A partir desta terça-feira, as distribuidoras de gasolina dos postos de Caxias do Sul começam a ser notificadas pelo Ministério Público Federal (MPF), que exige explicações sobre a redução repentina no valor do litro da gasolina comum. Desde a última quinta-feira é possível abastecer a R$ 3,75 em Caxias.
Pesquisa feita na tarde desta segunda-feira pelo Pioneiro comprova que a redução continua nas bombas. A maioria dos postos exibe placas com preço abaixo de R$ 3,80. A partir do recebimento da notificação, as distribuidoras terão cinco dias úteis para se justificar.
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Uma denúncia formalizada no final da última sexta-feira pelo dono do posto São Pelegrino, Jonatas Conti, junto ao Procon Caxias e ao MPF, acusa postos e distribuidoras de dumping – uma prática comercial que consiste em uma ou mais empresas venderem seus produtos, mercadorias ou serviços por preços extraordinariamente abaixo de valor por um tempo, visando prejudicar e eliminar os fabricantes de produtos similares concorrentes no local, passando então a dominar o mercado e impondo preços altos.
O diretor do Procon Caxias, Luiz Fernando Horn, diz que o órgão está fazendo a sua parte. Ou seja, está investigando a denúncia. Ele destaca que é preciso pensar a longo prazo. A ação envolve MPF, Ministério Público Estadual (MPE), Procon e Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
— As atuais promoções são favoráveis momentaneamente para os consumidores. Queremos que os valores sejam reduzidos permanentemente. Se as distribuidoras estão subsidiando os custos, o risco de dumping é alto — diz.
Para o diretor do Procon, as provas apresentadas pelo proprietário do posto São Pelegrino são fortes. Entre elas estão conversas via whatsapp de distribuidoras coagindo donos de postos a reduzirem os preços. Também foram coletadas imagens de uma mesma rede de postos praticando diferentes preços de um município para outro na Serra.
— Se esta coação for comprovada, será considerado dumping. A briga é grande — adianta o diretor.
"Margens de revendas e distribuidoras foram sacrificadas", diz presidente do Sindipetro
O presidente do Sindipetro Serra, Luiz Henrique Martiningui, volta a reforçar que as promoções arrojadas são pontuais. Ele não sabe prever por quanto tempo vão durar os atuais preços nas bombas, mas assegura que a ação está sendo feita em conjunto com as distribuidoras.
— A margem de lucro, tanto das revendas como das distribuidoras, está sendo sacrificada — aponta.
Entre as causas da campanha apontada pelo dirigente, está a queda no volume de vendas provocada pela crise.
Ele explica que com o aumento da carga tributária, anunciado em julho de 2017 pelo governo federal, o litro da gasolina comum passou a custar em torno de R$ 3,70 nas revendas.
— Portanto, sem redução de ganho, inclusive das distribuidoras, não tem como vender a R$ 3,75.