A Serra Gaúcha vive o ponto alto da colheita de frutas. Tratores, caminhões e trabalhadores avançam pelas propriedades para colher o que foi cultivado por meses. É a economia da região em movimento. Principal atividade agropecuária dos municípios da Serra, a produção de frutas desta safra vai render 1,1 milhão de toneladas. Os dados são daEmater/RS-Ascar - Regional de Caxias do Sul e envolvem 55 municípios.
O volume, no entanto, é menor que a safra 2105/16, quando rendeu 1,4 milhão de toneladas (ver quadro). Isso de deve, principalmente, às condições climáticas de cada safra. Em outubro de 2018, por exemplo, a chuva de granizo destruiu 17 mil hectares das plantações e as perdas chegaram a 250 mil toneladas.
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A crescimento do setor nos últimos 15 anos salta aos olhos. Em algumas espécies de frutas, a área cultivada aumentou quase 80%. É o caso do morangueiro. Em 2005, a área era de 140 hectares. Em 2018, subiu para 250 hectares. O motivo? Técnica de produção simplificada.
O engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar Ênio Todeschini, diz que, em 2008, foi desenvolvida a metodologia de fertirrigação, técnica de aplicação simultânea de fertilizantes e água, por meio de um sistema de irrigação. Além disso, os pés de morangos saíram do chão e foram para a bancada. A técnica humanizou a mão de obra, possibilitando que o manejo e a colheita da fruta fossem feitas em pé.
Outra fruta em que a produção cresce a cada ano é a uva. As parreiras da Serra ocupam uma área de 39 mil hectares. Em 2000 eram 32 mil hectares — crescimento de quase 22%. A previsão é de mais crescimento nos próximos anos. Mas a tendência, segundo Todeschini, é de que os agricultores migrem para a variedade Bordô, pois é mais valorizada no mercado.
De sabor imbatível
A qualidade das frutas da Serra deste ano está imbatível. Quem garante é o agrônomo Ênio Todeschini, que passa a maior parte dos dias em meio às lavouras orientando os produtores sobre como melhorar as técnicas de cultivo.
— A qualidade está cada vez melhor. De excelente paladar — assegura o técnico.
Isso se deve, segundo ele, à profissionalização da agricultura. Os produtores estão modernizando suas propriedades e aderindo ao sistema de cobertura das plantas e do solo. São técnicas sustentáveis que deixam as frutas mais sadias, com menos fertilizantes. Aliás, este é o segredo da boa agricultura, orienta Todeschini.
— A busca pela profissionalização é o caminho para manter o negócio sustentável. Ganha o produtor e o consumidor.
O engenheiro agrônomo da Emater de Nova Petrópolis Luciano Ilha compartilha da mesma opinião.
— Quem ingressou na gestão e produção sustentável vai se manter no campo —ressalta.
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Margem menor
A valorização das frutas no mercado está entre as principais reivindicações dos agricultores. Com o preço dos insumos e mão de obra nas alturas, o produtor vê sua margem de lucro caindo cada vez mais. Em alguns casos, o custo é maior que o preço pago pelo mercado, segundo Todeschini. Na colheita da uva, o que mais pesa é a mão de obra. Um safrista custa, em média, R$ 200 por dia. No cultivo de figos, o custo representa até R$ 1,30 o quilo. Nesta safra o preço médio pago pelo mercado é de R$ 1,50, informa o agrônomo de Nova Petrópolis Luciano Ilha.
Para onde vão
As frutas cultivadas na Serra Gaúcha viajam para os mais diferentes estados. A maior parte vai para o centro do país. Maçã, morango, caqui e pêssego abastecem as gôndolas dos mercados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Brasília. A uva fica quase toda por aqui (95%). Somente parte da de mesa vai para outros estados, segundo a Emater.
Frutas exóticas
As febres de produzir frutas exóticas duram pouco tempo, de acordo com Todeschini. Nos últimos anos, por exemplo, apareceram no mercado espécies como a Pitaya, Atemoia e Lichia. Mas a representatividade ainda é mínima.
— O mercado para as exóticas ainda é muito restrito. É uma tentativa de diversificar a produção, mas a maioria acaba desistindo por falta de conhecimento e baixo consumo.
O que tem boas perspectivas de mercado é a flor Lúpulo (componente básico da cerveja).