De todos os números negativos registrados na economia de Caxias no último ano, o saldo de demissões é o que mais tem assustado a população.
Já são mais de 10 mil vagas fechadas no acumulado de 12 meses, o que representa uma queda na empregabilidade de 5,77%. O índice é bem mais expressivo do que as baixas nos percentuais nacional e estadual no período, que são respectivamente de 1,88% e 1,92%.
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As demissões elevadas preocupam também porque em outras crises, como a de 2009, os desligamentos eram mais pontuais e houve até mesmo leve crescimento no saldo geral na comparação com 2008. Já neste ano, com as quedas registradas, Caxias regrediu e agora apresenta o patamar mais baixo de empregos desde 2010 (na casa dos 174 mil trabalhadores). Mas por que, afinal, Caxias tem demitido tanto?
- Mais ou menos a metade dos empregos formais de Caxias está ligada à indústria e a retração se abate com mais força nesse setor. Então a cidade acaba sentindo mais. Além disso, essa perda da massa salarial da indústria reflete diretamente em outros setores, como o consumo no comércio - destaca Adalberto Dornelles Filho, pesquisador do Observatório do Trabalho da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
A análise de Dornelles é confirmada pelos números: praticamente 90% das 10 mil demissões no último ano ocorreram na indústria da transformação. A retração no principal setor da economia caxiense - e que gerou como consequência os desligamentos - se instaurou por uma conjunção de fatores. Getulio Fonseca, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs), enumera por exemplo a falta de confiança no mercado (o que inibe investimentos de bens de capital), os bancos restringindo crédito e as concessões rodoviárias travadas:
- Outro ponto é que antigamente a safra agrícola determinava boa parte das vendas caxienses, mas agora os agricultores investem em silos para armazenar as produções e escolhem a melhor hora para vender. Além disso, outras crises eram mais cíclicas, de curto prazo. Já essa, achamos que estávamos no fundo do poço em 2014, mas estamos tendo um ano ainda pior agora - relata o dirigente.
Conforme Fonseca, o setor metalmecânico empregava 55 mil pessoas na metade de 2013 e, atualmente, conta com cerca de 40 mil empregados. O dirigente avalia que, mesmo quando a crise passar, esses 15 mil empregos não devem voltar na totalidade, já que as empresas estão investindo cada vez mais em processos (leia-se ampliando a automação, otimizando recursos e equipes, e qualificando a mão de obra).
Mercado de trabalho
Caxias apresenta o menor patamar de empregos desde 2010
Queda na empregabilidade caxiense é maior do que em outras crises e supera média estadual e nacional
Ana Demoliner
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