O esforço do empresariado caxiense para manter uma visão positiva para o setor para o final deste ano e no decorrer dos anos seguintes foi mostrado no evento que reuniu as principais indústrias em Caxias do Sul, o Seminário Econômico Simecs 2019. O evento que foi realizado no auditório da Câmara de Indústria e Comércio (CIC) na manhã desta quinta-feira (23), teve a finalidade de discutir alternativas para promover o crescimento da indústria caxiense ao longo dos próximos anos. O setor contabiliza, atualmente, cerca de 5,3 mil empresas e tem mais de 50 mil funcionários, movimentando uma soma de R$ 21,2 bilhões de receita anual.
O evento reuniu os gestores de empresas vinculadas ao Simecs que são referência no município: JR Oliveira, Agrale, Marcopolo, Soprano e Randon. Ao longo das apresentações, o discurso dos empresários teve um tom comum, baseado nas perspectivas de um ‘otimismo moderado’ com relação ao desenvolvimento do setor.
Embora as perspectivas firmadas em anos anteriores para o crescimento do mercado não tenham se concretizado, as boas expectativas podem se materializar a partir do cumprimento de várias demandas aguardadas pelos empresários, como as reformas da Previdência e Tributária, além do estímulo ao consumo – por meio de novos financiamentos para a aquisição de produtos – e da amenização do cenário de tensão política que existe no país, atualmente, e que, de acordo com a visão dos empresários, é prejudicial para o setor.
O presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs), Reomar Slaviero, aponta que existe a expectativa de que a agenda de reformas prevista pelo governo federal comece a ser cumprida até o final do ano.
— Pra ser empresário, tem que ser otimista, e queremos acreditar que as coisas podem acontecer e que o governo faça aquilo que tem prometido, pois ainda há esperança. Vamos esperar que ao longo do segundo semestre o governo cumpra as promessas que foram feitas ao longo da campanha, como a reforma da Previdência, que tem que ser feita de um modo correto, além da reforma tributária, para simplificar a arrecadação — aponta.
O diretor do setor de implementos das Empresas Randon, Alexandre Gazzi, destaca que a empresa segue o plano de investimentos firmado para 2019 com a meta de vendas de 53,4 mil unidades de implementos rodoviários até o final do ano. Para 2020, a expectativa é maior: atingir o número de 58 mil unidades comercializadas. Atualmente, 50% do faturamento da unidade corresponde a autopeças para caminhões. A empresa prevê que sejam comercializados em 2019 cerca de 112 mil caminhões.
— Os nossos planos de investimentos, que estudamos lá atrás, não podem ser interrompidos e estamos realmente acreditando que vai acontecer e que o cenário seja positivo. Quando a gente olha pro passado, vimos que já atingimos 190 mil caminhões (vendidos por ano), apesar de sabermos que o mercado estava inflado pelo crédito mais barato. Na medida em que o PIB crescer, essa parte industrial volta, então, tem tudo para crescer ao longo dos próximos anos — prevê.
O economista Thiago Coraucci, que palestrou no evento, destaca que a previsão de crescimento da economia para 2019 é de 1,1%, número que considera abaixo das expectativas. No entanto, segundo ele, a tendência para 2020 é que haja uma elevação desse índice.
— A gente lida com uma incerteza com relação à implementação de uma agenda fiscal importante para o país hoje, é o principal aspecto que tem pesado nas decisões dos empresários. Esse é o principal fator quando a gente pensa em perspectivas, se ela for implementada ou não. É possível, sim, pensar em uma taxa de crescimento maior, se não para 2019, mas para 2020, com certeza.