Tradicional parceira das tardes ensolaradas de inverno, a bergamota já ganhou as ruas e as gôndolas de supermercados antes da primeira geada. A fruta é considerada a estrela do inverno por ser considerada uma importante aliada no combate a resfriados, devido ao alto teor de vitamina C.
O feriado de Nossa Senhora de Caravaggio também marca o início da colheita da bergamota. A Estrada dos Romeiros é ladeada por vendedores da fruta para os milhares de caminhantes que fazem o trajeto de 20 quilômetros até o Santuário e que acontece neste final de semana.
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Seis municípios da Serra Gaúcha devem produzir este ano mais de 15 mil toneladas de bergamota. Quase duas toneladas a mais da considerada safra média que, em 2014, ficou em 13,5 mil toneladas. Segundo a Emater Regional, no ano passado a colheita também atingiu o índice de 15 mil.
A maior parte da produção é oriunda dos municípios de Veranópolis, Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Antônio Prado, Cotiporã e Vale Real. São 960 hectares de área plantada e 825 produtores envolvidos nesta cultura. A espécie montenegrina representa 70% da produção, que é a mais tardia e começa a ser colhida somente no final de julho. As variedades precoces e que já estão disponíveis nas gôndolas são as Ponkan, Caí (também conhecida como comum) e a Satsuma Okitsu.
O preço pago ao produtor na propriedade gira em torno de R$ 1 o quilo. Quando o preço chega ao consumidor, no entanto, pode atingir R$ 4. Segundo o gerente da Adcointer Ceasa-Serra Ceasa, Antonio Garbim, são vendidas por dia cerca de 300 caixas de 20 quilos. O custo por caixa fica em R$ 20.
Suco inigualável
Para o assistente técnico regional da Fruticultura da Emater Regional Ênio Todeschini, as frutas deste ano estão com ótima sanidade e boa aparência externa, além do sabor adocicado. As boas condições climáticas no período de primavera e verão, com chuvas regulares e bem distribuídas, ajudaram a qualificar a fruta. O engenheiro destaca que o período de desenvolvimento, com noites frias e dias com temperaturas amenas, é favorável à qualidade das frutas, que estão alaranjadas e com um suco inigualável.
– Além disso, estão sendo colhidas no ponto adequado – diz o agrônomo.
Entre as áreas plantadas que vêm crescendo, segundo Todeschini, são as das laranjas de umbigo tardias, como a Monte Parnaso e Lane Late. No Rio Grande do Sul, com o clima favorável, a safra deve ultrapassar as 150 mil toneladas. Grande parte da produção é do Vale do Caí, responsável por 9 mil toneladas. São Sebastião do Caí tem de 215 citricultores, e os pomares da região estão carregados.
“Temos uma boa colheita”, comemora produtor
O citricultor Rafael Potter, 45 anos, cultiva em Vila Cristina duas variedades de bergamota (Ponkan e Caí) e comemora os bons resultados. A colheita, que também envolve a produção de laranjas, vai ultrapassar as 140 toneladas.
– O clima favoreceu a produção. Temos uma colheita boa. Tem anos que a gente faz de tudo para colher, mas o tempo não colabora – afirma Potter.
As frutas abastecem feiras e supermercados da região e o preço varia entre R$ 1,20 e R$ 1,30 o quilo. Há 10 anos ele substituiu seis hectares de parreirais por frutas cítricas. Deu certo. O custo de plantio é 10 vezes menor. Enquanto erguer o parreiral em um hectare de terra pronta custa cerca de R$ 40 mil, o de bergamotas e laranjas custa R$ 3 mil. A base do terreno é a mesma.
– O cultivo é muito mais fácil e as plantas não requerem muitos inseticidas – ressalta.
O maior custo maior está na mão-de-obra. Atualmente, cinco pessoas trabalham na colheita das frutas, que é feita manualmente.
Para celebrar a safra da fruta, a cidade de São Sebastião do Caí sedia a 20ª Festa da Bergamota, que vai até o dia 5 de junho. O evento tem exposições, shows e comercialização da fruta e produtos derivados.
Tipos de bergamota
Caí - Também conhecida como mexerica, é uma fruta cítrica de cor alaranjada e sabor adocicado. A árvore é de porte mediano, com espinhos nos galhos, como forma de proteção, com flores brancas e aromáticas, semelhantes à laranjeira. É a mais conhecida e apreciada das bergamotas da Serra Gaúcha.Maturação em maio/junho.
Satsuma Okitsu - De origem japonesa, tem sido incentivada por instituições de pesquisas agrícolas em diversas partes do Brasil. A principal vantagem da fruta é sua precocidade, o que proporciona a colheita na entressafra. O plantio é recomendado principalmente para o pequeno agricultor, a fim de suprir o consumo no início do ano, quando não há outras variedades disponíveis. Maturação em maio/junho.
Ponkan - Acredita-se que essa fruta surgiu no nordeste da Índia ou no sudoeste da China, chegando ao ocidente por volta de 1800. No Brasil, a primeira referência sobre a tangerina aparece em escritos do padre Manuel Aires de Casal em 1817. Vem da espécie citrus reticulata, com aroma e sabor próprios. Tem gosto mais doce em comparação com as outras tangerinas. Maturação em maio/junho.
Montenegrina - Muito produtiva e rústica. Fruto achatado, doce, casca amarelo-ouro, fina e solta. Maturação em agosto-outubro.