Pressionado interna e externamente, o governo da presidente Cristina Kirchner começou a ceder. Seis caminhões provenientes do Brasil, carregados com milho em lata, frango e produtos elaborados com carne suína, foram liberados ontem na alfândega de Paso de los Libres, na fronteira com Uruguaiana.
Três caminhões são da Oderich, indústria de conservas com sede em São Sebastião do Caí. A carga, embarcada na última segunda-feira, não havia conseguido ingressar no mercado argentino porque a aduana não recebeu o certificado de livre circulação, exigido pelo Instituto Nacional de Alimentos (Inal) - órgão do governo argentino subordinado à Secretaria de Comércio Interior chefiada por Guillermo Moreno.
Na semana passada, o secretário decidiu restringir a entrada de alimentos industrializados importados que façam concorrência com similares argentinos. A medida não foi oficializada pelo governo local.
O diretor comercial da Oderich, Marcos Oderich, afirmou que a liberação pode significar a retomada das vendas ao país vizinho.
- Tomara que o comércio comece a fluir agora, pois ainda temos 101 carretas para carregar que já foram encomendadas pelos nossos clientes - disse o empresário.
Além de constituir um sinal de apaziguamento com o Brasil, a liberação também pretende acalmar a tensão crescente com a União Europeia (UE). Na quinta-feira, a delegação da UE em Buenos Aires emitiu um protesto enfático contra a ordem verbal de Moreno.
A oposição também entrou em ação e exigiu que o secretário compareça ao Parlamento para ser interpelado de forma "urgente". O pedido foi feito pela deputada Patrícia Bullrich, da Coalizão Cívica. O presidente da União Cívica Radical (UCR), Eduardo Sanz, criticou a medida afirmando que os produtos "sequer fazem concorrência com a indústria local".
Economia
Motivada por pressões, Argentina libera carga retida na Fronteira
Seis caminhões provenientes do Brasil foram liberados ontem na alfândega de Paso de los Libres
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