Dentro do ecossistema da inovação, o investidor profissional é uma figura-chave para que as startups consigam transformar ideias de produtos e serviços em companhias milionárias, por vezes bilionárias. Afinal, sem recursos dificilmente o empreendedor tira um projeto do papel. De olho no potencial de retorno financeiro a longo prazo, seja com o recebimento de parte dos lucros ou a venda da empresa para uma companhia maior, investidores dos mais variados tipos estão constantemente em busca de negócios com grande potencial de expansão.
Por mês, dezenas, até centenas, de indicações de startups chegam aos investidores. No entanto, poucos negócios conseguem de fato chamar atenção a ponto de iniciar uma tratativa de parceria. Neste contexto, uma das estratégias mais utilizadas pelos gestores de recursos para garimpar negócios promissores é participar de encontros e feiras. Na semana passada, em torno de 50 investidores estiveram em Gramado para participar de um evento que contava com mais de 100 startups atrás de financiamento.
O paulista Célio Fabiano, da 3in Capital, é um dos investidores que veio à Serra Gaúcha para conhecer startups. Ele atua como investidor-anjo, alocando recursos em negócios que ainda estão em estágio inicial. Fabiano procura negócios que ofereçam soluções na área de atendimento e costuma aportar entre R$ 50 mil e R$ 800 mil, dependendo do perfil da startup.
– Quando o investidor-anjo entra na startup acaba ficando de quatro a cinco anos para depois começar a conversar saída, que ocorre quando a startup é comprada ou recebe um aporte de um seed (investidor ou fundo que aposta em startups mais consolidadas) – diz Fabiano, que acompanha cinco startups.
Em alguns casos, diversos investidores se reúnem sob o mesmo guarda-chuva para apoiar as startups. Assim estão formatadas as aceleradoras, estruturas que, além de verbas, providenciam capacitações aos empreendedores e auxiliam os negócios a encontrarem uma estrutura física. A gaúcha Ventiur Aceleradora, com sede em São Leopoldo, conta com mais de 90 investidores parceiros para direcionar de R$ 150 mil a R$ 350 mil a 30 startups no momento. Até o final do ano, a meta é dobrar o tamanho da rede para 180 investidores.
– Para investir em cinco startups devemos avaliar mais de 300. Nenhum investidor consegue avaliar sozinho essa quantidade. Fazemos o meio de campo para esse investidor, reduzindo o risco do investimento – explica Sandro Cortezia, diretor-executivo da Ventiur.
Há também quem ajuda a financiar negócios inovadores, mas no passado já teve a própria startup. É o caso do paulista Fábio Póvoa, diretor da Smart Money Ventures. Durante 12 anos, ele esteve à frente da Movile, dona da marca iFood, e vendeu sua participação no negócio em 2010. Desde então, começou a aplicar entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões em companhias promissoras. Hoje com oito negócios no portfólio. Póvoa aposta somente em negócios com faturamento mensal acima de R$ 25 mil, em áreas como educação, finanças e softwares de serviços.
Póvoa constata que a maioria das startups acaba não dando certo. Porém, o lucro obtido com aquelas que conseguem decolar, compensa com folga as que ficaram pelo caminho.
– É um negócio de alto risco. A gente modela que mais de 70% das nossas startups vão quebrar, mas outros 10% a 20% do portfólio vai gerar um retorno exponencial, de 80 a 100 vezes o capital investido – constata.