O fim da contribuição sindical obrigatória, extinta com a Reforma Trabalhista, descortinou efeitos dramáticos para as finanças de centrais e sindicatos que tentam se adaptar aos novos tempos de vacas mais magras. Em vigor desde novembro do ano passado, o corte derrubou a receita das entidades que representam as empresas e os trabalhadores. Elas foram obrigadas a reduzir o quadro de funcionários, cortar viagens e eventos. Em alguns casos, a queda na arrecadação passa de 70%.
O derretimento foi geral. Sindicatos dos trabalhadores e patronais foram atingidos pelas novas regras. Com menos dinheiro em caixa, os sindicatos fazem campanha para convencer as empresas e funcionários da importância do pagamento da contribuição. Alguns deles recorreram à Justiça para manter a cobrança compulsória.
— A situação está caótica. Tivemos queda de 70% na arrecadação —lamenta o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Químicas, Farmacêuticas e de Material Plástico, Adão Rodrigues.
— Se não conseguirmos reverter a situação, vamos fechar as portas —declara.
Assim como ele, outros dirigentes também estão perdendo o sono. Sílvio Frasson, presidente do Sindicato dos Comerciários, viu a receita despencar de R$ 700 mil para 70 mil, este ano. Enxugou a equipe e lançou uma campanha para aumentar o número de associados que contribuem mensalmente.
— Não está sendo fácil. Tivemos que começar a cobrar pelos serviços assistenciais e acabamos com convênios — destaca.
Desafio diário
A Reforma Trabalhista também tornou optativa a contribuição das empresas aos sindicatos patronais. Antes mesmo de começar a sair da maior crise que se abateu sobre a indústria caxiense, que fechou 21 mil postos de trabalho, o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs) precisou se adequar à nova realidade. A entidade que representa os patrões sentiu o baque das demissões e amargou a redução de 50% na arrecadação de recursos. Precisou desligar pessoas importantes da equipe e reduzir os gastos em 40%.
— Está sendo um desafio manter a qualidade dos serviços — avalia o presidente do sindicato, Reomar Slaviero.
Do outro lado da corda está o Sindicato dos Metalúrgicos, que representa a classe trabalhadora. O presidente Claudecir Monsani não divulga valores da receita, nem dos gastos, mas admite que as demissões e o fim da contribuição reduziram a entrada de dinheiro no caixa pela metade.
— A dificuldade existe. Hoje não se faz nada sem o suporte financeiro —justifica.
Monsani acredita que a situação vai se reverter e que a contribuição voltará a ser obrigatória. Em assembleia, os metalúrgicos aprovaram a continuidade da cobrança do imposto. O processo tramita na Justiça.
—Sem o sindicato, o trabalhador vai ficar refém do patrão.
Confira o que dizem e como os sindicatos estão se reestruturando
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