Nos últimos anos, cerca de 50 vinícolas de um total de 180 existentes em Flores da Cunha deixaram de produzir porque não conseguiram enfrentar a concorrência. A maioria é formada por pequenas empreendimentos, familiares, que fabricavam a bebida a granel. O preço baixo oferecido pelo vinho comum não-engarrafado, a burocracia e alta carga tributária estão entre os motivos para desistir da produção herdada dos avós. Em toda a Serra, a estimativa é que mais de 100 empreendimentos pequenos ou médios tenham cessado as atividades recentemente.
- O preço do vinho a granel não está compensando. E há o estoque excedente de cerca de 40 milhões de litros. Há um problema de escoamento, principalmente por causa de produtos como coquetéis e sangrias, que imitam o vinho e ocupam o seu espaço - avalia o coordenador da Comissão Interestadual da Uva, Olir Schiavenin.
- Cerca de 60% do vinho produzido hoje é vendido a granel. Com o aumento dos estoques, o preço cai. Alguns pequenos e médios, não tem fôlego financeiro para continuar - complementa a presidente do Sindicato da Indústria do Vinho no Estado (Sindivinho/RS), Cristiane Passarin.
A família do agricultor Roberto Corso, 48 anos, da Linha 60, em Flores da Cunha, fabricou vinho pela última vez em 2009. Possivelmente, a tradição iniciada em 1949 não será retomada.
- Não vale a pena mais fazer vinho. Estava vendendo o vinho mais barato do que a uva - lamenta Corso.
Em seis hectares, o agricultor planta bordô, niágara e isabel, entre outras variedades comuns. Até três anos atrás, essas uvas viraram 110 mil litros de vinho a granel, vendido para engarrafadoras de São Paulo.
- Em 2009, tive R$ 50 mil de prejuízo, então, larguei. Os impostos são altos demais - reclama Corso.
Confira no Pioneiro desta quarta-feira uma matéria sobre o assunto.
Vitivinicultura na Serra
Nos últimos anos, 50 vinícolas de Flores da Cunha fecharam
Concorrência com os importados, com coquetéis de vinho e com grandes empresas causam o problema
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