A famosa "altinha", ou futevôlei, beachtennis e vôlei de praia são quase sinônimos de litoral, mar e verão. No entanto, se engana quem pensa que é só na praia que esses esportes ganham força. Na Serra, mesmo longe do mar, tem quem opte por praticar esse tipo de esporte para manter o corpo em movimento e matar a saudade do clima praiano.
Apesar de não ter a água de coco e o mar para um banho refrescante após o jogo, o clima leve, a interação entre amigos e o bom humor tornam o esporte mais do que apenas uma prática esportiva. É o que relata o protético dentário de 30 anos, Leonardo Benhini, que pratica o futevôlei há cerca de um ano.
— Eu criei muitas amizades nesse meio. É muito divertido, é um esporte que é diferente de qualquer outro. Por exemplo, no futebol, a gente jogava um contra o outro e até brigava. O futevôlei é completamente diferente. Acabou o jogo, senta, conversa, dá risada, resenha... Proporciona muitas amizades. Nesse ano, eu conheci muita gente e é muito bom — resume.
Ele, que optou pelo esporte pela proximidade com o futebol, conta que, para além do gosto pessoal, o bem-estar também foi um dos aspectos em que percebeu mudanças.
— No dia que eu comecei a fazer aula, me apaixonei pelo esporte. Viciei mesmo. Como eu estava um pouco parado fisicamente, foi muito bom pra minha saúde. Em todos os aspectos da saúde, porque quando eu jogo, eu esqueço tudo, todos os problemas e o estresse do dia a dia de trabalho — afirma Benhini.
Foi muito bom pra minha saúde. Em todos os aspectos, porque quando eu jogo, esqueço todos os problemas
LEONARDO BENHINI
Em 2022, o grupo World Footvolley, associação de atletas da modalidade, divulgou uma pesquisa feita pelo instituto Ibope Repucon, com dados do público praticante do esporte no Brasil. Os dados revelaram que entre 110 milhões de brasileiros, 44% declaram-se fãs da modalidade, representando cerca de 50 milhões de pessoas.
Outro dado apontado pelo levantamento é que 50% do público praticante é feminino. 62% tem idade entre 18 e 39 anos. Em Caxias, a modalidade também tem crescido e conta, inclusive, com a Associação Caxiense de Futevôlei, entidade que promove torneios em quadras da cidade.
Clima de praia e amizade
A biomédica Fernanda Batista, de 26 anos, começou a praticar futevôlei em 2022. O que motivou os treinos foi a vontade de participar de rodas e jogos de "altinha" na praia.
— Eu via todo mundo jogando e eu não conseguia nem encostar numa bola, tinha muito medo disso. E aí eu comecei a treinar, pelo menos para poder socializar. Eu não ia pro meio da roda para passar vergonha, aí vim treinar e perdi o medo da bola — brinca.
Comecei a treinar, pelo menos, para poder socializar (na praia)
FERNANDA BATISTA
Essa proximidade entre o ambiente praiano e o esporte é um fator que o professor da modalidade, Alexandre de Luca, também percebe. Com cerca de 40 alunos fixos, ele afirma que os treinos são, também, momentos para descontração entre os alunos.
— Aqui é uma hora do dia que a pessoa tem pra desestressar. É uma hora que a pessoa tira pra ficar mais tranquila, mais à vontade, pisar na areia. O esporte já vem com essa proposta de socializar e ser um meio de lazer. Então, o futevôlei também é para criar outros vínculos de amizade e se sentir bem — destaca.
Alexandre, que é professor desde 2021, percebe que o público feminino também aumentou em Caxias do Sul. Quando começou, relembra que os alunos eram quase todos homens.
— Hoje, o público feminino deve ser quase 50%. Veio crescendo bastante e a mulherada começou a treinar bastante, então esse público feminino começou a tomar conta do futevôlei também.
País do beachtennis
Outra modalidade que caiu no gosto dos caxienses é o beachtennis. Não só aqui, como em todo o país, o número de praticantes tem crescido, conforme aponta a Confederação Brasileira de Tênis (CBT), que estima que o número de praticantes tenha quase triplicado de 2021 para 2023. O CBT estimava 1,1 milhão de adeptos em 2023.
Apesar de diferente, o beachtennis também lembra o famoso frescobol, jogo de raquetes muito comum nas praias no Rio Grande do Sul. Outro fator para popularizar ainda mais o esporte são os campeonatos mundiais realizados no Brasil, em cidades litorâneas ou não, como em São Paulo, em 2023. Em Caxias, a situação é parecida, conforme observa a professora de beachtennis Giordana Fernández:
— O esporte está numa ascensão muito grande. Tem muitas quadras abrindo em diversas cidades aqui da região e fora também. Obviamente é mundial, mas no Brasil, realmente, está crescendo cada vez mais.
O que torna o esporte atrativo, na visão de Giordana, é a facilidade para praticar.
— Já peguei alunos que nunca tiveram contato nenhum com a raquete e já saíram jogando na primeira aula. É divertido, pode jogar em família, pode jogar pessoas de mais idade, de menos idade, crianças e adolescente. Ele é bem inclusivo. É um esporte que é muito fácil de fazer amizades. Todo mundo joga com todo mundo, alguns locais dividem por categoria, outros não, para realmente proporcionar essa integração entre as pessoas — resume a professora.