Localizado nos vales e às margens do Rio Caí, o pequeno município de Feliz está na turma do topo do ranking da produção de morangos no Estado. Com 13 mil habitantes, o município ocupa a terceira posição (só perde por Caxias do Sul e Ipê).
As cerca de 200 famílias que vivem da fruta, produzem mais de 2 mil toneladas por ano. Este mês, começa o ponto alto da colheita. As pequenas plantas de folhas verde-musgo estão carregadas de frutas vermelhas e fazem a alegria dos produtores.
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Um rápido passeio pelo interior revela: por lá, todas as lavouras estão protegidas por estufas.
– A produção é garantida. Não há plantações a céu aberto – ressalta o secretário da Agricultura, Gilberto Rauber.
O resultado está no aumento da produtividade por hectare: 45 toneladas. A céu aberto, a colheita seria até 50% menor. Feliz produz morangos o ano todo. Portanto, na considerada entressafra, quando a produção é reduzida, a fruta também circula pelos Ceasas de Porto Alegre e Caxias do Sul.
Atualmente, 35% da economia do município de Feliz está na agricultura. Desses, 20% estão no cultivo de morangos. E a previsão do secretário da Agricultura é de aumentar a produtividade em 5% nos próximos anos. Isso porque a prefeitura incentiva os produtores a construírem estufas e subsidia 30% do custo total. De 2011 a 2017, 174 aderiram à campanha. Resultado: Feliz conta com mais de 1,5 mil estufas.
Produção facilitada
A técnica também está incentivando a manter o jovem no campo. É o caso do produtor Carlos Henzel, 58 anos. Ele só conseguiu manter o filho, Leomar, 32, em casa por causa das facilidades que a tecnologia oferece. Henzel trabalha na agricultura desde 1981. Começou plantando pouco, a céu aberto. A produção não rendia e dependia do clima para colher fruta com qualidade. Em 1996, "quebrou", literalmente.
– Vendi tudo o que tinha. Recomecei do zero – declara Henzel.
Mas não desistiu dos morangos. Em 2008, investiu o pouco dinheiro que tinha na produção de carbonização de casca de arroz – um extrato utilizado no cultivo da fruta. Deu certo. Pouco tempo depois, começou a investir em estufas. Hoje, conta 10 estruturas que produzem cerca de 2,5 mil quilos de morangos por mês.
Ele, o filho, a esposa e mais dois funcionários dão conta do cultivo. Colhem a pequena fruta vermelha duas vezes por semana e essa produção é encaminhada direto para a Ceasa de Porto Alegre. O preço médio é de R$ 3 por caixa de 250 gramas.
– A estufa facilita a produção. Não dependemos do clima, é confortável e podemos colher o ano todo. Além disso, o valor agregado ao produto é incomparável.
"O retorno é garantido"
Romeo Bach, 62 anos, produz morangos desde 1969. Somente há 10 anos começou a produção em estufas. Hoje conta com mais de 10 delas, destinadas somente à fruta. E outras tantas para o cultivo de tomates cereja, pepino, goiaba e pimentão.
– Não abro mão da técnica e do investimento. Não tem como plantar e depender de como o clima vai se comportar. Com a estufa, o resultado é garantido – explica.
Ele colhe 4,5 mil quilos de morangos por mês, o ano inteiro.