Feijão de Antônio Prado, laranja de Montenegro, morango de Bom Princípio. Na Feira Ecológica de Caxias do Sul, alimentos orgânicos de diversos municípios gaúchos disputam a atenção do consumidor caxiense. Todos os sábados, agricultores da Serra, do Litoral e do Vale do Caí se dirigem até Caxias para vender seus produtos. Atualmente, 15 das 20 barracas colocadas na Praça das Feiras, no bairro Rio Branco, são de “forasteiros”.
Uma das coordenadoras da feira, a produtora caxiense Andrea Basso, diz que o interesse de agricultores de fora em se inserir no mercado de Caxias do Sul é uma característica que existe desde os primórdios da feira, criada em 1998.
– Geralmente, as cidades de onde eles vêm são pequenas, então em Caxias o mercado é muito maior. É mais atrativo para o produtor – afirma.
A maior parte dos participantes está vinculada a cooperativas, que veem na feira uma importante vitrine para seus associados. A Cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Vale do Caí (Ecocitrus), com mais de 100 associados, é uma das mais veteranas da feira, garantindo presença há 18 anos. A cada final de semana, consegue vender de 120 a 160 caixas de frutas. Um dos responsáveis por cuidar da banca da cooperativa, o produtor Maique Kochenborger, de Montenegro, conta que parte expressiva da renda de sua família vem dos negócios no mercado caxiense.
– Em torno de 20% da renda da nossa família vem da Feira Ecológica – aponta.
Kochenborger também participa de feiras em Porto Alegre, mas destaca que o perfil do público é diferente daquele de Caxias. O produtor acredita que os caxienses têm maior poder aquisitivo e, por isso, são mais dispostos a investir na compra de alimentos sem agrotóxicos, que custam em torno de 30% a mais do que os convencionais.
Alternativa na entressafra
A variedade na oferta de alimentos chama a atenção na Feira Ecológica. Mesmo em época de entressafra de algumas culturas, os produtores buscam alternativas para oferecer ao público e manter a diversidade. É o caso da Cooperativa de Produtores de Morango Ecológico (Ecomorango), de Bom Princípio, que nesta época não tem morango, mas compensa com outros alimentos orgânicos também cultivados por seus associados.
– Trazemos um pouco de tudo, até frango caipira. Como não temos morango agora, trazemos sempre frutas da época – explica Gerson Peter, um dos produtores da Ecomorango.
Desde 2000 na feira, a Ecomorango agrega 13 famílias. Segundo Peter, a cooperativa decidiu focar no público caxiense porque viu que há demanda por produtos orgânicos na cidade.
A FEIRA
Ocorre todos os sábados, das 6h30min às 12h, na Praça das Feiras, em Caxias do Sul. Também ocorrem duas edições durante a semana. Às quartas-feiras, das 12h às 18h, na Rua Santos Dumont (próximo à Escola Emilio Meyer), e às quintas-feiras, das 12h às 18h, no bairro Petrópolis (próximo ao Museu de Ciências Naturais da UCS).
Do banco à agricultura
Em um cenário no qual a maioria dos jovens opta por deixar a agricultura para seguir outras carreiras, Jonas Tondelo, de 27 anos, fez o caminho inverso. Filho de agricultores de Antônio Prado, ele havia optado por não trabalhar no campo. Primeiro, foi seminarista em Caxias do Sul por três anos. Após sair do seminário, conseguiu emprego em um banco, no qual ficou por outros três anos.
No entanto, a situação mudou em 2013. Insatisfeito com o trabalho dentro da instituição financeira, Jonas percebeu que gostava mesmo era do campo. E decidiu voltar para trabalhar com agricultura orgânica junto à sua família.
– Para mim, foi a melhor escolha que poderia ter feito. Resolvi voltar para onde eu vim – celebra Jonas.
Hoje, ele, a esposa e seus pais são responsáveis por tocar a propriedade que produz milho, feijão, alho, cebola, tomate, entre outros alimentos. Todos os sábados, eles participam da Feira Ecológica de Caxias. É dali que vem boa parte do sustento da família, que ainda é associada da cooperativa Aecia.
– Trazemos 80% da nossa produção para a feira em Caxias – conta.
Segundo o jovem agricultor, é possível obter, em média, R$ 2 mil com a venda de produtos orgânicos na feira a cada sábado. Jonas destaca que o fato de vender diretamente ao consumidor final, sem necessitar de intermediários, é fundamental para incrementar a renda da família.
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