524 anos depois de Pedro Álvares Cabral atracar diante do Monte Pascal a frota de naus que atravessou por mares dantes nunca navegados, a população indígena no Brasil representa 0,83% da população total do país. Ao todo são 1,7 milhão de pessoas indígenas vivendo no Brasil. Os dados são do Censo Demográfico 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ou seja, está implícito nessa estatística que desde 22 de abril de 1500 tem ocorrido intensa disputa por território na terra brasilis. Vem daí, a luta de indígenas de todas as regiões do país, clamando pelo fim da tese do marco temporal, que restringe os processos de demarcação a terras ocupadas por eles antes da promulgação da Constituição de 1988.
Uma das lideranças da Serra gaúcha, que tem lutado pela derrubada do marco temporal é a cacica Cullung Vei-Tcha Teié, da Retomada Xokleng Konglui, na Floresta Nacional de São Francisco de Paula.
— Nós indígenas cuidamos da floresta, das matas, das árvores, dos animais. Queremos a Mãe Terra viva dentro dos territórios tradicionais.
E ela deixa ainda um recado neste Dia dos Povos Indígenas:
— Aqui é a nossa aldeia, em São Francisco de Paula, que todo mundo conhece como Floresta Nacional. Mas, floresta mesmo, nativa, somos nós, povos originários. Na data de hoje, estamos comemorando o dia do índio, 19 de abril, mas todo dia é dia do índio.
Eu e o fotógrafo Bruno Todeschini fomos até a aldeia xokleng para entrevistá-la. A reportagem você pode ler neste final de semana (dias 20 e 21), no caderno Almanaque.