As atrações turísticas do Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, atraem turistas de todo o país. Vila Flores, um município com menos de 4 mil habitantes, recebe semanalmente milhares de visitantes. Como consequência, hotéis e restaurantes estão com capacidade próxima aos 100% nesta época do ano.
Enquanto isso, os hotéis de Caxias amargam uma ocupação abaixo de 40% da capacidade. Mesmo assim, este índice é resultado das sobras dos outros municípios. Ou seja, quando esgotam as vagas de Bento ou Região das Hortênsias, os turistas se obrigam a pousar em Caxias.
O presidente do Segh Região Uva e Vinho, Vicente Perini, admite que os hotéis de Caxias ficam com as sobras e reconhece a falta de incentivo para manter o turista por aqui. O município, segundo ele, não sabe explorar o potencial que tem, principalmente, as belezas dos cenários do interior.
Falta de eventos
Com a ausência da Festa da Uva, que deveria acontecer este ano, mas foi transferida para 2019, a situação está ainda pior.
— Faz falta. Se fosse realizada, os hoteleiros estariam mais animados e com perspectiva de ter lotação completa nos meses de fevereiro e março —destaca Perini.
A falta de feiras na cidade também desanima o setor hoteleiro. Enquanto Bento Gonçalves já tem confirmados seis eventos para o primeiro semestre, Caxias do Sul não tem nenhum. A Movelsul já começa a movimentar o setor a partir de março.
O gerente-geral do Personal Royal Hotel, Gerson Martins, lamenta a não realização da Festa da Uva, quando o incremento no setor chega a 30%. Como sobrevir a este período de baixa?
— Temos que trabalhar nove meses e meio para pagar a despesa de 12. Nesta época, apenas sobrevivemos. Muitas vezes não conseguimos pagar as contas, mas não fechamos as portas.
Para Martins, a única saída para o setor hoteleiro de Caxias sair do calvário é a construção de um centro de eventos eficiente.
— Com ele seria mais fácil atrair feiras e grandes eventos. Por enquanto, Caxias é apenas uma passagem. Os turistas só passam por aqui – desabafa.
Perini adianta que está buscando alternativas junto ao poder público para tentar mudar o cenário. Entre as opções está a de melhorar a estrutura do Aeroporto Regional de Caxias e fazer com que os turistas desembarquem aqui e não em Porto Alegre.
Capacidade esgotada
Enquanto isso, no Hotel Vila Michelon, localizado no Vale dos Vinhedos, não tem mais vagas nos finais de semana até março. O cenário se repete no Dall’ Onder Grande Hotel. A programação, que inclui visitação aos parreirais e ao processo de vinificação, garante a movimentação da economia local. A expectativa é receber 90 mil visitantes durante a programação da colheita.
Vila Flores, que conquistou o título de Capital Gaúcha do Filó, recebeu 20 mil visitantes no ano passado. Os 40 alojamentos da da Pousada Santo Antônio Capuchinhos estão esgotados até março e a boa demanda já proporcionou a abertura de uma nova pousada no município.
Vale dos Vinhedos recebe recorde de visitantes em 2017
Em plena época de colheita da uva, o Vale dos Vinhedos contabiliza um novo recorde no número de turistas. Em 2017, a rota de enoturismo superou a marca de 2016, atingindo o número de 415.957 visitantes. Em 2016, recebeu 410 mil visitantes, o que representa um aumento de 2%. Os dados contabilizados pela Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale) superam as projeções realizadas ao longo do ano, que esperava alcançar a marca de 400 mil visitantes.
A medição de fluxo é realizada em pontos estratégicos do Vale dos Vinhedos: empreendimentos abertos a visitação turística – vinícolas e agroindústrias, e no Centro de Atendimento ao Turista do Vale dos Vinhedos, que além de contabilizar o número de pessoas, traça o perfil do visitante que passeia pela região. A maioria são casais ou famílias, provenientes de cidades do Rio Grande do Sul, seguido dos estados de São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Paraná. Em relação aos visitantes estrangeiros, assumem a lista os argentinos e uruguaios.
Os meses de inverno (junho, julho e agosto) continuam sendo os mais movimentados do ano (ver quadro). Mas o mês de dezembro foi o grande responsável pela superação da marca esperada: foram 10 mil visitantes a mais do que 2016, principalmente acumulados no período de festas, em que o roteiro ofereceu diversas opções de pacotes diferenciados em hotéis e pousadas, e já se preparava para a colheita da uva com atrações nas vinícolas.