB em torno de 2% a 2,5% para 2020.
— O Brasil tem tudo para crescer, e a nossa região está bem estruturada para o crescimento que vem por aí. Tenho conversado com muitos dos associados, e está todo mundo muito otimista. Me preocupa é se as pequenas e médias empresas estarão estruturadas para receberem esse aumento da demanda que virá.