Espetáculo contemplado com o Prêmio Anual de Incentivo à Montagem Teatral, da Secretaria Municipal de Cultura, Superfície do Tempo terá estreia neste domingo, às 16h, no Parque dos Macaquinhos, em Caxias do Sul. A montagem é produzida pela Companhia Tem Gente Teatrando, com texto e direção de Fábio Cuelli.
Cuelli também encena, ao lado de Sandro Martins, esta história de um jovem, Olívio, que decide cair na estrada com sua Kombi, a qual chama de Maria Giramundo. O personagem atravessa diversos territórios até chegar à Superfície do Tempo, um local em que futuro e passado se fundem com o presente, e de onde é impossível sair.
- O elemento cenográfico principal é a Kombi (que é uma kombi de verdade). Foi observando suas possibilidades cênicas que a narrativa do espetáculo se desenvolveu, tendo como linguagem principal o uso de máscaras e a manipulação de diferentes objetos cênicos - comenta Fábio Cuelli.
O argumento traz um recado necessário sobre a mudança climática e nossa responsabilidade em mitigar os danos causados ao planeta. Tanto é que o argumento de Superfície do Tempo é livremente inspirado no livro Ideias Para Adiar o Fim do Mundo (2019), de Ailton Krenak, especialmente num trecho em que o ambientalista e filósofo diz: "se durante um tempo éramos nós, os povo indígenas, que estávamos ameaçados de ruptura ou de extinção dos sentidos das nossas vidas, hoje estamos todos diante da iminência de a Terra não suportar a nossa demanda".
- A respeito do que Krenak nos aponta, foi possível começar o processo de criação do espetáculo, para colocar em diálogo o estilo de vida do homem regido pela lógica das cidades (personagem Olívio) e da cosmovisão indígena (personagens Kauê e Raoni), para além da binarismo do que é bom e do que é mau. Gosto de pensar que a personagem principal do espetáculo é a lei da natureza e como ela age e reage em nossas vidas - acrescenta Cuelli.
Além dos atores em cena, a peça também conta com performances dos bailarinos Juliano Vieira e Uelinton Canedo, cujas coreografias contribuem para aprofundar a narrativa essencialmente visual e sonora, uma vez que os personagens não têm falas. A trilha sonora original é de Beto Scopel e os figurinos são de Zica Stockmans, enquanto a artista plástica Lidete Michielin foi a responsável por cenografar a Kombi e os demais elementos cênicos.