A produção de mel em Caxias do Sul teve uma queda de cerca de 50%. São aproximadamente 10 mil colmeias que produzem, em média, de 15 a 20 quilos cada. Porém, estão sendo colhidos de sete a oito quilos. O problema maior é resultante da floração, aliado ao uso de agrotóxicos. Em 2013, a safra foi normal.
- Temos problemas de produção nesta safra, tem bastante a ver com uso de inseticidas, agrotóxicos, mas também com o inverno que quase no final fez alguns dias de frio intenso, quando a florada já estava querendo abrir. O frio fez com que as flores que abririam na primavera queimassem antes de florescer. Essas flores fizeram falta na hora da abelha coletar o néctar e pólen para a produção de mel. Isso gerou uma queda grande de safra. Vamos colher menos que a metade do normal - avalia o responsável técnico pela Associação dos Apicultores de Caxias, Antônio César Viapiana.
Ele diz que não há mortandade acentuada de enxames, mas acredita que isso possa ocorrer se os apicultores não socorrerem agora as abelhas.
- É preciso inspecionar os apiários e providenciar comida de subsistência, para ter os enxames na próxima primavera. Se não forem tomadas essas providências agora, as abelhas poderão morrer no outono ou no inverno.
Ou seja, é preciso manter as abelhas vivas para ter uma safra no final do ano. Do contrário, as colmeias estarão ameaçadas por falta de comida. Essa alimentação pode ser dada em forma de xarope de água e açúcar e mais suplementação proteica.
Viapiana ressalta que essa alimentação é de subsistência até a próxima florada. Ele acrescenta que o ciclo reprodutivo, a enxameação, é na época da florada, quando há abundância de alimentos. Como não houve uma florada boa, a produção de enxames voadores, que são capturados pelos apicultores, também foi muito pequena.
Em Cambará do Sul, situação está crítica
- Aqui situação está muito crítica - define o presidente da Associação Cambaraense de Apicultores, de Cambará do Sul, Celso Macedo Silveira, atribuindo o problema ao clima, com o verão que chegou antecipado em junho, seguido novamente de inverno e de chuvaradas.
Segundo o presidente da associação, de outubro de 2013 a março de 2014 foi a melhor safra, mas a partir de outubro do ano passado, até agora, ainda não deu mel. A produção em Cambará chega a 350 toneladas, mas a previsão para este ano é de no máximo 10 toneladas.
- É um dos piores anos para mel, se não, o pior. Já não deu mel amarelo e agora não está dando o mel branco, que é o nosso diferencial - acrescenta.
Silveira não atribui o problema aos agrotóxicos, uma vez que, conforme afirma, as lavouras estão a mais de 10 quilômetros das colmeias. Mas ele também se refere à falta de alimento das abelhas, o que pode levá-las à morte no inverno. O município produz, ainda, o melato, que é o mel preto.