Tabuleiros, dados coloridos, cartas de tarô, dragões e personagens em miniatura, adereços, além de lápis, papel e borracha são alguns dos itens usados para dar início a diferentes jornadas nos jogos de RPG. O estilo lúdico do jogo, cuja sigla significa Role Playing Game (em tradução livre, “jogo de interpretação de papéis”), tem atraído pessoas de várias idades para participar do projeto RPG Cultural, evento gratuito que ocorre até agosto no Bloco M (UCS Teatro), em Caxias do Sul.
Diferente de outros estilos de jogos, é comum que não haja vencedores em jogos de RPG. As partidas, entretanto, são repletas de emoção, drama e batalhas que exigem raciocínio lógico dos jogadores, além de planejamento em equipe para atingirem juntos o mesmo objetivo. Durante a temporada do RPG Cultural os participantes poderão jogar Tales From the Loop, O Brasil Colônia, Gurps e o primeiro jogo de RPG a ser criado, Dungeons & Dragons, popularmente chamado de D&D, entre outros.
De acordo com o organizador e idealizador do projeto em Caxias, Roberson Cassol Antunes, a iniciativa começou ainda em 2019 e a expectativa para esta edição é de que três mil pessoas passem pelo UCS Teatro para jogar alguma partida de RPG. Conforme Antunes, jogadores habituados ao universo ou aqueles que nunca ouviram falar do estilo de jogo estão convidados a participar do evento. O RPG Cultural é gratuito, sem necessidade de inscrição prévia.
— O RPG é um jogo de contar histórias de maneira colaborativa, onde cada jogador incorpora um personagem dentro de um contexto histórico lúdico. Ou seja, a pessoa vai entrar em uma determinada ambientação, como por exemplo o Brasil Colônia, e interpretar um português ou um padre jesuíta, e junto com outros jogadores e o mestre, seguir a missão daquele jogo. Então, tudo depende da questão do contexto histórico lúdico envolvido. Nos jogos todos têm objetivos particulares, mas o objetivo maior é que todos alcancem juntos a missão que tange toda a história daquele jogo — explica o coordenador.
Para o desenvolvimento das partidas, os “mestres” mencionados pelo coordenador são aqueles que já conhecem a história de cada jogo, assim como os personagens e, a partir disso, guiam os jogadores. Juntos, a história é montada com a improvisação e interpretação de cada um. Durante o RPG Cultural, para que os participantes possam conhecer as variadas histórias e jogos disponíveis, cada partida dura em média uma hora e meia.
O tempo pré-estabelecido é conhecido entre os conhecedores de RPG como “one-shot”, em que as partidas são curtas e precisam começar, se desenvolver e terminar dentro desse tempo. Partidas normais de RPG não tem prazo de duração e podem passar de horas dependendo da complexidade do jogo e dos personagens.
— Eu escrevi e organizei a partida em forma de textos, dei para os jogadores uma narrativa mais épica, de aventura mesmo, para que eles possam sentir que estão vivendo dentro do mundo do jogo. Também temos várias fichas com personagens que eles podem escolher e eu preparei uma aventura como se fosse um esquema do que acontece caso eles sigam por um caminho e o que acontece se seguirem por outro. Essa é uma forma mais prática já que será uma pequena aventura por ser one-shot — explica Frederico Neves Figueiredo, um dos mestres do evento.
Por dentro da história
Ao contrário de jogos de videogame, por exemplo, onde os jogadores utilizam o controle e todos os jogos comumente terminam da mesma forma, jogos de RPG fazem com que os jogadores se sintam dentro da história de cada um. Ou seja, se o jogo for de fantasia, os jogadores podem interpretar dragões, magos, duendes e outros personagens místicos seguindo a narrativa da história e, se o jogo for de terror, podem interpretar assassinos, polvos gigantes, bruxas e tudo o que compõe o contexto daquele jogo. Pela possibilidade de interpretação de cada pessoa dentro de cada história, nenhuma partida de um mesmo jogo ocorre da mesma forma.
— O RPG não é estritamente ligado ao cosplay, onde os jogadores se vestem como os personagens, até tem quem jogue vestido como o personagem que está interpretando, mas não é essencial. Esse tipo de jogo gera a interação entre as pessoas, estimula a cooperação, o trabalho em equipe e é um método de ensino, porque existe a prática de leitura, escrita, pesquisa e desenvolvimento. E todos os envolvidos precisam entender a história que estão jogando para conseguirem chegar ao objetivo final, e tudo isso impulsiona as pessoas que jogam RPG a vivenciarem uma missão colaborativa e o trabalho em equipe — conta Antunes.
Troca de experiências
Conhecendo pessoas que já tinham o hábito de jogar jogos de RPG, Rodrigo Oss decidiu investigar esse universo da interpretação lúdica das histórias e, desde a primeira experiência, vivenciada há três anos, em Farroupilha, sempre que pode ele vai atrás de novas aventuras. Nessa busca, chegou ao projeto RPG Cultural.
— Cada mesa tem uma história, eu já joguei em mesas de D&D, Tormenta e outros jogos, agora estou aqui para conhecer aqueles que eu não joguei ainda. O que mais vale a pena nesse tipo de evento é jogar tanto com novatos quanto experientes, porque existe essa troca de aprendizados que é bem interessante, tanto para o desenvolvimento dos personagens quanto para toda a dinâmica do jogo — conta Rodrigo Oss.
Durante os sábados de RPG Cultural, Oss e outros jogadores que participarem do evento poderão jogar os jogos disponíveis em uma das 10 mesas organizadas na sala 209 do Bloco M (UCS Teatro). Cada partida pode ser jogada por cinco jogadores e um mestre. Considerando o one-shot, os cenários dos jogos serão definidos e os jogadores receberão a apresentação do contexto histórico narrativo do jogo de cada mesa para chegar no objetivo do jogo dentro do tempo determinado.
Parceria com livraria caxiense
Para incentivar ainda mais a participação dos jogadores e público em geral, a organização do projeto firmou uma parceria com a livraria Santos. Entre as mesas de jogos, um pequeno espaço foi montado com livros, jogos, entre outros itens. Além disso, o local também comercializa produtos para colecionadores.
— Trouxemos o que eles precisam para levar o que aprendem aqui e continuarem jogando em outros lugares, então temos livros, cartas, dados, tudo o que alguém precisa para começar a jogar ou para quem queira aumentar a própria coleção — conta o vendedor da livraria Evald Arboite.
Datas do RPG Cultural:
Aqueles que tiverem interesse de se aventurar pelo universo do RPG podem ir até o Bloco M da UCS, de acordo com o calendário abaixo, em encontros que ocorrem sempre aos sábados, das 14h às 19h. O RPG Cultural é gratuito, sem necessidade de inscrição prévia.
Agende-se
- Maio: dias 11, 18 e 25
- Junho: dias 8, 15 e 22
- Julho: dias 6, 13 e 20
- Agosto: dias 10, 17 e 24