Leonardo Fernandes, assessor de investimentos. Formado pela Universidade Columbia de Nova York e Universidade de Brasília, é palestrante sobre investimentos e mercado financeiro
O longo eclipse que encobriu a economia brasileira nos últimos anos parece estar chegando ao fim. Os primeiros raios de sol, felizmente, começam a surgir no horizonte. No último dia 3 de dezembro, o IBGE divulgou os dados relativos ao PIB do terceiro trimestre. Os números vieram acima das expectativas dos analistas e demonstram, hoje em dia, um conjunto sólido de evidências para afirmar que o país, finalmente, iniciou uma trajetória de crescimento econômico. Estamos vivendo um momento novo no Brasil e isso traz impacto direto nas decisões de investimentos das pessoas físicas.
A projeção para o PIB de 2020 aumentou para 2,20%, segundo o relatório Focus divulgado pelo Banco Central. O consumo das famílias no terceiro trimestre aumentou em 0,8% e os lojistas tiveram o melhor Natal desde 2014, com aumento de 9,5% nas vendas. O acesso a crédito mais barato e a liberação do FGTS estão impulsionando os gastos dos consumidores. Ao mesmo tempo que a economia real avança, a queda vertiginosa da taxa básica de juros (Selic) para 4,5% ao ano, menor patamar da história, traz novos desafios para os aplicadores e requer profundas mudanças na cultura de investimento dos brasileiros.
Nesse novo cenário muitos investidores se questionam como devem se posicionar para obter a melhor rentabilidade possível, dentro de riscos aceitáveis. Pode parecer desesperador que determinadas aplicações conservadoras não devem nem mesmo repor a inflação do período. O rendimento da poupança está por volta de 3,5% ao ano, enquanto os analistas preveem inflação de 3,60% em 2020. Isso em um país onde os investidores estavam acostumados a obter mais de 1% ao mês de rentabilidade, com baixos riscos.
Apesar de muitos investidores estarem frustrados por terem perdido a expressiva alta da Bolsa de Valores neste ano (mais de 20%), a bem da verdade é que a aplicação nesse tipo de ativo deve estar alinhada ao perfil individual de cada investidor. Continua válida a máxima de que “maior retorno também tem maior risco”. Muitos investidores não sabem, contudo, que existem aplicações de baixo risco que também podem ter ganhos significativos. Alguns títulos do Tesouro Direto tiveram valorização anualizada de mais de 60%, caso o aplicador estivesse disposto a vendê-los antes do prazo de vencimento.
Dito isso, cada investidor possui uma situação única na vida. Uns estão próximos da aposentadoria, enquanto outros estão iniciando a vida profissional. Alguns possuem diversas fontes de renda e maior tolerância ao risco, enquanto outros tem objetivos de estudar fora do país ou precisam contribuir para a formação de seus filhos. Nesse jogo não há certo ou errado, e sim a situação particular de cada um.
Estamos vivendo um novo momento no país e o investidor precisa se ajustar a esse cenário. Não há mágica no mercado financeiro, apesar dos falsos vendedores de ilusão. Os investidores devem estar preparados para estruturar, com o auxílio de um especialista, uma carteira de investimentos diversificada o suficiente para obter os melhores ganhos possíveis, mas que também esteja preparada para suportar momentos de turbulência.