Centenas de pessoas prestigiaram na noite desta quarta-feira, em Caxias do Sul, os shows que marcaram o encerramento das comemorações pelo centenário do acordeonista Honeyde Bertussi (1923-1996), após um ano de homenagens espalhadas por todo o Estado.
Realizado no Centro de Eventos do Parque da Festa da Uva, o evento contou com a presença de familiares como o filho de Honeyde Bertussi, o arquiteto Paulo Bertussi, e o sobrinho Gilney Bertussi, também acordeonista e filho de Adelar Bertussi (1933-2017). Ambos receberam das mãos do prefeito Adiló Domenico e da secretária municipal de Cultura, Cristina Nora Calcagnotto, o certificado que oficializa a Música Bertussi como Patrimônio Cultural Imaterial de Caxias do Sul.
- Tenho certeza que todos os músicos, em especial os gaiteiros que tocam e tocaram a música Bertussi, estão felizes e honrados e ainda mais motivados a partir deste reconhecimento, para dar continuidade à tradição da música Bertussi - destacou Paulo.
Adiló Didomenico ressaltou o sentimento de gratidão do município em relação aos dois filhos ilustres, nascidos no Rincão da Mulada, distrito de Criúva (à época pertencente a São Francisco de Paula, sendo incorporado a Caxias em 1954), e que se consolidaram como dois dos principais nomes da música regionalista gaúcha. Além de serem os criadores do ritmo conhecido como Bugio (o único originalmente gaúcho), os Irmãos Bertussi são considerados por muitos os pioneiros do típico baile gaúcho, como o conhecemos até hoje.
- Hoje Caxias paga uma dívida de gratidão a essa família, por tudo o que ela representa para a música gaúcha. Fico muito feliz de ver tantos músicos vindo prestigiar esse evento que é um tributo aos pioneiros da música fandangueira - pontuou o prefeito.
Convidado para ser o mestre de cerimônias da noite, o jornalista do Grupo RBS José Alberto Andrade, apresentador do programa Galpão da Gaúcha, da Rádio Gaúcha, saudou o público e, em especial, a família Bertussi:
- Este é apenas o primeiro centenário de Honeyde, cujo legado é eterno e que sabemos que a família irá dar continuidade. Quando houver o segundo, vamos estar numa querência maior aplaudindo, junto de Honeyde e de Adelar.
A parte musical ficou a cargo de nomes como os acordeonista Renato Borghetti, Marinês Siqueira, Edson Dutra, da dupla nativista César Oliveira e Rogério Melo, entre outros que brindaram o público com temas históricos dos Irmãos Bertussi, como "Oh, de Casa", "Cancioneiro das Coxilhas", "Xote da Família", "Sangue de Gaúcho", entre outros. Renato Borghetti, um dos mais ovacionados pelo público, ainda quebrou o protocolo apresentando uma versão de "Felicidade", de Lupicínio Rodrigues, cantada em coro pela plateia. O músico também relembrou uma passagem marcante que teve com Honeyde:
- Eu era criança ainda e estava com meu pai no rodeio de Caxias do Sul. Já tocava a gaita diatônica, mas o Honeyde falou para o meu pai que eu precisava ter um acordeon cromático. No dia seguinte fomos nós três, meu pai, Honeyde e eu, até um luthier de Caxias, chamado Artibando, para encomendar o instrumento, que seria a minha primeira gaita cromática. O Honeyde foi um mestre que sempre pensou à frente e fico feliz por ter essa lembrança linda - comentou Borghetti.
Os solistas da noite contaram com uma banda de apoio formada pelos músicos locais Jaciano Fogaça e Fernando Gomes (acordeon), Valdir Verona (violão e viola), Eduardo Santos (violão), Rodrigo Zilioto (baixo) e Amauri Maciel (bateria). Outro combo que ajudou a abrilhantar a noite e trazer um sotaque mais jazzístico ao repertório dos Irmãos Bertussi, foi o Quinteto de Jazz da Orquestra Municipal de Sopros, formado por Amaury Maciel (bateria), Nino Henz (baixo), Rafael De Boni (acordeon), Tiago Andreola (violão) e Beto Scopel (trompete),
Além dos shows, que se iniciaram por volta das 20h15min, o público pôde conferir uma exposição fotográfica que revisita momentos marcantes da história de Honeyde Bertussi, instalada na entrada do andar inferior do Centro de Eventos. A mostra viajou por diversas cidades ao longo do ano do centenário do músico.
O evento foi viabilizado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura - Lei Rouanet, com produção cultural e coordenação geral de Rúbia Frizzo e direção artística de Robison Boeira.