Quem passa pela Estação Principal de Integração (EPI Imigrante), na BR-116, no bairro Nossa Senhora de Lourdes, já deve ter visto a produção de um mural de arte urbana que retrata a união entre as mais diversas etnias que habitam Caxias do Sul.
A produção da obra — que será integrada à cena urbana caxiense — faz parte da programação do 11º Aldeia Sesc, cujo tema deste ano é Fronteiras. A criação do mural é dos artistas Gustavo Gomes, Cata, Gica, TBK e Franco Poloni, e busca promover uma conscientização sobre a importância da identidade e da história de cada etnia.
A escolha dos personagens, enfatiza Gomes, parte do princípio do respeito às etnias presentes na comunidade caxiense. Para representar o fluxo migratório da atualidade, por exemplo, os artistas escolheram pintar uma mulher senegalesa.
— A gente tem a honra de poder proporcionar para a cidade esse grande mural. Trouxemos a representatividade baseada, também, no que a Aldeia Sesc buscava, com a ideia principal das fronteiras. Trabalhamos um idoso imigrante italiano, um indígena kaingang, uma senegalesa e uma mulher com um bebê no colo — explica.
A "mulher com um bebê no colo", explica Gomes, representa a união de todos os povos.
— O papel fundamental de qualquer ser humano é ser "humano". A partir disso, a gente traz esse olhar. É o reflexo de cada um expresso nesse mural. Então, cada um vai sentir como sua cultura lhe ensinou. E aqui é uma grande mescla de culturas com ou sem fronteiras — resume Gustavo.
Representação e identidade
No último sábado (26), um grupo de 45 indígenas da comunidade Kaingang Fosá, de Lajeado, no Vale do Taquari, esteve na EPI para ver como andava a intervenção artística. Os kaingang estavam em Caxias por conta de uma apresentação de dança e aproveitaram para visitar o local.
— Eles vieram aqui mostrando a força que essa arte tem, com as crianças se vendo representadas nesse mural — pontua Gomes.