Se a possível mudança de Caxias do Sul à Região das Hortênsias não agrada de forma unânime entidades dos municípios de Gramado e Canela, por parte de quem pertence à Região da Uva e do Vinho, de onde Caxias deixaria de participar, o sentimento que se sobrepõe é a decepção. Embora o processo da alteração ainda não tenha se concretizado, a prefeitura de Caxias já reiterou ser essa uma decisão consolidada e irreversível. A repercussão, no entanto, demonstra que o município torna-se o “patinho feio” da região, independentemente dos desdobramentos que venham a se seguir.
– Atitude péssima e extremamente precipitada. Há sentimento de rejeição dos outros municípios. Nem Gramado quer Caxias lá (na Região das Hortênsias). Sempre fizeram parte daqui, tem Festa da Uva, um monte de tradições culturais que dão essa identidade. No momento em que diz que vai sair da Região Uva e Vinho, está indo contra a história e a cultura local. Foi infantilidade de quem não conhece a história, do que foi feito até agora. Lamentável – desabafa o secretário de Turismo de Bento Gonçalves, Rodrigo Parisotto.
O sentimento de rejeição contamina a relação de Caxias com outros municípios da região que exercem grande representatividade no turismo da Serra.
– Por toda a trajetória, era importante permanecer na região (Uva e Vinho). Nada impede que Caxias participe de feiras junto com a Região das Hortênsias. Flores da Cunha, Garibaldi e Bento, por exemplo, fazem isso, mas somos Região Uva e Vinho. Acho que Caxias deveria continuar participando, afinal, há toda uma história deste vínculo – comenta a secretária de Turismo, Indústria, Comércio e Serviços de Flores da Cunha, Fátima Ortiz.
– Caxias parece um “país” à parte. Não tem participado praticamente das nossas ações. Lamentamos muito. Não se faz uma mudança dessas da cabeça de uma pessoa ou de meia dúzia de pessoas. É uma questão que está enraizada na origem, os caxienses têm de movimentar para resgatar a autoestima e não perder essa característica – afirma o secretário de Turismo e Cultura de Garibaldi, Paulo Salvi.
O que dizem:
“Caxias não é presente em mais nada. No Dia do Vinho, seguramos Caxias por dois anos, as outras cidades pagavam a parte deles. Na Atuaserra (Associação de Turismo da Serra Nordeste), a mesma coisa, não tem participação deles, mas não é por falta de convite. Não dá para continuar carregando Caxias nas costas. Esse é o momento de entender que precisa se unir com todos os outros. Ninguém tem filho desta idade para ficar dando de mamar. Isso (decisão de mudança de região) é de uma tremenda infantilidade, eles (prefeitura de Caxias) precisam entender que Caxias não começou neste governo, foi construída por muitas mãos.”
Rodrigo Parisotto, secretário de Turismo de Bento Gonçalves
“A gente fica chateado por Caxias querer ir para outra região. Procuramos trabalhar a regionalização, um divulgando o outro. Caxias começou esse movimento com a Maria Horn (ex-diretora do Museu Municipal e Arquivo Histórico), de criar esse envolvimento de união. Seria importante estarmos trabalhando unidos para somarmos mais, em vez de dividir.”
Fátima Ortiz, secretária de Turismo de Flores da Cunha
“Caxias tomou uma decisão que prejudica a nossa região. No momento que uma cidade acaba negando sua origem, acaba perdendo sua autenticidade. Lamentamos. Trabalhamos a duras penas para vender a região, o turismo não se faz de maneira isolada. Isso vai trazer prejuízos, principalmente para Caxias.”
Paulo Salvi, secretário de Turismo e Cultura de Garibaldi
Argumentos de Caxias
- O município é limítrofe com quatro dos cinco municípios da Região das Hortênsias e com apenas três dos mais de 20 integrantes da Região da Uva e do Vinho.
- Similaridade com os municípios da Região das Hortênsias vem desde a formação dos territórios.
- Futuro Aeroporto de Vila Oliva produzirá deslocamento do polo regional.
- Pendência na prestação de contas do próprio município de Caxias junto à governança da Região da Uva e do Vinho.
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