Um acervo de 30 fotografias e 28 peças datadas de mais de 10 mil anos atrás estarão em exposição no Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami, até o dia 31 de maio. A exposição Herança Arqueológica e Indígena do RS, em parceria com o Museu de História Júlio de Castilhos, traz a Caxias do Sul peças que suscita reflexões sobre a presença e também o apagamento histórico dos povos indígenas na região da Serra.
A mostra é composta por peças de cerâmica, cultura de sambaquis e artefatos de pedras polida e lascada do acervo Museu Júlio de Castilhos e por imagens doadas pelo fotógrafo Fernando Pires, produzidas nos anos 2000. A exposição abre nesta segunda-feira (22), com visitação de segunda a sexta, das 10h às 16h.
— O principal mote dessa exposição são artefatos da história indígena do Rio Grande do Sul. A gente apresenta ao público diferentes peças e tecnologias, principalmente de pedra, como pontas de lança, pontas de flecha, machados e estatuetas, produzidas pelos povos indígenas desde 12 mil anos até, mais ou menos, 300 anos atrás — explica Guilherme Maffei Brandalise, mestre em História e curador da exposição.
A exposição itinerante tem como objetivo relembrar e valorizar a presença indígena no município, de acordo com o curador.
— Acho bastante importante essa exposição em Caxias do Sul, porque a história indígena é esquecida. Gerando interesse e trazendo informação para o público, eu acho que dá para difundir esse conhecimento, que é uma coisa bastante importante para a história do Rio Grande do Sul, mas também de Caxias — destaca.
Guilherme, que estudou a presença indígena na Serra, durante o curso de mestrado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), explica que o apagamento da memória dessa comunidade foi uma questão de sobrevivência, pois eles negavam sua identidade para poder permanecer nos territórios.
— A própria colonização, das Américas e aqui da Serra gaúcha, de forma específica, intencionalmente apaga a presença dos indígenas, porque se construiu uma ideia de que a Serra e outros locais eram terras vazias. Fica uma ideia de que os indígenas vivem só no passado, que estão para ser esquecidos — provoca.
Mais ações no Arquivo Histórico
A exposição faz parte de uma ação cultural que abrange uma série de outras atividades. Todas elas convidam o público a refletir sobre a história indígena na região. A programação conta com roda de conversa, exibição de documentário, além da mostra itinerante. As atividades integram o calendário do Dia dos Povos Indígenas, comemorado em 19 de abril.
De acordo com a servidora do Arquivo Histórico, Pâmela Grassi, a ideia das ações programadas é de desconstruir questões históricas que marginalizam os indígenas:
— Quando a gente imagina a história dos povos indígenas, a gente imagina que houve um esvaziamento demográfico aqui na região. E ela acaba retomando através de debates, de registros históricos, de registros arqueológicos para mostrar também que tinha pessoas nessa região da Serra. Então, é importante para a gente também estar desconstruindo algumas questões da história — destaca.
Programe-se
- Mostra Itinerante Herança Arqueológica e Indígena do RS: de 22 de abril a 31 de maio de 2024, de segunda a sexta-feira, das 10h às 16h;
- Roda de Conversa Diálogos de memória: saberes tradicionais indígenas, história e arqueologia: 26 de abril de 2024, a partir das 19h;
- Exibição do documentário Konhun Mág – O Caminho da Volta à Floresta de Canela, seguido de bate-papo: 8 de maio de 2024, a partir das 19 horas.