Depois de somar prejuízos por praticamente dois anos, a economia de Caxias, enfim, tem mostrado sinais constantes (e tímidos) de melhora. Desde janeiro, o índice que aponta o acumulado de perdas dos últimos 12 meses vem ficando cada vez menor, passando de queda de 19,3% para 17,4%. Os especialistas ressaltam, claro, que o número ainda é muito alto, mas a tendência aponta para que o pior já passou:
– Ainda temos um bom caminho para recuperar todas as perdas acumuladas, mas as coisas estão melhores. A recuperação está mais devagar do que gostaríamos, mas a boa notícia é essa: o cenário está melhorando – resume Alexander Messias, diretor de Economia, Finanças e Estatística da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC).
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Em relação a junho, a economia de Caxias cresceu 1,6% em julho. No acumulado do ano, as perdas são de 12,3% – resultado "menos pior" do que em janeiro, quando o índice apontava para queda de 18,3%. O desempenho da cidade foi apresentado nesta terça-feira pela CIC e também pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Caxias (CDL).
A indústria, que é disparado o principal setor econômico de Caxias, cresceu 3,2% em julho na comparação com junho, e apresenta queda de 13,8% no ano. Um fator positivo do setor é que o item "compras industriais" teve alta de 15,7% no mês passado, o que mostra que as empresas estão recebendo pedidos ou, então, reforçando estoques.
– O nível de desempenho da indústria é profundamente deprimente, mas ao menos tem sido estável, parou de piorar. O ambiente está mais otimista, mas isso ainda não se traduziu em muitos negócios. Esperamos agora que, com as definições políticas que chegam nesta semana, a situação engrene – avalia Carlos Zignani, vice-presidente de Indústria da CIC.
Para o fechamento deste ano, Messias acredita que o desempenho da economia da cidade deve fechar com índice negativo de até 10%. No ano passado, a queda foi de 18,7%:
– Ainda é cedo, mas a tendência é essa. Pode ser até que a melhora acelere e a baixa seja ainda menor – avalia o economista.
'Se o Temer ficar, é importante que ele não tenha uma postura de candidato'
Grande parte das boas expectativas econômicas para os próximos meses, segundo os especialistas, se deve às definições políticas que chegam com a provável oficialização do governo Temer. Para o cenário otimista se manter, porém, é preciso atitude:
– Se o Michel Temer de fato ficar como presidente, é importante que ele tenha um mandato à la Itamar Franco. Que ele não se porte como candidato, que ele se proponha a aprovar medidas urgentes e importantes. Senão seguiremos vivendo em um compasso de espera – destaca Maria Carolina Gullo, diretora da CIC.
Entre as ações que precisam ser tomadas, os economistas destacam as que são voltadas para contenção de gastos públicos e estímulos à produção.