Apesar da Secretaria Municipal do Urbanismo garantir que a fiscalização dos ambulantes está mais rigorosa, o comércio informal cresce nesse período do ano no Centro de Caxias do Sul. No sábado, faltando 11 dias para o Natal, o Centro estava abarrotado de ambulantes. Índios caingangues, africanos, nordestinos dominavam as calçadas com produtos que variam de CDs, chips, redes, chapéus, anéis, colares, relógios, brinquedos até celulares.
- Esse custa R$ 25, no shopping um igual é R$ 150. É que eles pagam impostos e eu não. Só tenho que cuidar a fiscalização - propagandeava um africano para a cliente que olhava um colar, próximo da repórter que também se interessava pelo produto.
Os ambulantes se concentram na Avenida Júlio de Castilhos, especialmente entre as ruas Garibaldi e Marquês do Herval. No início da tarde de sábado, apenas em um trecho da Júlio, entre a Garibaldi e Visconde de Pelotas, havia 28 pontos de comércio informal e nenhum tipo de fiscalização.
O comércio tradicional sofre com a concorrência desleal. A frente das Lojas Bulla virou há anos um ponto de vendas dos ambulantes.
- Aqui na frente é quase um mercado persa. Os índios deviam vender o artesanato. Mas estão com mercadoria que trazem não sei da onde. Vendem chapéu, blusas, coisas que nós também vendemos. Esses dias tinha aqui na frente uns caras vendendo guarda-chuva que vão buscar no Paraguai. Não pagam imposto, não pagam nada, eu tenho que pagar funcionário, aluguel, imposto. Comercializam a R$ 10, R$ 12 e eu sou obrigado a vender a R$ 18, R$ 20. Aí eu passo de ladrão porque vendo por mais caro - reclama um dos proprietários, Severino Bulla.
Desde dezembro, quem é flagrado pela fiscalização paga multa mais cara e dificilmente consegue reaver suas mercadorias. Antes, os ambulantes pagavam em torno de R$ 300 e retiravam os produtos apreendidos (menos os falsificados, como CDs e DVDs). Agora, a penalização pode atingir R$ 3,5 mil, e somente ocorrerá devolução dos itens se forem apresentadas notas fiscais.
- Ele só vai recuperar naqueles casos que ele apresentar nota fiscal e se não for reincidente. A gente vai exigir que se faça um termo, que a pessoa se responsabilize por escrito de que não vai mais voltar a atuar no comércio ambulante. Mas isso é exceção. Em regra, não vai ser devolvido porque a gente tem visto que eles raramente têm nota fiscal desses produtos - diz o secretário do Urbanismo, Fábio Vanin.
Comércio informal
Mesmo com lei mais rígida, ambulantes seguem comercializando mercadorias no Centro de Caxias do Sul
Avenida Júlio de Castilhos concentra maior parte dos vendedores
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