Um dos hábitos mais tradicionais dos gaúchos está mais caro de ser mantido. A crescente alta no custo da erva-mate nos últimos meses deixou o chimarrão com um gosto amargo antes mesmo do preparo. Só neste ano, o produto registrou aumento de 32,66%, apontam os dados mensais do Instituto de Pesquisas Econômicas e Socias (Ipes) da UCS. Nos últimos seis meses, a variação real é de 30,80%.
Embora tenha sido mais notável desde janeiro, a ascensão nos preços da erva-mate não é recente. Nos últimos cinco anos, de acordo com informações do Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas (Iepe/UFRGS), o valor da erva-mate subiu 58% em Porto Alegre. Somente no ano passado, o aumento foi de 12,1% (6,3% a mais do que a inflação oficial do país).
Uma das principais causas apontadas para a disparada recente nos valores foi a forte seca do último ano. Além disso, Roberto Birch Gonçalves, diretor do Ipes, explica que as plantações de erva-mate não tem acompanhado o aumento da demanda.
- Com o crescimento do poder aquisitivo de parte da população, o consumo de certos produtos, dentre deles a erva-mate, tem aumentado. Por outro lado, a área plantada desse item não tem crescido de forma substancial - justifica.
Se para quem toma chimarrão esporadicamente o aumento na erva-mate não passou despercebido, para quem cultiva o hábito diariamente o reajuste está pesando ainda mais no bolso. O chefe de gabinete João Uez, 20 anos, e o assessor de governo Adriano Bressan, 32, não passam um dia sequer sem tomar chimarrão. Há cerca de seis meses, os dois têm notado uma alta constante no valor da erva-mate e quilo do produto, que antes não chegava aos R$ 5, agora sempre ultrapassa a casa dos R$ 6.
O impacto para Uez e Bressan só não está sendo maior pois eles dividem a compra mensal do mate com os outros colegas de trabalho. Funcionários da Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Emprego (SDE), a dupla conta que cerca de 15 pessoas tomam as cuias preparadas por eles diariamente, embora nem todos contribuam com o estoque de erva-mate:
- Deixamos os estagiários de fora da reposição, já que eles já ganham menos - brinca Uez.
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