Segundo dados da Secretaria Municipal da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Smapa) de Caxias, existem pelo menos 200 piscicultores na região. A grande maioria desses criadores, porém, vê na atividade apenas uma oportunidade de renda secundária, o que faz com que o setor tenha pouca representatividade na economia local.
De acordo com o técnico regional da Emater Jaime Ries, os criadores costumam vender os peixes produzidos na região prioritariamente nas feiras da Semana Santa. No restante do ano, a maioria utiliza apenas para o consumo próprio ou então vende para conhecidos e a pesque-pagues. Em função dessa pouca oferta, em peixarias e supermercados, praticamente 100% dos produtos vêm de outras regiões ou Estados.
O clima frio é apontado por Ries como um dos fatores para o setor não se expandir na Serra.
- Abaixo de 20ºC, o peixe come muito menos do que o normal. Se fizer menos de 10ºC, o animal chega a parar de se alimentar. Isso prejudica muito o desenvolvimento da criação - explica.
A falta de investimento também é lembrada por Ries como um fator prejudicial ao setor. A maioria dos criadores, lembra o técnico, utiliza recursos hídricos que foram construídos para outra atividade.
Assim como praticamente todos os criadores de peixe de Caxias do Sul, a principal fonte de renda de Adair Ferrazza, 73 anos, não vem da piscicultura mas, sim, da agricultura. Nem por isso, porém, a dedicação dele à atividade é menor do que aquela dada às plantações da propriedade. A prática é considerada um verdadeiro passatempo, revela Ferrazza:
- Continuo com a criação porque gosto. Não daria para se manter somente com isso.
Em sua propriedade de 11 hectares, no distrito de Santa Lúcia do Piaí, Ferrazza mantém três açudes. Atualmente, cria carpa das variedades capim, cabeçuda, húngara e prateada, além de catfish. Os peixes estão em estágios diferentes de crescimento em cada um dos açudes.
- Em um, coloquei os alevinos (filhotes) esse ano. Tem um outro que poderemos pescar daqui a uns dois anos. No terceiro, os peixes já estão em um tamanho bem grande. São esses maiores que vou levar pra feira do ano que vem - projeta Ferrazza.
Embora não goste de pescar, dona Romilda, 71, esposa de Ferrazza, adora preparar pescado nas refeições. Ela, inclusive, tem um segredo para que os pratos fiquem saborosos.
- Tem que fritar sempre com banha para ele ficar macio. No azeite não é a mesma coisa - acredita.
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